terça-feira, 31 de dezembro de 2013

2013/ 2014

- Oba! Mais um presente?
- Sim! Abra logo!
- 2014? Por que mais um ano?
- Bem, veja... 2013 está todo velho e gasto!
- Mas Papai, não deveria-mos consertá-lo?
- Não, não. Agora é tarde. Use este novo e esqueça tudo o que você fez de ruim em 2013.
- Mas Pai! Se eu esquecer, como poderei fazer tudo diferente em 2014?
- Somente esqueça. É o que venho fazendo há muito tempo...

O garoto, sozinho, pensou alguns instantes e saiu correndo da sala. Logo, volta com uma caixa de ferramentas que arrasta por todo o assoalho.
Com muito esforço, o garoto remove o último digito de 2013 e substitui pelo número 4, formando assim, em um conjunto de novos números e remendos um humilde 2014.


Sim, é preciso que coisas novas venham, mas também é preciso
olhar para trás para ver o quanto se progrediu, o quanto tudo foi mudado, e
também o que ainda pode ser mudado.
Um novo ano não é feito somente de promessas, mas também de
correção de erros e recuperação de valores que foram deixados de lado 
no ano anterior
Não sei o de vocês, mas meu 2014 será bem remendado.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Il Gigante e la Bambina

"Il gigante e la bambina 
sotto il sole contro il vento 
in un giorno senza tempo 
camminavano tra i sassi... "
Lucio Dalla



Em 2014..

Pinte um muro
Suba em uma árvore
Coma doce de abóbora
Ande de bicicleta
Dance na chuva
Viaje para um lugar diferente
Aprenda uma música nova
Compre livros antigos
Olhe as estrelas
Assista filmes de "época"
Escreva um poema
Desenhe na areia
Dê muita risada
E por último,
Não se esqueça:
Afaste-se de tudo
Aquilo que possa
Te afastar de mim.

Fabiano Favretto

sábado, 28 de dezembro de 2013

Taças

Não sei se foram três.
Foram talvez quatro, cinco ou seis
Marretadas que na cabeça eu senti
Após taças de vinho eu ter tomado.
Mas agora percebi
Que talvez as taças de vinho
É que eu deveria ter contado..

Fabiano Favretto

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Calor

A gota
Na têmpora
Escorre
Esgotando
Os fluidos
Corporais.

O tempo
No calor
Do corpo
Imortaliza-se
Esquentando-nos
Sob o luar.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Não nos desesperemos

Enfim o Natal findou-se!
Mas caros companheiros,
Não nos desesperemos:
Há ainda muito tempo
Para o nosso precioso consumismo.

Fabiano Favretto

domingo, 22 de dezembro de 2013

Vazio

Vazio eu me sinto
De qualquer inspiração.
Não há ideias que apareçam,
Nem sequer motivação.

Mas o que pode-se fazer
Quando uma ideia não aflora?
Sinto uma estranha tristeza
E vontade de ir embora.

Assim as ideias vão,
E talvez não voltem.
Assim como o hoje,
E talvez como o ontem.

Fabiano Favretto

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Ratos não vomitam

Pare com essa sua
Ode à hipocrisia.
Você finge estar com ânsia,
Mas ratos não vomitam.

Pare com essa sua
Intolerância ao incomum.
Você finge estar com ânsia,
Mas ratos não vomitam.

Pare com essa sua
Rebeldia superficial.
Você finge estar com ânsia,
Mas ratos não vomitam.

Pare com essa sua
Auto-flagelação.
Você finge estar com ânsia,
Mas ratos não vomitam.

Pare com essa sua
Cara de piedade.
Você finge estar com ânsia,
Mas ratos não vomitam.

Pare com essa sua
Vida feita de farsas.
Você finge estar com ânsia,
Mas ratos não vomitam.

Fabiano Favretto

Verso

Não é multiverso,
Nem universo.
Somente verso é.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Formidável

Uma tarde formidável
Daquelas para recordar-se.
Um dia ensolarado
Daqueles de admirar-se.

A companhia, eu lhe digo:
Nada deixou a desejar.
Sua presença linda e sincera
Nada mais eu poderia esperar.

Era domingo de dezembro:
Pleno, o verão se fazia.
E num abraço demorado,
Dela eu me despedia.

Mas triste, 
Triste eu não pude ficar.
Quantos domingos hão de vir,
Antes do verão acabar?

Fabiano Favretto

sábado, 14 de dezembro de 2013

Artista

Sou artista
Na arte de amar.
Somente espero
Reconhecido ser
Antes de
Minha vida
Acabar.

Fabiano Favretto

Senha

Gosto tanto
De você
Que chego
A usar
Seu nome
Como senha.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Café

Escrever, escrever!
O poeta pensava.
O café sobre a mesa,
Um ótimo aroma exalava.

E no rádio uma canção de Sinatra:
Natalina a melodia sonava
O coração mal disposto no peito
Em louca excitação palpitava.

Fabiano Favretto

Deve

Seu beijo deve ter gosto
De frutas secas e tâmaras.

Seu cheiro deve ser como
Especiarias e canela em rama.

Sua voz deve parecer
O doce canto do rouxinol.

Seu sorriso deve ser invejado
Pelas estrelas, a Lua e o Sol.

Seu corpo deve ser assim
Grande relevo inexplorado.

Seus olhos devem me ver então
Um louco, um cético desesperado.

Fabiano Favretto

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Um conto de Natal.

Era dezembro. As lojas já estavam abarrotadas de enfeites natalinos, decoradas com luzinhas que piscavam freneticamente em meio às prateleiras. Em frente à avenida principal, o movimento era constante. Como formigas apressadas, as pessoas corriam desesperadas de um lado para outro preocupadas em iniciar os preparativos do natal.
Sentado no banco da praça, encontrava-se sentado um homem, que apenas preocupado estava em observar as pessoas que passavam. Consigo trazia algumas bijuterias que ele mesmo havia feito. Vez ou outra alguma pessoa parava para olha-las, mas raramente compravam. Isto não o deixava triste, tampouco preocupado. Apenas esperava pelo cliente que à qualquer hora poderia aparecer.
Pela avenida, um pequeno menino caminhava pedindo esmola à todos que passavam. Ninguém se importava com a situação do garoto, pois desconfiavam que ele realmente passava necessidades. Órfão de pai e mãe, a única família que possuía era um cachorro vira-lata e pulguento. Isto não diminuía o amor que o menino tinha pelo animal. O menino continuava caminhando e implorando alguns trocados.
Os dias avançavam e a maratona capitalista prosseguia. Em meio ao caos do comércio, pessoas esqueciam de si mesmas em função de uma data que um dia foi importante. Porém, algumas pessoas desejavam viver realmente o natal.
Cambaleando de fome, anda um menino acompanhado de um vira-lata. Quando o garoto chega à praça, já com as vistas embaçadas, procura o primeiro banco para se sentar, mas antes de conseguir, desmaia. O cachorro começa a latir e uivar, e logo começa a lamber sua face.
Com a cabeça doendo, o menino escuta muitas vozes. Parecia em um transe. Quando consegue abrir um pouco seus olhos, nota luzinhas piscando. Se assusta e pensa consigo em que lugar poderia estar. Ele tentou levantar, mas um rosto aparece diante de seus olhos e o adverte mandando-o descansar. O menino apreensivo pergunta:
- Que dia é hoje?
E uma voz amigável o responde:
- É véspera de natal! E já são 11 da noite!
O menino torna a fazer perguntas:
- Onde estou? E onde está meu cachorro?
Novamente a voz o responde, porém, provia do mesmo rosto que o advertira anteriormente:
- Te encontrei desmaiado na praça. Ninguém o socorreu, então o trouxe para meu barraco. Não tenho muito à oferecer, mas o pouco que tenho, fico feliz em dividir contigo. E seu cachorro está ali no canto comendo um pouco de comida que sobrou do almoço.
O menino sorri instantaneamente. Havia muito que não era tratado bem. E o barraco? O menino achara incrível! Era um lugar pequeno, mas muito aconchegante, repleto de calor humano.
O menino indaga:
- Moço, será que eu poderia passar a noite aqui? O menino corou meio sem graça.
O homem responde sorrindo:
- Não só pode como deve! Como é véspera de natal, decidi comprar um frango ali na mercearia. Como havia pouco dinheiro, não foi um dos maiores. - Veja só! Falta 5 minutos para o natal! Vou preparar a mesa.
Enquanto a mesa era montada sob duas tábuas largas, o menino observava, com os olhos mergulhados em lágrimas e agradecia por isso ter acontecido. A hora derradeira chega. O garoto é convidado para chegar perto à mesa e logo começa a comer. Após a ceia, conversaram a noite toda e riram bastante, esquecendo dos problemas que possivelmente amanha voltariam. O cachorro corria pela casa alegremente. A noite foi inesquecível para todos.
O Espírito de Amor não escolhe a riqueza, os melhores presentes ou a melhor ceia. O Espírito de Amor não surge do glamour e da soberba. Em meio à tijolos-à-vista, em um barraco na periferia, um menino, um homem e um cachorro viveram verdadeiramente algo através da fraternidade, união, amor ao próximo e bondade. O amor fraterno renasceu e traduziu-se novamente em uma única palavra: NATAL.

Fabiano Favretto

Crônicas de um Caipira #6

- Estamos aqui na chácara do seu Zéca para relatar mais um estranho avistamento de OVNIS! - Seu Zeca, como isso aconteceu?
- Era di noiti e eu táva indo tirá água do joeio quandu do nada aparece um negocião gigante e paro ali na prantação!
- Como era "esse negocião gigante"?
- Era maisomeno assim como uma tampa de panela. Mas pense numa tampa graúda!
- E depois que a nave pousou? O que aconteceu?
- Saiu um hominho verde e correu bem rapidao pra banda da casinha onde eu ia tira água do joeio.
- Interessante! Conte mais.
- O hominho devia ta apertado. Quando ele saiu da casinha, aceno com a cabeça e saiu voano. Quando fui entra na casinha la tava tudo distruido.
- O E.T. estava apurado pessoal! E vejam que coisa interessante: Ele era marginal! - Prossiga com a história.
- Dispois que vi a casinha distruida mi deu raiva! Vi um vurto vindo pra perto de eu, ai peguei um toco de lenha que tinha perto e bati na cabeça de quem vinha!
- Era outro E.T.?
- Não não, era minha sogra! Mas tava iguarzinha o hominho! Tava com uma pomada verde estranha na cara! Devia se aquelas coisa de beleza que pessoa feia passa na cara!
- Ela desmaiou quando o senhor a acertou?
- Ela só cambaleo e caiu por riba do mato. Mas depois grito com eu: "- Zéca! Sê tá loco? Quando eu me levanta daqui você vai apanhá de vassora!"
- E o senhor o que respondeu?
- Eu respondi maisomeno assim: -"Então vóis mecê veio de nave espaciar?". Mas ai ela retruco: -"Ta me chamano de ET?". Aí nessa hora falei: -"É verdade, ta certa a sinhora! Nunca vi bruxa voando de nave espaciar..."

Fabiano Favretto

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Iô-Iô

Era uma vez
Um iô-iô
Rebelde.
Um dia ele foi,
E não mais
Voltou.

Fabiano Favretto

Eu já sabia!

Eu já sabia!
Não sei porque tentei
Nem porque
Expectativas eu criei.

Eu já sabia!
Todo fim é o mesmo:
O fim
Antes de um começo.

Eu já sabia!
No começo a fé em mim
Tenho perdido,
 assim como no fim.

Eu já sabia!
Não me surpreendi.
E à menor dificuldade
Eu desisti.

Eu já sabia!
Sim, eu já sabia.
Me conformei
Sem alegria.

Eu já sabia!
Eu já sabia!
Eu já sabia!
Eu já sabia!

Fabiano Favretto

domingo, 8 de dezembro de 2013

Tiro

Eis que hoje,
Um tiro no peito
Alvejou-me
Com tão grande força
Que por dentro
Nada sobrou;
Nem sequer sobrou meu coração.
Estou amputado
De meus sentimentos.
Não há prótese 
Que suporte
Amor, esperança e alegria.
Somente,
O vazio permanece
Em mim.
Só há uma coisa
Que agora
Toma conta:
Melancolia.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Lastimei

Sonhei com você.
Não deveria ter sonhado.

No sonho eu te tocava.
Não deveria ter tocado.

No sonho eu te beijava.
Não deveria ter beijado.

Do sonho me acordei.
Lastimei ter acordado.

Fabiano Favretto

Diamantes

Seu coração
É rocha pura.
Mas é em meio
As rochas
Que se encontram
Os mais bonitos
Diamantes.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A ruazinha

Há uma ruazinha
Estreita e irregular,
Onde passa a esperança
E a vontade de amar.

A ruazinha,
De pedra foi trançada,
Desde a pedra bruta
À mais refinada.

Há uma ruazinha
Muito torta e retorcida.
Por todos que nela passam
É despercebida.

A ruazinha,
De seixos foi calçada.
Pedras lisas e robustas
A deixam enfeitada.

Há uma ruazinha
Que é de meu bem-querer.
Triste me sentiria
Se todo dia pela rua ela não descer.

A ruazinha,
Alegre por sentir ela passar,
Faz as flores florescerem
E o céu volta a brilhar.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Volta

Os ponteiros do relógio
Dão voltas.
O mundo dá voltas.
Mas o tempo,
O tempo não volta.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

domingo, 1 de dezembro de 2013

O entardecer no verão

À minha amiga Laura.

O entardecer no verão
É doce como manga madura.
É como correr na campina
Em meio à camomilas e açucenas.
É sentir no rosto a brisa suave
E o cheiro de rosas que consigo traz.

O entardecer no verão
É sentir aroma de frutas frescas.
É atirar pedras no lago
Para vê-las pular por sobre a água.
É não correr da chuva rápida
Que vem somente para refrescar.

O entardecer no verão
É viver cada segundo.
É extrair o bem de tudo.
É andar com quem se gosta.
É toda tarde desejar
Um novo entardecer.

Fabiano Favretto

sábado, 30 de novembro de 2013

Gaveta

Naquela gaveta
N'uma velha escrivaninha,
Em uma caixa empoeirada,
O coração,
O pobre homem guardava.

Só o retirava
Quando escrevia,
Ou quando
A saudade aumentava.

Remoía-se em pesares
Culpando-se
Daqueles males
Que há tempos consigo
Haviam.

Novamente na gaveta
O coração Trancado ele deixou.
Não mais escreveu,
E não mais o tirou.

Mesmo que
Do amor recordasse,
E que a saudade
Apertasse
De uma coisa sabia:

Não há frases,
E nem remendos talvez,
Que um coração solitário
Tornem feliz outra vez.

 Fabiano Favretto

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Plural

Melancolia
É palavra
Que não
Deveria
Ter Plural.
Uma
Já é
Triste
O bastante,
Por sinal.

Fabiano Favretto

domingo, 24 de novembro de 2013

O amor

O amor
Talvez seja mais subjetivo.
Talvez mais direto
Ou quem sabe, indeciso.
O amor
Talvez seja amora silvestre
Que em meio aos espinhos
Cresce suculenta, doce e alegre.
E que quando em tempo exato colhida,
Em tons rosados e rubros
Os lábios da amada enaltece.
O amor
Talvez seja rocha no mar,
Que de onda em onda
Deixa-se esfarelar,
À ponto de tornar-se apenas
Areia e sal.
O amor
Talvez seja finalmente
Ou simplesmente possa ser
Necessariamente amor.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Balela

Tudo isso
É balela.
Só compro livros
Para ver ela.

Fabiano Favretto

Do certo e do avesso

  Do avesso                   otrec oD
  Não te quero                oreuq eT
Não te vejo                   ojev eT
Não te amo                  oma eT
   Nem desejo                 ojesed eT

Fabiano Favretto

Chuva



E ali estava o poeta:
Sentado, pensativo à escrever.
Em sua companhia somente
O papel, a caneta e a chuva.
Cada pingo ou cada letra:
Uma mancha de esperança

Fabiano Favretto

Diálogo

- Voglio a te così come voglio dormire!

- Come si chiama?

- Io mi chiamo Vagabondo!

- *----*

- Che mi parla?

- Andare a dormire! Addio!

- '-'

Fabiano Favretto

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Chuva de verão

Passa rápido
Para poeira abaixar.
Faz barulho, estardalhaço!
Tem cheiro de ozônio no ar.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Sua boca

Proporção áurea;
Sequência cronológica;
Disposição Irrefutável;
Passagem Inacessível;
Caminho sem volta;
Abismo Profundo;
Desejo Incontrolável;
Fruta silvestre;
Néctar dos deuses;
Perfeição sem medida;
Aroma de rosas;
Porta para a felicidade.

Fabiano Favretto

sábado, 16 de novembro de 2013

Pés no chão

"Não tentem subir alto
Como se estivessem subindo
Em uma escada,

Pois escadas quebram
E vocês podem cair.
Olhem o horizonte
E vejam:

Quão longe
Vocês podem ir
Sempre pisando
Em uma base sólida
Que são os pés no chão."

Sergio Luiz Favretto

Agradeço a meu querido PAI por compartilhar o seu poema! Muito legal (:

O bem, o mal, e a temperança.

O BEM: O sorvete;

O MAL: Calor que derrete;

TEMPERANÇA: Ao menos sobrou a casquinha!

Fabiano Favretto

Desbravando

Minha mão percorre
Pedaços do paraíso
Desbravando belos relevos
E a forma de seu sorriso.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Peixe

Era uma vez um peixe 
Que não sabia nadar.
Um dia ele teve medo,
Saiu da água
E morreu no Ar.

Fabiano Favretto

terça-feira, 12 de novembro de 2013

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

sábado, 9 de novembro de 2013

Perdi

Perdi o dom
Que eu tinha.
Das palavras,
Formar poesia.

Dos versos,
Fazê-los em rima.
E das letras
Sentimentalistas.

Perdi a coragem.
Talvez nunca a tive.
Perdi a vontade
De amar-te inclusive.

Perdi o meu chão
E tudo vago ficou.
De tudo o que eu tive
Só a lembrança restou.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Meu primeiro amor

"Meu primeiro amor
Tão cedo acabou
Só a dor deixou
Neste peito meu
Meu primeiro amor
Foi como uma flor 
Que desabrochou
E logo morreu "

Cascatinha e Inhana

Obsessão

"Escrever e escrever"
Pensava consigo
Na obsessão de produzir
Seus textos sem sentido.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Espaço

Minha língua
Foi nave
No céu
De tua boca.

Fabiano Favretto

O som do meu texto

Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec Tec


Tec Tec Tec Tec Tec

Estações

Ah, esses poemas sobre 
as estações do ano..
Pena que em Curitiba 
ninguém os entendem.

Fabiano Favretto

domingo, 3 de novembro de 2013

Ainda me perco em seus olhos

Por serem labirintos profundos.
Por profanarem a fé que tenho em mim mesmo.
Por derrotarem-me como o predador faz com a caça.
Por inebriarem-me como o vinho faz com o jovem.
Por serem o portal para o Éden.
Por tornarem-me incapaz de agir.
Por prenderem-me como a jaula faz com animal feroz.
Por aniquilarem o meu sentimento de culpa.
Por abarrotarem o meu senso de direção. E finalmente,
Por serem a chave onde encontro felicidade.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Raso

Era uma pessoa rasa
Que conheceu outra rasa pessoa.
Rasamente se conheceram
E tiveram um relacionamento raso.
Casaram rasamente
Em uma igreja rasa de convidados,
E com votos rasos o pacto selaram.
Viveram uma vida rasa,
Tendo filhos rasos de educação rasa.
O tempo rasamente passava
Na medíocre vida rasa de felicidade.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Overdose

- Preciso de uma dose fatal de você!
- Está louco? Dose fatal? Jamais farei isso!
- Se não posso ter uma dose fatal de você,
administre em doses pelo resto da minha vida.

Fabiano Favretto

Frustração

Em imagens, como a Hera parecia.
Digo mais: Em essência, 
Parecia uma Titã.

Mas hoje,
Eis que pessoalmente
Singela flor é que parecia.

Verdadeira rosa.
Flor linda e sincera,
De sorriso encantador.

Nem sequer se dava conta
Que a sua beleza 
Aos meus olhos impressionava.

Vislumbrante encontro trágico:
O perfume perfeito 
E o toque sutil da pele.

Um segundo.
Talvez,
Um milésimo de segundo.

Tempo suficiente
Para meu coração
Explodir em mil pedaços

Pedaços de vã esperança.
Expectativas desgastantes
Agora me incomodam.

Expectativas melhor fariam
Se sumissem!
Já é certa a frustração.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

domingo, 27 de outubro de 2013

Biônico

Desprovido de calor humano
Triste vaga o homem biônico,
O qual de sua amada separado
Busca tristemente o sentido de seus circuitos.

Um único órgão humano:
O coração transplantado de um poeta qualquer,
Descompassado e alternadamente
Bate em meio à sujas engrenagens.

Queixas mecânicas,
Sofrimento orgânico,
Confuso estava
O pobre Homem Biônico.

Tal qual relógio de cabeceira
Despertado para a vida de outros,
Queria além de sua função
Amar sem ter problema.

Uma máquina não ama,
É o que todos vem falando.
Mas por baixo dos olhos de lâmpada
Ferrugem por água é formado.

Anos de corrosão chegaram e passaram. 
Enferrujado e amassado o miserável ficou.
Reciclado metal de sua arquitetura
Nova função o indivíduo ganhou.

Aproveitado poucos pedaços
De sua rude estrutura foi feito
Um colar com pedrinhas brilhantes
Estampava da amada querida o peito.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

AMOrTE

A   M  O  R
M  O   R  T
O   R   T   E
R   T    E   A
T   E    A  M
E   A   M  O

Fabiano Favretto

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Stalker

Dia e noite vigiando
Os sussurros de sua mente
Sou o stalker maldito
Que de sua alma se alimenta.

Sei o que faz,
Cada movimento seu.
Sou o vigia atento
De sua triste rotina.

Ouço suas palavras
E manipulo suas ações.
Sou o ventríloco louco
Que te arrasta pelos cantos.

Pareço inocente,
Mas você não imagina:
Sou o seu pensamento suicida
Das noites de domingo.

Tente livrar-se de mim.
Quem sabe hoje não obterá êxito?
Sou a morte oportuna
À bater em sua porta.

Estarei aqui.
Estarei sempre vivo.
Sou o seu pensamento:
O seu legado de dor.

Fabiano Favretto

domingo, 20 de outubro de 2013

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Senhorinha

A mão incerta, tremelicava em movimentos de zigue-zague, no ato de coser a colcha surrada ainda do tempo do casamento. A cadeira-de-balanço rangia a cada vez que a cadeira pendia para trás, produzindo um som engraçado e desafinado.
A senhorinha assoviava enquanto costurava. Logo terminou. As mãos ainda trêmulas percorreram todo o cabelo cor de prata, como se seus pensamentos estivessem espalhados e com este gesto pudesse ordená-los novamente. Apoiou um dos cotovelos no braço da cadeira e com um movimento quase que de preguiça levantou-se. Veio ao meu encontro e me deu um abraço caloroso. Passamos a tarde toda conversando sobre coisas da vida, coisas que aconteceram nos tempos de mocidade. Uma nostalgia tomou conta do ambiente.
Conversa vai, conversa vem e o tempo passou. Eu disse que iria para casa. A senhorinha pegou na minha mão e com um sorriso sincero agradeceu a companhia. Disse há muito tempo não tinha uma conversa boa como aquela, e que provavelmente não mais a teria. Assustei-me com a afirmação e perguntei qual o motivo de ter afirmado tal coisa. Ainda sorrindo, porém desviando o olhar para o chão, disse para eu reparar em seus cabelos brancos. Não entendendo o motivo da pergunta, quis perguntar, mas fui interrompido por ela, que agradecendo a mim, foi me levando em direção à porta.
Agradeci a hospitalidade, acenei com a cabeça e comecei a andar em direção à minha casa. Parei no portão, e olhando para trás, vi na janela a sua silhueta, que em poucos segundo desapareceu na penumbra de sua casa.
Certa manhã, acordei com batidas à minha porta. Levantei rapidamente e fui atender. Olhando em direção à rua não avistei ninguém, mas quando olhei para o chão, encontrei um envelope, o qual peguei e logo o abri. O envelope continha uma foto minha e da senhorinha, e uma carta avisando que a senhorinha havia morrido na madrugada passada. Lágrimas rolaram por minha face e molharam a folha branca do papel, borrando parte do texto escrito em nanquim.
O tempo passou: dias, semanas, meses e anos. A cadeira da senhorinha continua existindo, porém com alguns reparos e algumas peças novas. Hoje quem senta em seu lugar, sou eu. Olho-me no espelho e vejo cabelos brancos. Quando os toco sinto a presença da senhorinha, e parece que a vejo sentada na mesma cadeira, costurando e sorrindo. Há coisas que o tempo faz-nos esquecer, mas também há coisas que nem o tempo consegue apagar.
Vejo o retrato que recebi no envelope aquela vez, no dia posterior ao dia derradeiro, e levo comigo a certeza de que Senhorinha ainda continua viva, em suas histórias, carisma e sorrisos.
Sorrio agora: chegou a hora de partir. Não, eu não vou para casa, eu vou encontrar Senhorinha.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Norte



Perdi meu norte,
Meu rumo acabou.
Perdido no mundo
Sozinho estou.

Perdi minha vida,
Miserável fiquei.
Perdido de tudo
Muito andei.

Perdi minha rota,
Minha bússola quebrou.
Perdido no tempo
O seu perfume ficou.

Perdi minha esperança,
Meus olhos não lhe procuram.
Perdido nos becos
Feridas não curam.

Fabiano Favretto

O que fazer?

Quero falar,
Mas não devo.
Devo falar,
Mas não quero.
Quero querer
E falar não faço.
O que fazer?

Fabiano Favretto

domingo, 29 de setembro de 2013

Enamorado

Posso dizer que me encantei. Não sei como você realmente é, nem o que pensa. Nunca ouvi uma palavra sua. Somente sei que me encantei. Seus olhos fazem-me perder em um labirinto de ansiedade sem fim, e sua boca faz-me querer sempre estar perto de ti, mesmo que a distância não possibilite.
Olho suas fotografias. Meu coração em êxtase dissolve-se. Meus músculos enrijecem pela carência de seu abraço. Meu olfato busca seu perfume em todos os cantos, mesmo nunca tê-lo conhecido.
Permaneço um covarde, um pobre, um vagabundo. Permaneço um Poeta, Anônimo, Enamorado!

Fabiano Favretto

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Gole

De gole em gole
O vinho da taça
Aos poucos
É aniquilado.

O vinho vai,
A taça fica.
Você some.
E agora?

Mais uma taça por favor!

Fabiano Favretto

Sabor da minha infância - Por Giane Favretto

Este texto é de autoria de Giane Favretto (Minha irmã).


Certa manhã.

Certa manhã após meu curso de inglês, passei pela praça da matriz da cidade. Sentei um pouco no banco e comecei a lembrar de momentos que vivi em minha infância. O dia havia amanhecido ensolarado. Então resolvi tomar um sorvete, fui até a banquinha antiga de sorvetes que fica na outra extremidade da praça, em baixo de grandes arvores que fazem uma sombra fresquinha em dias de grande calor. Cheguei e pedi um sorvete, a moça da banquinha me perguntou se eu gostaria de um sorvete de máquina ou de bola, nesta hora eu sorri.
Os sorvetes de máquina marcaram minha infância, meu pai sempre que íamos passear, comprava desses sorvetes de maquina para mim, o qual eu chamava de sorvete de rosquinha. Não exitei e pedi um sorvete sabor abacaxi de máquina. A filhinha da moça da banquinha, deveria ter por volta de uns 5 anos de idade me olhou bem séria e falou:
- Eca, esse sorvete não tem gosto de nada, parece suco gelado, compra outro moça.
A moça olhou com cara de severa e repreendeu a filha, mas eu disse que não precisava se zangar com a menina e sorri. Mantive meu pedido, agradeci e sai. Caminhando, imaginei aquela mesma menininha, já adulta, com a minha idade, indo até a mesma banquinha para comprar sorvete, e uma atendente oferecendo o sorvete de bola que ela mais gosta... E talvez outra criança vai dizer que aquele sorvete não tem gosto nenhum, e talvez ela também mantenha seu pedido, não vai ser culpa dela, assim como não me zanguei com o que a menininha disse, as geração vão passando, e quando a gente se torna adulto muitas vezes não importa o sabor, mas o sentimento e a nostalgia do momento. Foi o melhor sorvete que tomei depois de muitos anos, ele pode ate ser aguado e sem gosto para muitos, mas para mim tem gosto doce e a lembrança linda da minha infância.

Giane Favretto


Muito bom, Gi! E obrigada por deixar eu postar seu texto aqui :P
Beijos :*

domingo, 22 de setembro de 2013

Euforia

Alegraste minha noite
Assim como os pássaros
Alegram um dia quente
De primavera.
Senti-me eufórico
Como se houvesse
Tomado vinho tinto
Do Mediterrâneo.
Mas o que
Impressionou-me
Foram suas poucas palavras,
Que como poesia saíam 
Em esplendor infinito,
Ressoadas pela doçura
De sua boca
E assim gravadas 
No mármore gelado
De sua ausência
Ao que posso chamar de
SAUDADE.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Crônicas de um Caipira #5

- Chapér de páia?
- Tá aqui.
- Vara pra pescá Jaú?
- No borná!
- Minhóca e sagú pra pegá lambari?
- No borná devolta!
- Facão pra matá cobra?
- Na bainha!
- Páia de mío e fumo do bão?
- No borso da jaqueta.
- Pinga da bôa? Daquela arretada de boa?
- Vancê dexo no barranco de novo!
- Intão levamo uma reserva.. vai que tá vazío o litro..
- Tá certo! Pinga no borná!
- Intão vâmo pescá!
- Ô se vâmo cumpádi!

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- Chegâmo no rio!
- Ê belezura!
- Ô cumpádi arcânça a vára e uma minhóca!
- Já arcanço! peraí! Mas, o quê?
- Que foi cumpádi?
- O borná tá cheio de ropa drentro!
- Como assim cumpádi?
- Eu num sei! Bem que eu tava achando levinho levinho...
- Intão vâmo simbóra! Pescá de que jeito sem vára?
- Intão simbóra! Me ajuda a subí o barranco!
- Da a mão! Upa! Ta pesadão né cumpádi?

Quando consegue subir, o litro de pinga que um dia foi esquecido no barranco, cai dentro do rio.

- Êita dróga! perdemo a pinga agora!
- Iii cumpádi simbóra duma veiz então!
- Piór é chega em casa sem pêxe e a véia brigá com a gente!
- Nêm me fale, nêm me fale!
- Vamo inventá uma descurpa pra véia não brigá..
- Ô se vamo! O que pode sê?
- Num sei! Vâmo pensá no caminho!

Os dois compadres vão se aproximando de casa e não pensam em nenhuma desculpa para explicar o que aconteceu.

- Acho que é mió fala a verdade..
- É mêmo.. Mais vamo apanhá da véia!
- Peraí que diácho é aquele negócio?
- É um borná! O nosso borná! Mi enganei!
- Mais você é burro mêmo!
- Ô seus infeliz! Cadé meu borná com as ropa? Fui descê lá no córgo pra lavá ropa e só tinha treco de pesca drento do borná! Me explique isso!
- O infeliz do cumpádi pegô inganado!
- Mas não se preocúpe, deu locúra nos pêxe e ele sairam tudo d'água! Tão tudo frigindo lá dentro já!
- Ô véia que belezura! Vamo entrá cumpádi! Vâmo que tem pexe frigido!
- Ô se vamo!

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- Mais esse pexe tá cum gosto de pinga!
- Tá mêmo! Que que deu?
- E eu sei lá, seus infeliz? Só frigi os pêxe!
- Peraí! Óia no armário! É a garrafa que caiu n'água!
- E não é memo?
- Porque a garrafa ta ai véia?
- Ela veio descendo junto co rio e os pêxe tudo pulando fora d'água! Engraçado que a garrafa tava abrida!
- Hehehe! Êta pinguinha da boa! Se não deu pa tomá, vamo comê com farinha!

Fabiano Favretto

domingo, 15 de setembro de 2013

Selvagem

Selvagem é a minha vontade de te abraçar,
Apertá-la em meus braços
Como num gesto de guardar-te
Dos males do mundo
E prender-te nos confortos de minha afeição.

Selvagem é o impulso
De procurar seus lábios constantemente
Que como uma presa escondida
Ocultos estão
De seu predador.

Selvagem é o tempo
Que mata, cansa e corrói a tudo,
Reduzindo a nada
A distância que juntos andaríamos
Pela estrada da felicidade.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Abobrinha

Quando o assunto em questão se trata de legumes e frutas, é melhor ter paciência:
Temos que resolver os pepinos e abacaxis desta vida,
Ou enfiar o pé na jaca de uma vez!
Agora chega: Pararei com essa mania de falar abobrinhas.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Abacaxi

Comecei este texto pelo título. Talvez seja esse o erro, ou talvez não haja problema no ato e errar. Sabe-se que tenho um pouco mais que uma linha escrita. Agora quase duas. Não importa, continuarei.
Este parágrafo é chato - Pulemos para o próximo.
Continua chato. (Reler parágrafo anterior).
Chato ainda. Acho que vou dormir.. Afinal, quase tudo acaba em abacaxi.

Fabiano Favretto

Planos

Planos: Qual a finalidade?
Se a cada segundo tudo muda,
Não há o porque de lançar
A sorte ao vento.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Caldo de Cana

Do Barigui
O caldo de cana
Refrescante Estava,
E a menina
Não o quis
Dividir.

O caldo de cana
Doce doce
E com limão.
Foi tomado
Inteiro
Pela menina gulosa.

E você se pergunta:
"Porque nada rimou?"
Foi embora a rima
Com a menina
Que com sede
Me deixou.

Fabiano Favretto

domingo, 8 de setembro de 2013

Lua

Lua nova,
Sempre escondida.
São escuras as noites:
Parece perdida.

Lua Crescente
Com tanta esperança
Muito elegante
E com graça tamanha.

Lua cheia
Prateada esfera
De poeira coberta
Com muitas crateras.

Lua minguante
Esvaindo-se vai
Refazendo o ciclo
Nova em folha ela sai.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Foice

A foice quase caiu. Quase foi-se.

Fabiano Favretto

Vai-se

Inspiração,
De mim já se afasta:
Assim rapidamente
Tal qual fumaça.

Sobe ao teto
Em fina linha.
Vai-se embora
Com minha alegria.

Foi para longe
E não volta mais.
Deixou saudade,
Vontade jamais.

Fabiano Favretto

terça-feira, 3 de setembro de 2013

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O sedentário.

O sedentário,
Coitado!
De sede
Quase morreu.

Mesmo com sede
O preguiçoso
Parado
Permaneceu.

Muita preguiça.
Falta de empenho.
Das próprias pernas
Ele esqueceu.

Mas que sorte,
Que este ocioso tem:
O telhado quebrara
E à tarde choveu.

Com a chuva,
A sede matou.
Mas numa bela gripe,
O coitado se meteu.

Das pernas lembrou-se,
E quis da chuva sair.
Fez força e desajeitado,
A perna mexeu.

Envergonhado estava
Da sua atual situação.
Não ser mais ocioso,
Foi o que a si prometeu.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Plebeu

Plebeu,
Mero Plebeu!
Nascido na pobreza
Criado na aventura
Cresça no trabalho.

Plebeu,
Mero Plebeu!
Os nobres nunca saberão
O quão divertida é a plebe.
Quão nobre és tu!

Plebeu,
Mero Plebeu!
Sei que sonhas
Com o sorriso da princesa.
Mas a distância é longa!

Plebeu,
Mero Plebeu!
Discursas em praça pública,
Mas preferes ser anônimo
És humilde!?

Plebeu,
Mero Plebeu!
És covarde!
És ingênuo!
És sonhador!

Plebeu,
Mero Plebeu!
Sonhe menos,
Haja mais!
Vai ser feliz!

Plebeu,
Mero Plebeu!
Coloque sua armadura
De palavras mal forjadas.
E cavalgue!

Plebeu,
Mero Plebeu!
Já a viu sorrir?
Procure-a
E serás nobre!

Plebeu,
Mero Plebeu!
Arrisque!
Pois sua honra
Resistirá por todos os séculos.

Fabiano Favretto

domingo, 25 de agosto de 2013

Moda de Viola

São os tristes versos
Do caboclo matuto
Que na viola ponteia
Deixando-a quase falar.

Traz a lembrança
De amores perdidos
Do irmão querido
E da terra de onde veio.

Moda de viola
Nas mãos idosas é presente
Na juventude é quase ausente
O que será de ti no futuro?

Fabiano Favretto

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Preguiça

Era madrugada de sexta feira. O dia amanhecia preguiçoso, demorando para mostrar a face de luz amarelo-avermelhada proporcionada pelo sol. Os pássaros não cantavam. Nem sequer queriam voar. Era uma sexta feira que acordava lenta, porém constante.
O ônibus demorava. O rapaz impacientemente olhava o relógio como se pudesse parar o tempo. Tinha medo de se atrasar. Ele nunca se atrasara. Em poucos minutos o ônibus chegou, mas para quem está quase atrasado, alguns minutos são pequenas partes de uma eternidade.
O ônibus andava e os primeiros raios de sol adentravam pela janela do veículo motorizado. Sombras transversas se formavam e reflexos desinibidos mostravam cores de tons laranjados. A silhueta da cidade se formava ao longe. O tempo sumira, e o rapaz sentia-se preso a si mesmo em um estado quase hipnótico. Ele não se importava mais.
A rotina continuava, e os caminhos eram percorridos. Era mais uma sexta feira que se originara em meio ao corre-corre do agitado formigueiro humano. Os ponteiros giraram talvez mais lentamente e os ônibus desaceleraram. Ele não se atrasou. O tempo continuou, o tempo nunca existiu.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Crônicas de um Caipira #4

- E tâmo mais uma vêis aqui pra móde fazê o concurso anuár do MATUTO MEDROSO! Vâmo apresentá os concorrente, gênte. Cada um que cá está diga u nomi e purque acha que vái ganhá.

- Mi chamo Zé do medo. To tendo medo por demais da conta de visage e espríto. Crédo em crúiz!

- Só pra lembrá ôceis que o premio é uma leitoa parruda pra mais da conta e doze galinha botadêra. Ê vâmo pro segundo compretidor!

- Mi chamo João medroso. Morrendo de medo de morrê! Dêus me livre de morrê, senão a muié me mata!

- Os concorrente tão forte minha gente! E vamo pro úrtimo concorrente! Peraí, é uma criança?

- Não não seu moço, vim pra móde avisá que o pai não vem pro concurso!

- Mas quar o nome do teu pai? E por que diabos o home não apareceu?

- O nome dele é Juca Valente! 

- Tá bão! e purque o véio não tá aqui?

- Purque o pai tava cum medo de chega aqui e perdê o concurso...



Fabiano Favretto

domingo, 18 de agosto de 2013

Cacos

O piso era feito de cacos, 
Verdadeira composição de mosaicos, 
Traduzida de descartados retalhos
E de lajotas que um dia fizeram sentido.

Mas mesmo quebrados,
Os azulejos em pedaços
Continuaram fazendo o serviço:

Deram à uma senhora
Um chão seguro e preciso
Formando em desenhos aleatórios
Retratos de um tempo esquecido.


Fabiano Favretto

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Te esperei

Em cada esquina, 
Cada rua
E avenida.

Em cada hotel,
Cada casa
Ou bordel

Em cada parque,
Cada praça
E cada bosque.

Pedaços de tempos passados
Foi somente o que encontrei!
Consumido e consumado,
Meu relógio atrasarei.

Fabiano Favretto

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Terças-Feiras

O dia em que a bruxa está solta,
A zica está ao seu lado
E a chance de perder o ônibus
Aumenta em 90%

Fabiano Favretto

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Ar

Poderia ter perdido tempo
Lançando ao ar frívolas palavras de amor
Mas talvez ao ar elas não planassem
Por serem pesadas nuvens de rancor.

Fabiano Favretto

sábado, 10 de agosto de 2013

Batida

Eis que um velho conhecido
Hoje bateu à minha porta.
Já havia o dia entardecido
Naquela ruazinha torta.

Entre uivos e batidas
Lembrava-me com tom zombeteiro
As tantas frias noites
De sofrimento verdadeiro.

Mas passando pelo buraquinho
Daquela imensa porta,
O vento fez-se caminho
E já entrava em minha aorta.

Vento vai-te logo
Entristecer outro coração!
O meu coração já é gelado,
Prefiro a solidão.

Fabiano Favretto

Quebrei a cara...

...Mas não foi a minha!

Fabiano Favretto

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Exagerei?

Exasperei!

Fabiano Favretto

A semente da discórdia

A semente da discórdia foi plantada
No peito de cada um.
É fácil germiná-la,
Eu lhe mostrarei:

Egoísmo é ótimo adubo.
Não esqueça de arar o solo
Com as mesmas mãos 
Que você usa para roubar o vizinho.

Está vendo como é rápido?
Pegue a enxada da miséria,
E faça covas
Rasas de esperança.

Está compreendendo?
Está gostando?
Jogue a semente da discórdia
Junto com um pouco de sarcasmo.

Cubra tudo
Com palavras insignificantes
E regue!
Regue com o sangue de inocentes.

Em breve nascerá!
A discórdia nascerá!
Trará o seu pior lado
em frutos de desumanização.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Blues

Escutando esse Blues,
O nosso Blues,
Eu lembro de tudo aquilo
 Que não vivemos.

Lembro de quando
Não dançamos à luz da lua,
Ou quando não tomamos
Vinho à luz de velas.

Mas era lindo nosso Blues:
Romântico e sedutor.
Não o cantamos,
Nem sequer uma estrofe.

Lembra quando
Passeávamos pelo trilho do trem?
Talvez não se lembre,
Mas estava tocando nosso Blues.

Como estão seus olhos?
Olhando para o horizonte?
Como estão seus ouvidos?
Distantes do nosso Blues?

Nosso Blues:
Doce e singelo Blues!
Retorne a mim
Que cantarei a você.

Fabiano Favretto

domingo, 4 de agosto de 2013

Mãos

Mãos robustas
Que escrevem,
Redigem,
E refazem
A vida.

Mãos sofridas
Que alimentam,
Sustentam,
E nutrem
Famílias.

Mãos calejadas
Que trabalham,
Sofrem,
E encaram
O mundo.

Mãos expressivas
Robustas,
Sofridas,
E calejadas
De dignidade.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Bolo.

Me chamaram para o aniversário,
Acabei dando o bolo.
Porque estão bravos?
Ano que vem compareço.

Fabiano Favretto

terça-feira, 30 de julho de 2013

Cof!

Toda manhã
O Gago Inglês
Entre crises de tosse
Queria somente:
Cof! Cof!  Cof! Cof! Coffee!

Fabiano Favretto

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Silhueta

As luzes ofuscavam meus olhos,
Mas sua silhueta ainda era visível.
Seus contornos oscilantes ao vento
Pareciam fundir-se à tênue brisa da primavera.

É doce esse mistério:
Acreditar em verdades impossíveis
E imaginar um rosto,
De que somente silhueta
Fez-se essência.

Fabiano Favretto

domingo, 28 de julho de 2013

Crônicas de um Caipira #3

- E ocê péga esse saco de mío e carréga até o paió!

- Mas .. Tio!

- Ô subrinho! Força nas pacuera! Só purquê vóis mecê é da cidade grândi nãum qué dizê que não tem força! Vamo, vamo!

- Poxa Tio! Aff! Mas só dessa vez!


E o garoto some na baixada com o pequeno saco de milho em suas costas, e  rapidamente entra no paiol.


-Esses minino da cidade! Tudo molenga que nem palanque no banhado! Não é não, Nhô Chico?

-Se nóis precisasse de modo que esses minino impreitasse na roça.. Nóis murria de fome!

-E não é memo?

-Tudo esquisita essas gente da cidade.. Óia o cabelo do imundice! Tudo na cara! Garanto prá vois mecê que ele não enxerga um parmo na frente do zóio!

-Vai vê ele gosta daquele tar de Diústin Bíbar.. 

-Ou daquele que canta.. NOSSA! NOSSA!

-...Assim ocê mi mata?

-Não, não! (tom de apreensão)

-... Aí se eu te pégo!

-NÃO!

- Então cumé que é? 

-Se ocê naum saí daí, quem vai te pegá é aquela Cascavé !

- Êloco! Sartei de banda!


Nhô Chico puxa a garrucha da cinta e atira na cascavel!


-Deitô na fumaça!

-E não é memo?

- Que tar que cobra criada! Vâmo levá pra casa pra tirá o guizo e o coro dela pra vendê!

-Ô se vamo!


Eles pegam a cobra morta e seguem para casa. Logo a noite cai.


-Tio! Cadê você? Já está tarde! Alguém? Alôô!


O menino fica sozinho e decide dormir ali mesmo abaixo de uma grande árvore.


- O jeito é eu ligar meu MP3 e escutar música até dormir..  aproveito e vejo as músicas que meu primo me passou!



"Você talvez não conhece, o veneno que as cobras têm.

Pois elas quando dá o bote balança o guizo também. 
A cascavel é traiçoeira, quando ela quer se vingar, 
Balança o guizo contente na hora dela picar. 
A urutu é perigosa, de ruim não se manifesta.. ♪♫" *



-Pensando bem, melhor não! Vai que tem uma cobra...

Fabiano Favretto


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Inspiração

Em ti busco inspiração.
Por você tudo fez-se.
Não basta somente uma conversa:
É preciso mais que um pensamento.
Necessito tocar-lhe o rosto
E enxugar suas lágrimas de felicidade.

Tudo será resolvido.
Promessas não valem nada,
E por isso em ti entrego-me
Para que junto a você
Eu permaneça eternamente.

Fabiano Favretto

Viola

Aconchego a viola em meus braços.
Ou o braço da viola que me aconchega?

Fabiano Favretto

terça-feira, 23 de julho de 2013

Por

Por não a ter.
Por te ver e não poder.
Por não poder te ver.
Por não ter o poder de te ver.
Por não ver o poder para lhe ter.
Por ter o poder e não lhe ver.
Por ter.
Por ser.
Por poder.
Por.

Fabiano Favretto

domingo, 21 de julho de 2013

Deprimente

Ah, noites de Domingo..
Por que são tão deprimentes?
Ah, manhãs de Segunda-Feira!
Por mais ensolaradas que sejam,
Ainda prefiro as noites de Domingo.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Dança

E um e dois
E me perco em seu compasso.
E dois e um
Eu te tomo em meus braços.
E um e dois
A temperatura vai subindo.
E dois e um
Seu coração eu vou sentindo.
E um e dois
Estás tão encantada.
E dois e um
Não preciso de mais nada.

Gira, gira!
Para lá e para cá.
Volta à mim,
Terpsícore! 

E um e dois
À seu corpo me fundi.
E dois e um
Meu deleite está em ti.
E um e dois
Onde amanhã andarás?
E dois e um
E quem tu amarás?
E um e dois
A musica acabou.
E dois e um
Seu perfume em mim ficou.

Fabiano Favretto