domingo, 27 de outubro de 2013

Biônico

Desprovido de calor humano
Triste vaga o homem biônico,
O qual de sua amada separado
Busca tristemente o sentido de seus circuitos.

Um único órgão humano:
O coração transplantado de um poeta qualquer,
Descompassado e alternadamente
Bate em meio à sujas engrenagens.

Queixas mecânicas,
Sofrimento orgânico,
Confuso estava
O pobre Homem Biônico.

Tal qual relógio de cabeceira
Despertado para a vida de outros,
Queria além de sua função
Amar sem ter problema.

Uma máquina não ama,
É o que todos vem falando.
Mas por baixo dos olhos de lâmpada
Ferrugem por água é formado.

Anos de corrosão chegaram e passaram. 
Enferrujado e amassado o miserável ficou.
Reciclado metal de sua arquitetura
Nova função o indivíduo ganhou.

Aproveitado poucos pedaços
De sua rude estrutura foi feito
Um colar com pedrinhas brilhantes
Estampava da amada querida o peito.

Fabiano Favretto

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