sexta-feira, 17 de novembro de 2023
segunda-feira, 30 de outubro de 2023
Fim da rosca
quinta-feira, 26 de outubro de 2023
segunda-feira, 25 de setembro de 2023
quinta-feira, 14 de setembro de 2023
Nem rimo
Mais tropeços,
Tanta graça
Que até me esqueço.
Muito passo.
Tanto penso,
Que enrosco o cadarço.
Muito tento
Tanto faz
Já nem ligo mais
Fabiano Favretto
Quinta-feira
quarta-feira, 13 de setembro de 2023
segunda-feira, 4 de setembro de 2023
mas não o suficiente
quarta-feira, 23 de agosto de 2023
segunda-feira, 14 de agosto de 2023
O voo
Belos sonhos não são suficientes
Para um ser que em si mesmo viu alma.
Pela janela observo pássaros que voam
Em seus próprios sentidos existentes.
Deles invejo uma possibilidade gigante
Que não me cabe por hora.
A busca de significado
É implacável e me devora:
Meus genes não me deram asas,
Mas sim várias penas
Que um dia serão pagas.
Do alto vejo uma possibilidade gigante:
Homem é menos que bicho,
E instintivo é mais que pensante.
Fabiano Favretto
quinta-feira, 3 de agosto de 2023
Onde foi meu dia?
Onde foi meu dia?
Devo ter copiado de ontem
E colado em uma planilha!
Mas eu não vi meu dia:
Entre uma reunião e outra
O contato com o tempo eu perdia.
Acordei, almocei.
O sol adentrou pela janela
E me assustei.
A tarde vai acabando
E o dia eu nem vi
Findando.
Onde foi meu dia?
Mais um se foi
E o que eu fazia?
Só sei que o tempo ia
E eu parei agora
Poesia.
Fabiano Favretto
segunda-feira, 17 de julho de 2023
Download
A descarga:
O rugido do monstro porcelânico,
Engole tudo o que é dejeto,
Tudo o que é antagônico.
E na madrugada,
Na profunda fossa,
Ouço o timbre das gotas:
No alto,
O monstro está a preparar-se
Para mais um descarrego.
Fabiano Favretto
Tragos verdades
Exasperado e impaciente
Desejo passar agora os dias que não vieram,
Pois meio que inconsciente
Eu sinto que não vivi nem os dias que passaram.
O tempo é meu Karma
E o medo do amanhã é presente;
Ora, qual a grande arma
Para matar o tempo de hoje e sempre?
Sinto agora a minha boca amarga,
E o peso ainda é grande sobre os meus ombros.
Muito me foi tirado em escala larga
Deixando em mim somente escombros.
A brevidade da vida me assusta
E a morte tem andado a passos largos.
Como poderia eu, de forma astuta
Encarar a realidade sem tomar uns tragos?
Fabiano Favretto
sábado, 8 de julho de 2023
quinta-feira, 29 de junho de 2023
Rigor Mortis IV
I - Mãos atadas
O homem segurava um copo de uísque
Sem gelo e sem piedade.
Após um gole deixou a metade
Assim como o seu próprio enfoque.
Um zumbido permanente incomodava
O violeiro que sentado, uma explicação ouvia.
Com um desconforto ele permanecia
Enquanto na proposta ele pensava:
"Ouvi dizer que você é caboclo valente,
Que de visagens e feras medo não têm,
Então digo que teus serviços a mim convêm
Neste momento de causas latentes.
Não leve a mal as mãos amarradas,
Precisava trazê-lo a mim rapidamente,
Mesmo que de maneira inconveniente
Na forma de uma emboscada.
Vejo que leva consigo estes medalhões
Que muito me deixaram intrigado.
Então ouça o que direi, mas com cuidado
Não repetirei novamente estas informações!
Porém antes, se comigo concordar
Em manter o mínimo de inteligência,
Agirei também com coerência
E eu mesmo irei te soltar".
II - Pensamentos
O violeiro só pensava na viola
Que no momento não estava consigo
E na chance que havia surgido
De concluir a sina que o assola
"Sei no que está pensando agora,
Mas fique tranquilo, eu te digo:
Sua viola está segura comigo,
Após nossa conversa tu a leva embora."
Levantados à claridade do dia,
Os medalhões causaram reflexos
Criando desenhos complexos
Na mesa que na sala havia.
O violeiro então falou:
"O que é um fósforo em meio o inferno?
E para que esse demorar eterno
Vamos, diga o que farei, e logo eu vou!
Devolva a minha viola e os medalhões,
E me explique logo o que pretende,
Meu tempo é curto, sei que você entende,
Então chega desses seus sermões!"
"Ora, ora, alguém aqui está bravo!"
Respondeu o homem com uma risada,
Seguida de uma cara fechada
Enquanto acendia um cigarro.
III - A proposta
"Estávamos te observando
Enquanto você sozinho tagarelava
E da árvore a viola tirava.
Achamos isso bem estranho.
Aproveitando sua distração,
Meus capangas o cercaram,
A viola de ti tomaram
E a mim te trouxeram, então.
Sou um homem de muitas ambições,
Ambições deste e de outros mundos.
Sei que você tem interesse profundo
Em consertar certas questões...
Então te digo algumas informações:
Das bestas que tu procuras,
Tenho interesse em duas,
Te mostrarei delas as localizações.
Tu me trará aceso neste lampião
O fogo que delas surgir quando as matar,
Mas preste atenção, não deixe o fogo apagar
Senão todas suas tentativas terão sido em vão.
Deverá pegar o trem que sai às onze
E desembarcar na cidade da louça.
Vá até o cemitério, feche os olhos e ouça
O farfalhar de asas na cruz grande."
IV - Justa
"Aceita esta proposta?
Estamos assim pois não houve outro jeito
Quero que saiamos satisfeitos,
Acredito que é uma oferta justa"
"Justa é uma palavra forte
Para um homem que está amarrado.
Vamos, me solte rápido,
Aceito a proposta, não aceito a morte.
Caso eu não consiga trazer as chamas,
O que você fará então?"
O homem vira de costas e olha para o chão,
E em uma voz rouca exclama:
"A morte seria lucro para você,
Se não trouxer o que peço;
A pena que eu te ofereço
É algo pior do que o diabo pode oferecer...
Mas não se preocupe agora,
Eu saberei de tudo o que acontecerá!
Tenho olhos e ouvidos lá
Então não poderá fugir desta obra"
Após olhares trocados,
O homem solta o violeiro, que fraco se levanta
Entrega a viola e para a porta aponta
Lá fora está um dia ensolarado.
V - O Sol, a fome e o pão
Sentiu-se traído e com ódio reprimido.
Sentiu-se completamente sozinho,
Sentiu o sol no caminho
Sentiu-se até pelo diabo esquecido.
Chegou o final da tarde e o sol baixava.
A paisagem era bela, mas incerta
A estrada era longa, porém estreita.
Chegou a noite e a lua no céu se encaixava.
Eram nove horas,
A estação de trem estava perto,
Porém a fome causava aperto
Não comia havia eras.
Chegou na estação,
Mas a fome chegou primeiro.
Sentiu um bom cheiro,
Que vinha de um balcão.
Não tinha nenhum trocado
Para comprar uma refeição,
Quando estava desistindo, então,
Alguém apareceu ao seu lado,
E logo se retirou.
Deixou com o violeiro um pacote,
Com um pão, uma passagem e um bilhete:
"Pão que seu contratante amassou."
VI - Cruz grande e penas
Comeu o pão, engoliu incertezas,
E ouviu o trem chegando na estação.
Segurou a passagem com as mãos
E entregou no guichê sem delicadeza.
Estava sozinho no vagão,
Parecia uma longa viagem.
Era o único personagem
Daquela locomoção.
Onze e trinta quatro,
Onze e quarenta e sete.
A estação então aparece
E o trem diminui o passo.
Da estação do trem via-se
A cidade da louça que silenciosa dormia,
Mas o violeiro muito acordado e em agonia
Para a direção do cemitério voltava-se.
Adentrou o cemitério,
E andou até a cruz grande.
Encarou-a por um instante
E seus olhos fechou, sério.
Ouviu um farfalhar de penas
E abriu os olhos rapidamente;
Viu um anjo com asas resplandecentes,
Mas as asas eram pretas!
Fabiano Favretto
quarta-feira, 24 de maio de 2023
Caí da cama
Desprender-me
Assim como uma folha faria,
E despencar-me
De um sonho
Em grande queda livre.
Do céu ao chão
Meu corpo é vento
Rompendo em ondas
De atrito e caos.
Fabiano Favretto
quinta-feira, 20 de abril de 2023
Bate
À minha companheira maravilhosa, Karoline.
Você sabe quando bate:
Um dia você está distraído
E pow!
Encontrou o amor de sua vida.
Não é escolhido, apenas bate.
Foge do controle,
Foge da essência da racionalidade.
Mas bate forte,
Mas tão forte,
Que chega doer.
Se causasse hematomas,
Seria eu uma berinjela.
Depois que você recebe a pancada,
Esquece de todas as outras dores.
Para quem batido foi de bom grado,
Certamente o que é mais porradas?
Bate forte como deve bater,
Mas sem nenhuma violência.
O amor bate com certeza
Na batida do sem doer,
E assim vai me batendo,
Todo dia, toda hora.
Latente, síncrono,
Em compassos periódicos
O amor na batida se aprimora.
Podem-se passar anos, décadas,
Que o amor continua me batendo no ritmo certo:
Tenho a melhor compositora.
Fabiano Favretto
sexta-feira, 10 de março de 2023
Carrilhão
Vivo eternamente no passado
Dos dias que um dia virão,
E mesmo assim despreocupado
Sinto que não piso no chão.
Pulo semanas em uma tarde,
Chega a noite e se foi o verão.
Um ano passa como se não
Fosse eu um covarde:
O tempo mesmo não se importa
Com todo esse desafinado alarde
Da vida involuntariamente torta
E que ruidosamente tem esse efeito
Nas engrenagens velhas
Do carrilhão do meu peito.
Fabiano Favretto
2d
terça-feira, 10 de janeiro de 2023
(M)Eu
Sequei
Eu matei
Minha poesia,
Valor não dei
Enquanto tinha.
Eu vacilei,
Passaram os dias
E assim sequei
Não escrevia.
Fabiano Favretto