quarta-feira, 31 de maio de 2017

Perdi

Perdi a minha semana
E não sei qual foi a data.
Não quis recuperá-la:
Minha sina não me engana.

Perdi a minha vida,
E não sei qual foi a ocasião;
Mas pelo sim ou pelo não,
Já preparei a minha ida.

Perdi a direção,
E não sei qual era o tempo,
Mas o meu coração

Está solto como o vento
E sem intenção
De buscar certo alento.

Fabiano Favretto

domingo, 28 de maio de 2017

Faz sentido

Por que sofrer
Até faz sentido,
Porque estar vivo
Não é só viver.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Flor de pedra

És flor rochosa,
Pétrea roseira no campo.
De cristal é seu encanto,
E és também flor cheirosa.

Flor esculpida
E não germinada,
Foi no formão talhada
E não corrompida.

Porém és gelada
E na lisa superfície
Amalgamada,

Livre de toda imundície,
E assim tão amada
Não há quem não aprecie.

Fabiano Favretto

terça-feira, 23 de maio de 2017

domingo, 21 de maio de 2017

Todo grito é válido!

Faria muito mais sentido
Ouvir o que o povo pede!
Repensar os próprios atos,
A pressão a barreira cede.

Tentativas após tentativas
Eles buscam o poder.
Mas deles, as ações são destrutivas,
Estamos prestes a nos perder...
Resta a nós gritar, não podem nos vencer!


Fabiano Favretto

sábado, 20 de maio de 2017

É via

O fato é
Que o amor
É via de mão dupla.
Por que andas na contramão?

Fabiano Favretto

Devasto

O problema é este coração vasto:
Potencial morada para a dor.

Fabiano Favretto

Sempre não

Tens sido a causadora e o motivo
De minhas vãs esperanças,
Mas tenho somente lembranças
De ter um dia estado contigo.

Estou deveras cansado
De a você ter dado chances,
Pois até hoje nada me garantes
E eu estive tão preocupado.

Mesmo que eu sinta sua falta,
Não mereces a minha atenção!
Minha vontade de você era alta,

Mas você nem sequer fez menção
De um afeto (o meu se sobressalta):
O que tens me dito é sempre um "não".

Fabiano Favretto

terça-feira, 9 de maio de 2017

O escultor ou a escultura

Aquele que da pedra
Subtrai a massa
Em batidas e talhadas,
Nela forma engendra;

Qual mistério desta arte
Que antes pedra esquecida,
Torna-se agora apetecida
Por ter sentimento como parte?

Ante à milhares de milênios
Na rochosa formação lúdica,
Valoriza-se na pedra os veios

Que agora como túnica
Cobre a estética em anseios,
De forma pura e melódica.

Fabiano Favretto





domingo, 7 de maio de 2017

A chuva

Pouco mais que 8 da noite,
E o dia ressoa em meus ouvidos
Como pesadas trovoadas.
Há dor,
Ardor.
Amor? Isso não.
Apenas espero a fria chuva
A lavar
E levar
A elevar
As minhas penas.


Fabiano Favretto

Até quando?

Eu não estou bem.
Posso até parecer bem,
Mas não estou.
A pele em que habito
É apenas uma fachada
De um negócio
Que já faliu.
Antes o coração batia,
E os pulmões inflavam;
Hoje tudo funciona
Em modo automático.
Tenho automatizado
Meus meios de produção.
Não, não há
Mais criação.
Tudo é gerado automaticamente,
Pois todo o tesão se foi...
E a vida?
A vida deixou de ser.
A vida não é mais,
A vida se foi,
O corpo se move por baterias.
Exasperei demais
Pelos cantos,
Desesperei demais
Pelos meios.
A poesia se foi,
E não me disse se voltaria.
Sou apenas um recipiente
Cheio de engrenagens.
Verei até quando
Durarão as baterias.

Fabiano Favretto

Penso, logo deprimo

O ser humano
Deixou de ser feliz
No momento
Em que começou a pensar.

Fabiano Favretto

Eu sei

Qual o peso de minha importância?
Domingos são difíceis, já falei.
Qual o resultado de minha ausência?
Domingos são trágicos, eu sei.

Fabiano Favretto


Uma vida

Somando suas ausências
Tenho quase uma vida
Sem você.

Fabiano Favretto

É inexistente

As nuvens no horizonte
São roxas,
Mas no alto não há nuvem alguma;
Assim como em algum lugar
Há amor,
Em seu coração não há.
Nuvens voam,
E caem como chuva.
Meu amor voa
E cai como lágrimas.
E assim, as nuvens
São roxas no horizonte,
E o amor é inexistente
Em seu coração.

Fabiano Favretto

sábado, 6 de maio de 2017

Térreo


Pelo andar das coisas,
Eu diria estar no térreo.


Fabiano Favretto

Placebo

Sábado é dia
De ir ao sebo,
Tudo bem.
É bom, eu diria.
Efeito placebo,
Meu bem.

Fabiano Favretto

À dois

Um espresso sozinho,
Não supera
Um copo de água
À dois.

Fabiano Favretto

Segundo andar

No segundo andar 
Tem um sofá;
Poderíamos ir lá
E nos amar!

Fabiano Favretto

Surrealvida

Daqui
Ou Dalí,
Vejo a vida
Surreal.

Fabiano Favretto

Adrenalina

Senti  mais adrenalina
No final da xícara de café,
Do que na aterrissagem
Do avião.

Fabiano Favretto

Pontuais

Pontuais
São os intervalos
Das batidas
Do meu coração:
Hora bate por ti,
Hora não.

Fabiano Favretto

Cabelos ao vento

Três gerações
Atravessaram a rua;
Pelo histórico,
Mal sabe o jovem
Que ficará calvo.

Fabiano Favretto

Nova antiga narrativa

Dante se encontra
Com Virgílio
Na cafeteria.
Ele queria conhecer
Aquela garçonete bonita:
Beatrice.

Fabiano Favretto

Sobre preservar a arte (ou como não estragá-la)

Adoçar um 
Espresso
É o mesmo que
Sujar um quadro
De Davinci.


Fabiano Favretto

Pensaria na certa

Em cafeterias opostas,
Olhávamos a nós pela janela;
Eu até faria apostas
Que só pensaria nela.

Fabiano Favretto

Boca ausente

Só queria estar ausente
À esta ausência que me choca:
Ausência de tua boca
Que preciso completamente.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Ensina

Dizem que escrever
É sina,
Porém, digo eu,
Que escrever
Ensina.

Fabiano Favretto

Escombros e catacumbas

Escombros e catacumbas
São os resquícios que sobraram
Deste corpo que já foi cheio de alegria.
Da estrutura, poeira e penumbras
E sinais das pessoas que passaram
Ao comporem esta elegia.

Os ossos apenas sustentam
Algumas teias de aranha
Neste peito, verdadeiro túmulo.
Lápides, inscrições ostentam
E a garganta sempre arranha
Em tom baixo e trêmulo.

Vazio, imensidão e dor,
Se é que existe algo mais.
Sou um reduto sem paz,
Buscando amor.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Nenhum sequer

Ontem nenhum verso eu fiz
Só por ficar pensando
Quando você se dará a chance
De eu te fazer feliz.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Não há o porquê


Ora, por que ter medo do escuro?
Qualquer faísca é capaz de mudar
Tal paisagem.

Fabiano Favretto