quarta-feira, 29 de março de 2017

Melancolia Crônica

Vivo um dia em que
Até respirar fundo
Dói.

Fabiano Favretto

Teima

Hoje nenhum poema
Foi capaz de decifrar-me;
Tanto que precisei escrever-me
Para que eu mesmo me entenda.

Não que sejam poucas as palavras
Ou que os versos não rimem,
Mas como antes já não vivem
E minha língua nada mais lavra.

Fogo vivo, fogo fátuo
Mas meu peito não queima;
É feito de puro vácuo.

Mas ainda teima,
E escreve, de fato.
Então, onde amor reina?

Fabiano Favretto

Amor existes?

Hoje sou só o pó,
A nulidade da existência.
Sou o rastejo no tapete
Em busca de amor.

Amor, sob essas estrelas?
Amor nem a 1000 anos-luz,
Nem a 10 minutos,
Nem a 100 existências.

Amor, na xícara da existência
Tenho sido o chá, e tu os lábios.
Fui bebido por ti, mas de ti,
Minha sede nunca matei.

Sou o desiludido figurado
Transfigurado lamentavelmente
Nas letras destes versos.
Amor, existes?

Fabiano Favretto

terça-feira, 28 de março de 2017

Me desculpa

Puro desamor,
Por isso não avistamos
Nem sequer
Um disco voador.

Quem nos visitaria
Se matamos o mundo?
E bem lá no fundo
Quem sabe alguém pensaria

Que a vida é pouca
E as bocas muitas!
A ganância louca

Os visitantes espanta!
Senhor ET, me desculpa,
Aqui a vida se suplanta. 

Fabiano Favretto

sexta-feira, 17 de março de 2017

Imbecil

Elejo-me agora
O senhor dos patéticos!
Venerem-me!
Curvem-se sobre
A magnífica mediocridade.

Fabiano Favretto

Semente errada

Plantei a semente.
Ledo engano...
Agora colherei joio
Por toda a vida.

Fabiano Favretto

Mais um capítulo do livro de negativas

A metafísica estava na aranha microscópica
Que cruzou a minha mesa
Em busca de algo
Alheio ao mal de minha pérfida existência.

Fabiano Favretto

Nãos

Estou me transfigurando
No mais solitário dos seres,
E isso já vem de tempos
Por viver em universos
Contrários à estes onde ando;
Sou repleto de nãos marcados
Em minha própria pele
("Nãos", e não sou o autor destes).
Um não aqui, outro acolá,
"Nãos" eu tenho há tanto tempo,
Que já sou o senhor rejeitado
Da auto-rejeição.
Sim, Não! E negando-me,
E rejeitando-me, só hão de continuar
A descontruirem-me em mim,
E a transfigurarem-me em nada...
Nada além da auto-negativa
De existir.

Fabiano Favretto



Não mais me existo

Pareço ser feliz, estar bem assim... Mas o fato é que a onda bate sempre mais forte do lado de dentro, e a muralha está prestes a ceder...
Não, não derramem lágrimas pela minha ausência, afinal todo defunto vira bonzinho, mas assim talvez eu não o seja na vida.
Lamento, mas não sou bom, nem sou preciso, nem sou o mínimo do que é necessário para ser notado.
Medíocre em minha essência, medíocre em minha ausência. Eu vou, mas deixo meus livros, pincéis, uma viola e um violão.
Façam o que quiserem, mas quando a onda bater, saberão o que aconteceu. Eu não mais me existo.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 16 de março de 2017

Te querer

E agora como posso proceder?
Falar contigo é uma tortura,
Porque o que eu sei agora
É que eu quero te querer...

Fabiano Favretto

Se importam

E o mundo é de ponta cabeça
E eu sou do avesso,
Pois meus sentimentos transbordam
E não há nada que eu esqueça
De dizer-te, sentir-me, querer-te;
E eu não é mais um outro,
Pelo fato de ter me entregado
Em suas mãos algumas vezes,
E tu derrubou somente meu coração.
Alguns trincados e amassados.
Talvez com tempo e zelo eu 
O conserte e possa
Vendê-lo em algum antiquário.
Ele tem marcas irreparáveis,
Mas há talvez quem goste...
Cada coração é de um jeito,
E o mundo gira,
E o avesso permanece
A aparecer sempre que se importam.
Não se importem.

Fabiano Favretto

Agora é fato

E agora como proceder?
Coração não tem manual,
Nem explicação natural
De como se possa entender...

Logo, escrevo para as cinzas
Que sobraram neste peito.
Letras, palavras de todo jeito,
Pobres e talvez ranzinzas.

Meu coração só bate porque ama,
E ama porque viciou nos olhos,
Nas mãos e nos seus cabelos.
É todo o tempo vivendo em drama

E na carência do tato,
Na falta do amor teu,
Na dor que apareceu
E no vazio que agora é fato.

Fabiano Favretto

domingo, 12 de março de 2017

Variant 1970

O que eu preciso, é dela.

Sim, dela!
Variant 1970!

Carro dahora, meu.

http://1.bp.blogspot.com/-jPvr6R7nbKE/UZj9GLHj24I/AAAAAAAABO4/-GUaZ3d6SfE/s1600/Wallpaper+Variant+1970.jpg

Bualcoolismo

Estou cansado de todo domingo
Acabar em vinho
E bucolismo.

Fabiano Favretto

Amor Elettronico

"time after time after time
never you use it to control by my side,
never you made and you tell me goodbye
you are my side, you are my soul
you never told"

Gigi D'agostino



Download

Meu amor virtual por ti
Tem sido recíproco?
Temos brincado tanto,
Que sempre me lembro de ti.

Mas nesse últimos tempos,
Nossas fotos não mais trocamos.
Por onde estamos andando,
Para viver nesse desalento?

Megabytes de saudades,
Desse corpo que tanto gosto.
Não tenho mais novidades,

Os downloads não mais faço.
Quais as probabilidades
De te enviar um abraço?

Fabiano Favretto

Terminar esse texto

Nenhuma
Vontade
De

Fabiano Favretto

Mechas

Me mostra suas mechas,
E mexa com meu coração.


Fabiano Favretto

sábado, 11 de março de 2017

Clemência

E você tem brincado,
Se divertido?
Tem feito amor?
Se nada tem feito,
Vê se faz comigo...
Por favor?!

Fabiano Favretto


Reflexo de mim

Sou um retrato falado
Em frente a um espelho.

Fabiano Favretto

300000 km/s

A saudade deve ser medida em
Que tipo de escala?
Graus Celcius, Quilômetros,
Litros, Milhas...
Ou talvez,
Anos-luz.


Fabiano Favretto

Batuque

Sei tocar violão,
Mas não sei cantar.
Meu peito é um cajon,
Meu coração à batucar.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 10 de março de 2017

Insaciável

Tenho sede de arte,
De sexo, de música,
De poesia,
De liberdade, e
De viver.

Fabiano Favretto

Não que eu

Não que eu rime,
Jamais o faria.
Até seria sublime;
Eu conseguiria?

Não que eu escreva,
Nunca o consegui.
Umas palavras aqui,
Nenhuma que me descreva.

Não que eu pense,
Nunca tentei;
O que eu falei
Não me convence.

Fabiano Favretto

E quando

E quando triste estiver,
Não hesite em me chamar;
Pois eu posso te ajudar,
Farei tudo o que puder.

E quando as tardes não passarem,
Não hesite em me chamar;
Pois eu posso te abraçar,
Fazer seu peito e olhos se acalmarem.

E quando a incerteza estiver presente,
Não hesite em me chamar;
Pois eu posso te apoiar,
E farei de tudo para que o medo se ausente.

E quando sozinha se sentir,
Não hesite em me chamar;
Pois eu posso te amar,
E assim quero seguir.

Fabiano Favretto

sábado, 4 de março de 2017

Desabafo

Sou apenas poeira cósmica
Em meio à escuridão do vácuo;
E ninguém hoje aqui fica:
Some-se tudo em fogo fátuo.

Sou sozinho neste mundo:
Pois quem eu quero nunca me quis;
E como poderei então andar feliz
Se o coração se parte lá no fundo?

Hoje é apenas um desabafo,
Pois amanhã será igual...
Se o dia chegar ao final
Não começarei outro parágrafo.

Estou sozinho hoje e amanhã,
E o fio da navalha é tentador.
Como posso dissipar minha dor
Se a vontade de viver é vã?

Fabiano Favretto

sexta-feira, 3 de março de 2017

Obra-prima

Quantas artes terei que dominar
Para que eu possa te ganhar?
Literatura não é suficiente;
Música já se faz coisa comum;
A pintura perdeu sentido de repente:
Não há amor em tom algum.
Na métrica e na rima,
No cinema, no teatro;
Não há fé no que eu faço.
Não há aquele clima
Que te deixe neste enlaço:
Fazer amor, uma obra-prima
E assinar com nosso cansaço.

Fabiano Favretto

E era um tango no dia 3 de março

Quando a companhia
É só uma taça de vinho,
Não me admiro que sozinho
Eu certamente definha.


Entorpecendo brevemente,
Preciso de um trago há cada minuto.
Eu me sinto deveras diminuto
Se não, nada, somente.

Motivos para ficar,
Mais motivos para partir;
Motivos para amar

Mais motivos para sentir:
Motivos para acabar
Em mais motivos para se ferir.

Fabiano Favretto


Sentidos repetidos

E mais uma noite chega,
E mais um vazio surge.
Creio que sou quase inexistente
Creio que sou quase ausente
Em minha experiência de sentidos
Em minha dor nesses dias repetidos.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 1 de março de 2017