terça-feira, 30 de julho de 2013

Cof!

Toda manhã
O Gago Inglês
Entre crises de tosse
Queria somente:
Cof! Cof!  Cof! Cof! Coffee!

Fabiano Favretto

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Silhueta

As luzes ofuscavam meus olhos,
Mas sua silhueta ainda era visível.
Seus contornos oscilantes ao vento
Pareciam fundir-se à tênue brisa da primavera.

É doce esse mistério:
Acreditar em verdades impossíveis
E imaginar um rosto,
De que somente silhueta
Fez-se essência.

Fabiano Favretto

domingo, 28 de julho de 2013

Crônicas de um Caipira #3

- E ocê péga esse saco de mío e carréga até o paió!

- Mas .. Tio!

- Ô subrinho! Força nas pacuera! Só purquê vóis mecê é da cidade grândi nãum qué dizê que não tem força! Vamo, vamo!

- Poxa Tio! Aff! Mas só dessa vez!


E o garoto some na baixada com o pequeno saco de milho em suas costas, e  rapidamente entra no paiol.


-Esses minino da cidade! Tudo molenga que nem palanque no banhado! Não é não, Nhô Chico?

-Se nóis precisasse de modo que esses minino impreitasse na roça.. Nóis murria de fome!

-E não é memo?

-Tudo esquisita essas gente da cidade.. Óia o cabelo do imundice! Tudo na cara! Garanto prá vois mecê que ele não enxerga um parmo na frente do zóio!

-Vai vê ele gosta daquele tar de Diústin Bíbar.. 

-Ou daquele que canta.. NOSSA! NOSSA!

-...Assim ocê mi mata?

-Não, não! (tom de apreensão)

-... Aí se eu te pégo!

-NÃO!

- Então cumé que é? 

-Se ocê naum saí daí, quem vai te pegá é aquela Cascavé !

- Êloco! Sartei de banda!


Nhô Chico puxa a garrucha da cinta e atira na cascavel!


-Deitô na fumaça!

-E não é memo?

- Que tar que cobra criada! Vâmo levá pra casa pra tirá o guizo e o coro dela pra vendê!

-Ô se vamo!


Eles pegam a cobra morta e seguem para casa. Logo a noite cai.


-Tio! Cadê você? Já está tarde! Alguém? Alôô!


O menino fica sozinho e decide dormir ali mesmo abaixo de uma grande árvore.


- O jeito é eu ligar meu MP3 e escutar música até dormir..  aproveito e vejo as músicas que meu primo me passou!



"Você talvez não conhece, o veneno que as cobras têm.

Pois elas quando dá o bote balança o guizo também. 
A cascavel é traiçoeira, quando ela quer se vingar, 
Balança o guizo contente na hora dela picar. 
A urutu é perigosa, de ruim não se manifesta.. ♪♫" *



-Pensando bem, melhor não! Vai que tem uma cobra...

Fabiano Favretto


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Inspiração

Em ti busco inspiração.
Por você tudo fez-se.
Não basta somente uma conversa:
É preciso mais que um pensamento.
Necessito tocar-lhe o rosto
E enxugar suas lágrimas de felicidade.

Tudo será resolvido.
Promessas não valem nada,
E por isso em ti entrego-me
Para que junto a você
Eu permaneça eternamente.

Fabiano Favretto

Viola

Aconchego a viola em meus braços.
Ou o braço da viola que me aconchega?

Fabiano Favretto

terça-feira, 23 de julho de 2013

Por

Por não a ter.
Por te ver e não poder.
Por não poder te ver.
Por não ter o poder de te ver.
Por não ver o poder para lhe ter.
Por ter o poder e não lhe ver.
Por ter.
Por ser.
Por poder.
Por.

Fabiano Favretto

domingo, 21 de julho de 2013

Deprimente

Ah, noites de Domingo..
Por que são tão deprimentes?
Ah, manhãs de Segunda-Feira!
Por mais ensolaradas que sejam,
Ainda prefiro as noites de Domingo.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Dança

E um e dois
E me perco em seu compasso.
E dois e um
Eu te tomo em meus braços.
E um e dois
A temperatura vai subindo.
E dois e um
Seu coração eu vou sentindo.
E um e dois
Estás tão encantada.
E dois e um
Não preciso de mais nada.

Gira, gira!
Para lá e para cá.
Volta à mim,
Terpsícore! 

E um e dois
À seu corpo me fundi.
E dois e um
Meu deleite está em ti.
E um e dois
Onde amanhã andarás?
E dois e um
E quem tu amarás?
E um e dois
A musica acabou.
E dois e um
Seu perfume em mim ficou.

Fabiano Favretto

terça-feira, 16 de julho de 2013

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Foda-se!

Aumentei o som e foda-se os problemas;
Aumentei os problemas e foda-se o som;
Aumentei o foda-se e o som nos problemas;

Fodi com o som e aumentei os problemas;
Fodi com os problemas e aumentei o som;
Fodi com o aumento e o problema no som;

Problematizei o foda-se e aumentei o som;
Problematizei o som e o aumento no foda-se;
Problematizei o aumento e o som com o foda-se;

Sonorizei o foda-se e aumentei os problemas;
Sonorizei os problemas e fodi o aumento;
Sonorizei o aumento e problematizei o foda-se;

E o som?
E os problemas?
E o aumento?
Foda-se!

Fabiano Favretto

domingo, 14 de julho de 2013

A colina

Era um domingo de julho. A brisa suave, porém fresca e contínua, trazia a lembrança da decorrente estação, embora o sol tenha dado ao dia um toque outonal. Verdade é que estava eu parado, observando os movimentos dos capins naquela colina: verdadeiras ondas, em movimentos constantes quase circunflexos.
A colina surpreendia e fascinava-me: sentia-me ausente ao mundo e à todos. Tentei chegar ao topo da colina mas parei quando cheguei próximo à uma cerca de arame farpado. Eram arames tão esticados, que quando a brisa passava entre eles, produzia sons de uma quase-sinfonia.
Detive-me ali. Observei o obstáculo e voltei à mim. Dei  de ombros, virei as costas para a cerca e voltei em direção oposta ao topo da colina. Observei o trajeto acidentado que havia enfrentado durante a subida, e me peguei refletindo sobre coisas cotidianas e não importantes. Continuei meu trajeto em linha reta.
A colina continuou lá, exibindo sua magnitude e convidando-me a transpassar aquela cerca. Fecho meus olhos - DESAFIO ACEITO.


Fabiano Favretto

Pássaro

Pássaro,
Que tanto voas?
As asas batem.
Procure um horizonte
Infinito e pleno.

Pássaro,
Para onde vais?
O céu já é pouco.
Queira ir mais alto
Cuidado com o sol.

Pássaro,
Voas em círculo?
A dúvida é cruel.
Agite suas penas
Ásperas e brilhantes.

Pássaro,
Queres voltar?
A saudade aperta.
Siga a trilha
Seu lar lhe aguarda.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Tempo.

- Era um homem que vivia à frente de seu tempo..
- Nossa! Era muito inteligente? Um ... GÊNIO?
- Não, Não. Somente usava seu relógio em horário adiantado.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Soneto de uma viagem

I
Em direção à esquina
Ela caminhava.
Eu pela janela do ônibus
A observava.

II
Jaqueta de couro
E óculos de armação larga.
Somente precisava
Ver seu rosto.

III
Por um breve momento
Estremeço.
Em passos ritmados
Ela vinha ônibus adentro.

IV
Olhares trocamos.
Foram duas horas?
Foram dois minutos?
Olhos amendoados, venham a mim!

V
Apenas dois segundos,
Dois segundos de eternidade
Onde aqueles olhos castanhos
Em mim já deixaram saudade.

VI
Temi sua descida
Em um ponto ou qualquer terminal;
Sentou-se de costas para mim
Que beleza divinal!

VII
Medo?! Medo!
Em mim já não permaneces.
Extraviou-se ao vento,
Meu espírito assim padece.

VIII
Musa perfeita:
Pode ser que tu desapareças,
Mas em meu pensamento
Permanecerá.

Fabiano Favretto

terça-feira, 9 de julho de 2013

domingo, 7 de julho de 2013

Fracassei

Olhando fixamente para o teto, 
Tentei imaginar o semblante de seu sorriso
Em uma manhã chuvosa de inverno. 
Fracassei. 
Não há tempo que não se torne ensolarado 
com um caloroso sorriso.

Fabiano Favretto

Não sente.

O que os olhos não vêem, o coração não sente.
Será?

Fabiano Favretto

Solitário.

Moribundo, solitário e esquecido
Não exaspero nem desespero:
Agonizo silenciosamente
À espera de seu amor.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Abstrato

Pensar que pássaros voam,
E peixes vivem n'água.
Parece-me abstrato.

O fogo queima,
Mas não é possível segurá-lo.
Parece-me abstrato.

O vento está presente,
Mas é invisível.
Parece-me abstrato.

Arvores imensas
Nascem de minúsculas sementes.
Parece-me abstrato.

Meus pensamentos
Estão repletos de ilusões.
Pareço abstrato.

Fabiano Favretto