terça-feira, 30 de dezembro de 2014

365º

Neste tricentésimo
Sexagésimo quinto
Dia,
Estarei só.
Mais uma
Vez.

Fabiano Favretto

Meteoros

Mas se minha língua varresse 
As estrelas do céu da tua boca,
Cadentes seriam elas:
Meteoros de desejos.

Fabiano Favretto

domingo, 28 de dezembro de 2014

Complexo do Nada

Esse tédio que me mata
E a monotonia me ataca.
Vão me limitando,
Me dizimando,
Até chegar ao máximo
Complexo do nada.

Fabiano Favretto

(:

Hoje eu sei
Que para a vida toda,
Uma amiga ganhei.

Fabiano Favretto

sábado, 27 de dezembro de 2014

Não te enganas

Podem passar os segundos,
horas e semanas,
O tempo em geral é relativo.
Mas bem no fundo,
Perceba se não te enganas:
Sonhar é preciso.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

A Palavra se fez homem

Quando a estrela no oriente brilha,
Ressoam as trombetas celestiais,
Enquanto os anjos em harmonia
Cantam ao Rei do universo e da paz:

Que toda a Terra se curve,
E que todo joelho se dobre
Perante sua magnitude!

A Palavra se fez homem!

A Esperança nasceu
Do ventre da Imaculada.
O milagre aconteceu!

A Palavra se fez homem!

Deus se fez menino
E entre nós habitou.
Deus tão pequenino
A nossa paz restaurou.

Que toda a Terra se curve,
E que todo joelho se dobre
Perante sua magnitude!

A Palavra se fez homem!

A Esperança nasceu
Do ventre da Imaculada.
O milagre aconteceu!

A Palavra se fez homem!

Fabiano Favretto


Divisão

Classifico as pessoas em dois grupos: as que gostam das frutinhas do panetone, e as que não gostam.


Fabiano Favretto

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

In finito

Até onde vai o infinito
Se a minha visão alcança
Somente o palpável?

Haverá algo bonito
Se a distância enlaça
O tempo notável?

Infinitamente finito
O coração na dança
De ritmo pautável

N'um som prescrito
Feito de mudança:
Dor imensurável.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Vendi

Na loja do velho judeu
Comprei um esmalte
Pra pintar de vermelho o céu
E o chão cor-de-malte.

Comprei pergaminhos
E fiz um belo mapa
Pra marcar os caminhos
De minha jornada.

Na loja também eu vendi
A minha esperança,
E depois logo percebi:
Faltavam minhas lembranças.

Com a acetona da tristeza
Removi o esmalte do céu.
Removi minha avareza
E rasguei da alegria o véu.

Fabiano Favretto

domingo, 21 de dezembro de 2014

Gato no poste

Fizeram um gato no poste
Que deu o maior pepino.
Pegaram o autor do calote
Que vivia fazendo felinos.

Ladrão de eletricidade
É ladrão de qualquer forma.
Qual a necessidade
De um gato na reforma?

Fabiano Favretto

Espinho

Cada ódio plantado,
É espinho que nasce
No coração.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Ornitorrinco

Ornitorrinco
Dor de ouvido.
Sempre olvido
O ornitorrinco.

No otorrino,
Ornitorrinco.
Ornitorrinco
No otorrino.

Ornitorrinco,
Laringe e dor.
Nariz, do doutor
Ornitorrinco.

No otorrinolaringologista,
lá foi o ornitorrinco.
Ornitorrinco, o doutor
Ornitorrincolaringologista.

Fabiano Favretto

Impermeável

Em chuva de amor, meu amor,
Meu amor usa guarda-chuva.

Fabiano Favretto

Me agradam

Me agradam
Os cachinhos de seus cabelos,
E me hipnotizam
Da sua voz os timbres belos.

Fabiano Favretto

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Corpoesia


Encontrei em teu corpo
A mais perfeita poesia,
E ali em tua pele, absorto,
Cada frase eu relia.

Cada curva sua sussurrava
Palavras não escritas ao vento,
Enquanto minha boca lavrava
Os seus lábios de contentamento.

Nas rimas de nossos movimentos,
Encaixaram-se palavras sem contexto
Das quais todas sem incrementos,
Fizeram do prazer livre manifesto.

Dividiu-se em estrofes e versos
Esse seu sorriso coloquial.
Fitou-me com olhar de universo,
Amor, imensidão sem igual.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Às vezes prefiro a rotina

Quando amanhece, a luz do Sol se infiltra pela janela fazendo transparecer as partículas de poeira que silenciosamente vagam no ar sem direção ou destino determinado.
Com os olhos semicerrados, olho o relógio na parede tentando adivinhar que horas são, mesmo sabendo que já estou atrasado para compromissos inexistentes e horas-extras de vagabundagem.
Me espreguiço no sofá verde e fedorento, e me assusto quando encosto num pedaço de pizza mofada que estava numa caixa de papelão engordurada entre o sofá e a parede.
Me esforço para levantar, e o faço de subto movimento. Minha cabeça dói: efeito dos narcóticos e bebedeira do dia anterior. Arrasto-me fraco e incerto, me escorando pelas paredes. Chego ao banheiro e me deparo com um cheiro horrível de bosta e vômito. Faço ânsia. Sinto nojo e vergonha de mim mesmo quando vomito em minha própria roupa, e depois no banheiro já todo fodido e imundo. Ligo o chuveiro e me arrasto até debaixo daquela água morna com cheiro de cano enferrujado e tétano. Fecho os olhos enquanto respiro ofegante, desejando dar um tiro na minha própria cabeça.
A campainha toca.. Não, não era a campainha, e sim o despertador do celular.
Com os olhos semicerrados, olho o relógio do celular. Sinto-me satisfeito por ter acordado daquele sonho, mesmo sendo uma manhã de segunda feira. Olho meu quarto e fito a janela que permanece escura. O dia ainda não havia amanhecido ao todo.
Fui trabalhar.

Fabiano Favretto

domingo, 14 de dezembro de 2014

Sereia

Longe do mar
A sereia
De granito.

Sem lar,
Sem areia
Sem chão bonito.

Sem amar,
Em uma cadeia
Com coração aflito.

Fabiano Favretto

Foto: Fabiano Favretto 14/12/2014

sábado, 13 de dezembro de 2014

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A pé

O motor do meu peito
Está há muito sem combustível
Para poder tirar-me deste leito,
Feito de dor fria compreensível.

Não há força motriz sufiente
Para sustentar minha alegria,
E não há encanto permanente
Que conserte esta avaria.

Enquanto estiver vazio
De amor o coração no peito,
Vagarei a pé, sozinho,
Já que não há outro jeito.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Perfume

Ao meu lado ficou,
E seu aroma senti.
Um segundo passou:
Um século vivi.

Foi mulher perfumada
Que ao meu lado sentou.
Segui minha estrada,
Mas seu aroma ficou.

Fabiano Favretto

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Gargulia

As gárgulas observam
Os tolos andantes mortais,
Que aos poucos revelam
Suas sórdidas imundícies reais.

Vomitam incoerências
Em noite tempestuosa,
Onde comentam da decadência
E da falta da vida virtuosa.

Da rocha formados,
Exibem a imagem do mal.
No frio aconchegados,
Aguardam eles, a chegada do caos.

Fabiano Favretto


Dezembro

Ei dezembro!
Porque voas assim?
Pensei ainda ser setembro.
Se corres, o ano chega ao fim!

Ei dezembro!
Estás voando, companheiro.
Se bem me lembro,
Ontem mesmo era janeiro.

Fabiano Favretto

domingo, 7 de dezembro de 2014

Resquício

Por mais que eu queira entendê-la,
Nem com reza brava eu consigo.
Deve ser sinal para esquecê-la,
Uma evidência concreta: um aviso.

Não mais a procurarei
Mesmo que de mim fuja
Toda a felicidade.
Em minha cabeça murmurei,
Que mesmo que ela em sonho surja
Não haverá cordialidade.

É um basta para o início
De uma coisa que não teria fim.
É um ponto, um resquício
De algo que fez parte de mim.


Fabiano Favretto

Micro Infarto

Eu quero,
Mas ela não.
Me desespero!
Que dor no coração.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Tango para as estrelas

Quando as tardes findam,
Findam logo sem penar.
Mas ainda deixam a saudade
E não voltam a buscar.
Ah, quando a tarde vai-se,
Na frieza a certeza esvai-se.
Mas as estrelas surgem
Com glória e lúmem.

E agora canto,
Este tango para as estrelas:
De onde o brilho e tanto,
Fazem das minhas virtudes 
Tão pequenas;
E agora canto,
Este tango para as estrelas:
De onde a saudade no entanto,
Faz de mim um amante
Repleto de incertezas.

Com esta noite presente,
E no peito este rancor,
Somo à minha alma ausente
A vontade desse amor.
Mas se as estrelas brilham,
As constelações advinham:
A minha sorte findada,
E minha dor resignada.

E agora canto,
Este tango para as estrelas:
De onde o brilho e tanto,
Fazem das minhas virtudes 
Tão pequenas;
E agora canto,
Este tango para as estrelas:
De onde a saudade no entanto,
Faz de mim um amante
Repleto de incertezas.

Mas se a noite passa
E a madrugada aparece,
Olho triste pela vidraça
A  última estrela que perece.
Se chega a madrugada,
Eu de alma machucada
Durmo esperando noite nova
D'onde a saudade se renova.

E agora canto,
Este tango para as estrelas:
De onde o brilho e tanto,
Fazem das minhas virtudes 
Tão pequenas;
E agora canto,
Este tango para as estrelas:
De onde a saudade no entanto,
Faz de mim um amante
Repleto de incertezas.

Fabiano Favretto

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Nome

Neste momento,
Para mim,
Todas as estrelas
Cabem no espaço
Do teu Nome.

Fabiano Favretto

Silêncio

O silêncio da madrugada
É o combustível da paz.

Fabiano Favretto

Apague as velas.

Há 22 primaveras em que sou eu mesmo.
Há quase 8030 dias estou vivendo.
Há tanto tempo passado, que já não me lembro
Se os dias passados ainda estão valendo.

Eu faria diferente, tudo o que ainda não fiz.
Eu faria tudo melhor para talvez ser feliz.

Há tanta coisa por vir, mas sinto-me velho.
Há tanto lugar para eu ir, mas eu não quero.
Há tanta coisa a consertar mas deixo assim;
Às vezes seria melhor que chegasse tudo ao fim.

Eu seria mais coerente com a minha vida.
Eu seria melhor se estivesse de partida.

Fabiano Favretto

Flor da saudade

Lá na roça eu conheci
Uma cabocla manerosa
Lá num gaio um bem-te-vi
Derrubava flor cheirosa,
Derrubava flor cheirosa.
Foi na sombra do ingazeiro
Que a cabocla me contou
Que era mesmo um cativeiro
Amarrada pelo amor,
Amarrada pelo amor.

Você não óia mais pra mim
Não sei porque, não sei não
Vou matá-lo ó bem-te-vi
Que não tem mais coração
Bem-te-vi não cante assim
Não derrube flor cheirosa
Não zombe mais de mim
Nem da cabocla manerosa.

Pois no dia que parti
Lá da roça pra cidade
Ainda eu vi o bem-te-vi
Derrubar flor de saudade,
Derrubar flor de saudade.



Composição: Armando Neves (1902 - 1974)
Interpretação: Cascatinha e Inhana.

Música formidável.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Cantada Astronômica

-Comprei um telescópio!
-Sério?
-Sim! Apareça lá em casa que te faço ver estrelas.

Fabiano Favretto