terça-feira, 30 de agosto de 2016

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Transmutação

Estômago de borboleta
Cabeça de pássaro
Mãos de louva-a-deus
Olhos de basilisco
Pernas de aranha
Espírito de porco
Coração de leão
Boca de siri
Ouvidos de morcego
Ímpeto de preguiça
Poeta,
Bicho-homem

Fabiano Favretto


E assim

Quase sonho acordado.
E assim,
Acordo sonhando.

Fabiano Favretto

Valsa sonho

Na valsa de meus sonhos,
Teu sorriso era ritmado
Qual os movimentos, passos
Belos e sincronizados.

Que beleza ao anoitecer,
Em seus lábios aconchegar-me
Só haverei de parar-me
Assim que amanhecer.

E quando o sol surgir,
A música haverá acabado,
E eu deverei partir

Para meu mundo parado.
Deveria tu intervir,
E eu deveria não ter acordado.

Fabiano Favretto

Macbeth

Quase achei que expiro,
Graças ao Shakespeare.

Fabiano Favretto

domingo, 28 de agosto de 2016

Coração a 200 km/h

Ando dirigindo por todo lado.
Espero não ser novamente multado
Pelo radar da vida.

Fabiano Favretto

Sobre o vício do amor #3

Já sou participante
Do A.A. (amantes anônimos).

Fabiano Favretto

Sobre o vício do amor #2

Isso é sobriedade?
Sentir o vento no rosto,
Ver as luzes já não desfocadas...
Não existe mais
Ressaca à dois.

Fabiano Favretto

Sobre o vício do amor #1

Bucólico,
Melancólico,
Alcoólico.
Não é o mesmo
Sentimento 
Que antes conheci.

Fabiano Favretto

Infelizmente

Mente infeliz,
Infeliz mente.
Infelizmente.

Fabiano Favretto

Sintomas

Deprimido,
Contraído,
Reprimido
E distraído.
Eu Preciso
D'um comprimido.

Fabiano Favretto

Ainda bate

Meu coração
É um papel rasgado,
Amassado,
Pisado,
Sujo,
Mas com certeza
Cheio de Poesia.
Ainda bate.

Fabiano Favretto

sábado, 27 de agosto de 2016

10 p/ 6

O dia pode ter sido bom,
Mas se chega a tardinha,
Não há qualquer som
Que alegre vida minha.

É esse escuro vazio
Aqui dentro de mim
Onde só habita o frio
Que nunca terá fim.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Causo rítmico

João não largava do sax,
Até que um dia morreu.
Nesta cova, Jazz João.

Fabiano Favretto


Ecossistema urbano

As árvores são os homens;
A fauna metálica faz fila
Quando a luz vermelha acende.

Fabiano Favretto

Escolhas, fim, Folhas e jardim

Sempre as mesmas flores nos jardins,
E nas ruas as mesmas folhas ecoam.
Não que eu me importe, não se doam;
Tudo que é vivo um dia terá fim.

Sempre as mesmas folhas nos jardins,
E nas ruas as mesmas flores ecoam.
Não que eu me importe, não se doam;
Tudo que é vivo um dia terá fim.

Sempre os mesmos jardins nas folhas,
E nas flores as mesmas ruas ecoam.
Não que eu me importe, não se doam;
Tudo que é vivo um dia fará escolhas.

Sempre as mesmas flores nas folhas
E nas ruas os mesmos jardins ecoam.
Não que eu me importe, não se doam;
Tudo que é vivo um dia fará escolhas.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Reflexos

É só sua face derretendo
E um buraco sendo feito
Aqui dentro do meu peito.
Você está me entendendo?

Quando todas as festas acabam
E a bebida começa a subir,
Nunca sei para onde ir
Sem ver as luzes que ofuscam.

Ou era somente uma imagem
Numa poça d'água
Durante essa longa viagem?

Caminho como uma régua.
Seria miragem?
A dor é que me apazígua.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

domingo, 21 de agosto de 2016

Por enquanto...

Por você
Por mim
Porcaria
Porto
Portaria
Porco
Por fim
Pôr fim.

Fabiano Favretto

Sobre a ponta do alfinete:

Tens feito de meu coração
Um boneco de Vodu?

Fabiano Favretto

Choque

Nunca soube
Que a liberdade
Seria tão assustadora.

Fabiano Favretto

Da Terra a Marte

A cada hora que a noite avança
Menos tempo tenho de vida,
Pois é a cada segundo uma ida
Cuja volta não se terá lembrança.

E a falta que tua companhia faz
Equivale à distância da Terra a Marte.
Seria bonito e seria até Arte
Violar a cova deste coração que jaz

Friorento, seco e imóvel
Na tumba rasa do meu peito.
Tão rasa quanto improvável,

Tardio, frívolo, sórdido leito
Mas de ardor incomparável:
Meu coração veio com defeito?

Fabiano Favretto

http://astronomynow.com/wp-content/uploads/2014/12/Mars_globe3_940x400.jpg




sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Deu na telha

Hoje a poesia deu na telha.
Quando fui ver,
Era chuva de granizo.

Fabiano Favretto

Mente que eu gosto

Quem disse
Que de poesia não gosta,
Ou mente,
Ou perdeu alguma aposta;
Ou nunca amou,
Ou nunca se estrepou;
Ou sempre fingiu
E nem sequer existiu.

Fabiano Favretto

Céu fechado

Chove chuva,
Chove de montão.
Só não chove a tristeza
Deste pobre coração.

Fabiano Favretto

Desapega mas apega

Vi sua foto várias vezes
Mas lembro daquele 
Conhecido bordão:
"Desapega, desapega!"

Queria uma venda para às vezes
tapar o meu olhar,
Que adora essa doce ilusão:
Apega, apega.

Fabiano Favretto

Remendos

Nesse corte de meu coração,
Foi mal assim o remendo,
Pois sinto-me morrendo
Cada vez mais perto do chão.

Nestes remendos cardíacos,
Escapam frequentes palpitações
Como o embalo de mil corações 
Em grandes desgovernos cínicos.

Porém sei que os pontos vão,
E a cicatriz é que fica
Não tem como eu dizer não

Pois o amor não se explica
Nem explica-se a razão
Da dor que aqui se aplica.

Fabiano Favretto

O nó só

Esse nó que tenho falado,
É o nó em minha garganta
Que a cada dia mais apertado,
Minha felicidade espanta.

Fabiano Favretto

Só o nó

Poeta é somente só,
E não há par que faça
Ele desatar o nó,
Ver se está vazia a taça.

Fabiano Favretto


terça-feira, 16 de agosto de 2016

Esperança

A esperança
É aquela chama teimosa
Que tremula, tremula
Tremula no vento
Mas que nunca
Vai apagar.

Fabiano Favretto

Ansiedades

Ó ansiedade!
Se continuares
A corroer-me,
Haverá de matar-me.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Pouco

Olhar esta boca
Deve ser para poucos,
Pois a loucura é pouca.

Eu estou louco
Para olhar tua boca.
Tenho me sentido outro,

E isso me choca
Mas não me torna pouco. 
Que tal uma troca?

Se olhar é pouco,
Beijo tua boca
E não me sinto louco.

Fabiano Favretto

domingo, 14 de agosto de 2016

Aluguel

E eu aqui limpei todo o recinto, tirei o pó dos objetos e as teias de aranhas das prateleiras.
Deixei você morar aqui o tempo que desejasse ou achasse oportuno. Porém, não sei se foi a taxa do condomínio, o síndico, ou algum vizinho chato que fez você querer mudar de casa.
Somente peço que não se esqueça: Ao sair deste coração, por favor me entregue as chaves.

Fabiano Favretto

sábado, 13 de agosto de 2016

Vez

Avidez,
Acidez.
De vez
Em quando,
Talvez.

Fabiano Favretto

Oleiro

Reclamaste do barro em que tens caminhado,
Mas esqueceste que este é seu trabalho.
És bom oleiro, mas é um homem falho
Ao esquecer-te de cada vaso já trabalhado.

Da substância que vem do seio da terra,
Com água tu dá formas ao que não tem vida.
Lembra-me de Deus, mas de forma atrevida
Trava consigo mesmo constante guerra.

Nos vasos que óleos transportarão 
Ou que talvez carregarão águas
Tu tens colocado seu coração

Que pulsa constante em batida ávida
Enquanto escorre pelas suas mãos
A misteriosa argila da vida.

Fabiano Favretto




Breaco

Se mesmo após uma ressaca brava
Continuamos a beber,
Imagina como seria se esta não existisse.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

domingo, 7 de agosto de 2016

Imagem

Endeusando-me
Torno-me cada vez
Mais mortal.

Fabiano Favretto

Jejum

Costumava dormir de barriga cheia. E dormia satisfeito por assim dizer! Enquanto cochilava, facilmente surgia sorriso no rosto. Certo dia resolvi fazer um experimento: dormi com fome. Na verdade, sequer dormi. O barulho do estômago era combustível para o cérebro, e este não se aquietava. O coração começara a disparar, e meus reclames começaram a aparecer.
Noite longa, geladeira perto, vontade monstra de matar a fome. Resisti até raiar o dia, que nasceu ruim, difícil. Fraco, fiz o desjejum. Vesti as mesmas roupas, peguei o mesmo ônibus, a mesma fila, o mesmo tempo. Mas tudo é tão ruim hoje (deve ser porque não dormi), ou será que sempre foi? Me julgava enganado, mas não acreditava em meu engano.
Cheguei em casa, mas decidi repetir a experiência. Estava decidido a provar para mim mesmo que o ato de não jantar foi o que tornara meu dia pior. Não jantei. Deitei na cama, e olhando para o teto, ouvia o ponteiro do relógio parar - ou será que estava andando? A noite se arrastava, e os grilos ritmavam junto ao meu estômago sonoro. Senti saudade do conforto que um estômago cheio proporcionava. Critiquei-me mais vezes que todas as vezes que havia me criticado até então. Não sabia mais o que era fome e o que era dúvida. Um misto de enjoo e febre acorrentavam-se em minhas veias.
Repeti o processo mais algumas noites, até chegar à conclusão de que em mim, antes, havia mais estômago do que coração, mais ignorância que existência. Tive medo de nunca mais poder comer.
Então, na noite derradeira, havia decidido jantar, voltar à minha comodidade habitual. No prato por sobre a mesa, não via comida, não havia comida. Havia meu coração, meu cérebro e minha crítica temperada com sazon.
Comi tudo sem pensar, e dormi como um anjo, arrotando frases desconexas de penas, dores, poesias e realidades.

Fabiano Favretto

Aleluia

Pé de Aleluia - Fabiano Favretto/2015

Floresceu.
Floresceu.
Floresceu.
Floresceu,
Até que morreu.

Fabiano Favretto

Barro nas asas

Esperto é o João de Barro
Que faz sua casa ao alto
Longe dos predadores.
Paredes como a de um jarro
Feito de terra do planalto
De longe dos moradores.
Um precioso arquiteto,
Faz ao alto moradia
Da mais diversa matéria.
E quando o trabalho é completo,
Seja noite ou seja dia,
É feita morada não etérea.

Fabiano Favretto

Chega de Saudade!!


"Sim, você, nós dois
Já temos um passado, meu amor
A bossa, a fossa, a nossa grande dor
Como dois quadradões"


quarta-feira, 3 de agosto de 2016

bureaucrate

O amor,
O amor
É um burocrata.

Fabiano Favretto

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Amor Verdadeiro

Alucinação
Morte
Orgulho
Raiva

Veneno
Exclusão
Remorso
Dor
Abstinência
Distância
Enjôo
Ira
Revolta
Obrigação.

Fabiano Favretto

Canário

Poderia ter nascido
Canário de gaiola
Para cantar aborrecido
Uma música de Cartola.

Poderia ter cantado
Alguma canção bucólica.
Poderia ter chorado
Alguma valsa melancólica.

Poderia ter morrido
Canário de gaiola
Para morrer aborrecido
Abraçado com a viola.

Fabiano Favretto


Passou..

E aquilo que eu tinha sentido
Achava ser felicidade,
Mas era o efeito do vinho,
Agora é a triste sobriedade.

Fabiano Favretto

terça-feira, 2 de agosto de 2016

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Contracapa

Nunca gostei da capa.
Gostei mais do verso.

Fabiano Favretto

De baunilha que não é

Qual o cheiro
Da essência
De ausência?

Fabiano Favretto

Passo

Se minhas pernas me levassem
Onde todos os caminhos vão dar,
Andaria até as pernas doerem;
Mas o objetivo é nunca chegar.

Supondo que o cansaço chegasse,
O que eu haveria de fazer?
Esperaria que a temperatura abaixasse,
Ou estaria pronto para morrer?

Hei de prosseguir nesta trilha
Sozinho, com meu próprio fado
Avançando de milha em milha
Remoendo cada passo dado.

Fabiano Favretto

Sabe de nada, inocente

A minha maior
Ingenuidade
É pensar que todos
Os seus poemas
São para mim.

Fabiano Favretto

A vida

A vida é uma caixinha de pandora.
Fabiano Favretto

Bem vindo agosto, mas

Favor trazer mais certezas
Do que trazer mais durezas.

Fabiano Favretto


Mês do cachorro louco

Chegou mês de agosto
Para me deixar preocupado:
Entrará para coleção de meses
Que nada fiz,
Ou o que fiz, eu fiz errado?
Agosto,
Venha sem perdas,
Por favor!
Agosto, 
Espero que tu 
Não seja desgosto.

Fabiano Favretto