domingo, 25 de novembro de 2018

Sobres de outubro

Hoje escreverei tudo
O que não escrevi em outubro:
Até pelo que eu me lembro,
Nada escrevi neste novembro.

Escreverei sobre os dias
Que foram adiados de minha vida:
Estes foram somente corridas
Onde de prêmio nada havia.

Escreverei sobre as lacunas de vida
Que diariamente se sucederam:
Tantas as lacunas se criaram,
Que com a morte já tenho dívida.

Escreverei sobre os domingos,
Doloridos em sua essência:
Tenho nestes dias abstinência
De amores e de amigos.

Escreverei sobre a febre
E também sobre a náusea:
Tenho em mim essa ânsia
De viver de modo nobre.

Escreverei sobre a chuva
E sobre a neblina madrugueira:
A água me cai como uma luva
E a neblina me faz pensar besteira.

Escreverei sobre o amor
E sobre outros folclores:
Nem todas as coroas são de flores
Nem todo ouro tem valor.

E ainda escreverei sobre a morte,
Que se faz hoje a minha amiga:
Não por ser da vida, a inversa sorte,
Mas por ser a barreira mais antiga.

Escreverei sobre a ausência,
Que no mês passado dissipou-se:
De repente emancipou-se
Mas em mim ainda manteve essência.

Escreverei sobre viagens e embaraços
Dentro e fora da cabeça:
Que nenhuma distância permaneça
Fora da distância de um abraço.

Mas agora escreverei sobre a sorte,
E a fortuna que nunca me foi concedida:
Toda felicidade a mim proibida,
Será retificada após a morte?

Escreverei também sobre os ais
E sobre os estados de minhas mãos:
Seriam marcas naturais
Cicatrizes que nunca curarão?

Escreverei mais sobre aquele outubro 
Que tanto me foi alheio:
Se esse mês não foi devaneio,
Neste verso a verdade descubro.

Escreverei sobre o whisky,
Que tem sido meu segundo sangue:
Vampiro, sede que não se estingue,
Alcoólatra, medo, imundície.

Escreverei sobre o cigarro,
Que tem me deixado doente:
Amarelas meus dentes,
Palavra "amor" é um escarro.

Escreverei sobre a gasolina,
Sobre a borracha e sobre o aço:
Tanta mobilidade, tanto pedaço
Por uma dose de adrenalina.

E finalmente escreverei sobre mim,
Que de eu mesmo nada disse:
Quem me dera eu me descobrisse
No caminho de um mês com melhor fim.

Fabiano Favretto


domingo, 18 de novembro de 2018

Das confissões cibernéticas

Me desculpe, meu recanto,
Por aqui quase não mais vir,
Mas é que por enquanto
Tristeza não consigo sentir.

Tu que foi meu médico,
Um divã para minhas crises,
Um psicólogo, meu remédio,
Apoio, foco, criador de diretrizes,

A ti, meu blog querido,
Dedico este soneto,
Pois é um grande amigo,

E que sempre correto,
Esteve comigo,
E isso ainda será perpétuo.

Fabiano Favretto


quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Violeiro sem sertão

Quando o violeiro não tem mais sertão
Sobram somente magoas e a terra seca no Coração
Quando o violeiro esquece a própria vida
Mas recorda o passado, esta ferida tao doída

Eu procurei o meu sertão
Mas só achei meu coração

Quando o violeiro sabe o seu destino
Sobram somente pedras e terra seca no caminho
Quando o violeiro esquece seu ponto de partida
Recorre à sua sina, esta amiga tao querida.

Eu procurei o meu sertão
Mas só achei meu coração

Fabiano Favretto