terça-feira, 26 de agosto de 2014

2000 e doze

De repente
Me pego em 2012!
Olhando para a parede,
Tomando vinho
E ouvindo Caetano.
Sozinho.

Fabiano Favretto

Cor-de-Rosa


A rosa cheirosa,
Semi-aberta e desejada.
A rosa
Cor de rosa branca
Pálida à lamparina
E vívida na penumbra.
A rosa dos ventos
Do sul ou do norte,
Das amplas direções
Trazei-me sorte.
Rosa das rosas,
A rosinha e a rosa grande.
Do buquê,
A rosa na mão da morte,
E da cor do sangue
A rosa forte.
A rosa rosa:
Em fragrância tênue
Tua boca
Cor-de-rosa.

Fabiano Favretto

sábado, 23 de agosto de 2014

Trabalhador preocupado

Um olhar diferente à poesia de Carlos Drummond de Andrade chamada "Morte do leiteiro".


Há pouca segurança no país,
É preciso proteger-se.
Há muita violência no país,
É preciso proteger-se.
Há no país uma legenda
De que a justiça não funciona.

Então o senhor que é trabalhador,
De madrugada dorme em sono leve,
Com medo de que sua casa
Seja atacada por gente ruim.
Sua botina e  uniforme,
E sua marmita sobre a mesa
Indicam que alguém terá um dia cheio.
Trabalhando no subúrbio
Para trazer o pão de cada dia
E um pouco de recursos
À sua família,
Para que ela possa
Viver com dignidade.

Na mão os calos
Provenientes de trabalho árduo
Mas não menos digno.
Casa na periferia,
Pedreiro com
34 anos de idade.
Pai de família,
Vive preocupado
Em cada construção que trabalha.
Pensa em sua casa
Na segurança
E integridade do lar.

E como se a porta dos fundos
Fosse entrada para má gente,
Que pensa em furtar o bem alheio,
Conseguido com suor de muito tempo,
Arma-se o pilar da casa,
E esconde-se isto de todos.
Não deve-se fazer alarde
Nem barulho
Pois barulho nada resolve.

Nosso trabalhador tão preocupado,
Em cochilo sensível e leve,
Logo acorda.
É certo que barulho na madrugada
Assusta qualquer homem preocupado:
Um vazo de flor que cai,
Um cachorrinho que ladra
Ou um gato miserável.
Há sempre som que tira o sono
De nosso trabalhador.

Mas este barulho o deixa em pânico,
(ladrões adentram no bairro)
Só pensa em sua família.
O revólver que escondera na gaveta
É sacado com velocidade.
Justiça? Se faz com as mãos.
Os tiros desferidos
Matam homem inocente.
Pobre homem,
É tarde para saber
De onde era o coitado:
Os tiros foram dados!

Com o susto,
Corre para o meio da rua
E aos prantos berra:
"-Matei o pobre leiteiro!"
Bala que mata bandido
Pode prover injustiça
E sangue nas mãos de um trabalhador.
Atônito, o pedreiro não pensa em nada,
Nem lembra de chamar o médico.
Ao menos o lar está a salvo.
A noite se arrasta,
E a manhã custa aparecer.
Será um dia penoso
Para o nosso pedreiro
Que somente queria segurança.

Dos olhos petrificados
Do pedreiro preocupado
Escorre uma coisa cristalina,
Que é lágrima, suor.. não sei.
Entre os calos dos dedos
E o cano da arma
Ainda engatilhada,
Tremem as mãos do trabalhador.
Fundem-se no peito dois sentimentos
Formando um terceiro
Ao qual chamamos de remorso.

Fabiano Favretto

Noturno

As plantas noturas
Florescem em ar primaveril,
Aguardando a chegada
De um novo céu de anil.

Em noites quentes,
O aroma de flores surge,
Trazendo de maneira inconsequente
Uma lembrança que refulge.

Tal lembrança é certa
E nunca me deixa só.
Mas de que adianta lembrar
Algo que hoje é pó?

Fabiano Favretto

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Plátano


Em frente à casa,
No verão boa sombra faz.
E ao movimento da brisa pacata,
Som de tranquilidade traz.

No outono, secas as folhas,
Caindo forram o chão.
Trança-se uma complexa malha
De cores desta nova estação.

Chega o inverno rápido,
E d'árvore somente galhos aparecem.
Torna-se o caule um monumento álgido
Que mesmo aflito, vivo permanece.

 Calma e contente a primavera,
Chega trazendo seus raios de luz.
A árvore que por fora seca estivera,
Folhas verdes e novas produz.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Sorriso

Ah, aquele sorriso!
Como é bonita boca sorridente.
Sorriso simples, sincero e preciso.
Sorriso com um "quê" de inocente.

Acompanho estas curvas,
Dedicadas todas para mim,
E que me levam às alturas
E me trazem à chegada do fim.

O nome eu não sei
Desta que o sorriso me encanta;
Amanhã eu voltarei
Para não apagar este sorriso da lembrança.


Fabiano Favretto

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Jazz

O Jazz está me corroendo
Por dentro e por fora.
Em minhas veias vai percorrendo
E leva minha alma embora.

O Jazz têm sido minha heroína.
É certo: vou morrer um dia desses.
Bate o meu coração com ironia
Ao passo que minha vida desvanece.

Fabiano Favretto

domingo, 17 de agosto de 2014

O Gondoleiro do Amor

Teus olhos são negros, negros, 
Como as noites sem luar... 
São ardentes, são profundos, 
Como o negrume do mar; 

Sobre o barco dos amores, 
Da vida boiando à flor, 
Douram teus olhos a fronte 
do Gondoleiro do amor. 

Tua voz é a cavatina 
Dos palácios de Sorrento, 
Quando a praia beija a vaga, 
Quando a vaga beija o vento; 

E como em noites de Itália, 
Ama um canto o pescador, 
Bebe a harmonia em teus cantos 
O Gondoleiro do amor. 

Teu sorriso é uma aurora, 
Que o horizonte enrubesceu, 
-Rosa aberta com o biquinho 
Das aves rubras do céu. 

Nas tempestades da vida 
Das rajadas no furor, 
Foi-se a noite, tem auroras 
O Gondoleiro do amor. 

Teu seio é vaga dourada 
Ao tíbio clarão da lua, 
Que, ao murmúrio das volúpias, 
Arqueja, palpita nua; 

Como é doce, em pensamento, 
Do teu colo no languor 
Vogar, naufragar, perder-se 
O Gondoleiro do amor!?... 

Teu amor na treva é - um astro, 
No silêncio uma canção, 
É brisa - nas calmarias, 
É abrigo - no tufão; 

Por isso eu te amo querida, 
Quer no prazer, quer na dor... 
Rosa! Canto! Sombra! Estrela! 
Do Gondoleiro do amor. 

Castro Alves


Grande surpresa tive quando soube que esta poesia era a letra de uma música interpretada por Tonico e Tinoco. A música leva o mesmo título da poesia:


Fabiano Favretto

sábado, 16 de agosto de 2014

Viagem

Nas viagens que planejei,
Delas tu já faz parte;
Nem um instante hesitei
Em um dia chamar-te.

Dos caminhos a percorrer,
Estão as distâncias esperando.
Da noite ao amanhecer,
O tempo vai se esgotando.

O mundo em círculo,
Infinito se movimenta.
Em meio tal espetáculo,
Minha esperança se reinventa.

Viagem esta,
E viajem talvez.
Quem sabe a data é esta
De viajar outra vez?

Fabiano Favretto

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Resignação

Minha própira face
É esta que seguro
Em minhas mãos:

Um livro velho,
Surrado e sujo.
Pura resignação.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Casca

O mundo é casca.
O resto, é alma.

Rebeca Assis

Agradeço à minha amiga Rebeca Assis por permitir o compartilhamento de um seus pensamentos aqui em meu blog.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Soneto à Maria Santíssima

Imaculada mãe nossa,
O meu coração a ti pertence;
Guia-me para que eu possa
Sempre adorar o fruto de teu ventre.

És bendita e santíssima,
E roga por nós pecadores.
És mãe adorada e digníssima:
Sempre ajuda a nós sofredores.

És tu, Rainha dos Céus,
Protetora e mãe querida.
Esconda-me em seu véu

Para que nesta minha vida,
Eu permaneça fiel
À Deus nas minhas idas e vindas.

Amém.

Fabiano Favretto

Respiro o pó
Desta estrada de chão
Onde ando só.

O pó é o tempo,
A estrada é a vida,
E meus passos são incertos.

Fabiano Favretto

Arranhando mais alguns ponteios na viola caipira.

Aqui está mais um vídeo meu arranhando alguns ponteio na viola. (:


Fabiano Favretto

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Voglio


Quero seus lábios,
Quero sua boca.
Quero seu batom
Marcando minha roupa.

Fabiano Favretto

Não sei

Morri,
Mas minha consciência não.
Resisti
Às verdades do coração.
Persisti
No caminho da solidão.
Sobrevivi,
Mas não sei qual a razão.

Fabiano Favretto

domingo, 10 de agosto de 2014

Aos Pais

Pais,
Para mim
Paz.
Pilar de uma família feliz.
Feliz dia dos pais!

Sergio Luiz Favretto



Um abraço à meu pai querido (Sergio Luiz Favretto) que sempre presente está.

Fabiano Favretto

sábado, 9 de agosto de 2014

Samba

Meu destino é pandeiro,
E não vivo no passado.
Faço das escolhas ritmo
Pra tocar este viver sambado.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Flor

Não tem nome de flor,
Mas tem nos lábios
Dela a cor.

Não tenho dela amor.
Tem de mim, ela,
Pesado rancor.

Não tenho ela,
Mas tenho a flor.
Não tenho nada
Além de amor.

Fabiano Favretto

Soro

Sexta feira cinza,
Insípida como água
sem sal nem açúcar.

Pensamento ranzinza,
Dai-me tregua!
Já estou a caducar.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Timbre

Bem acho,
Que seu nome
Em minha voz,
Soa como música.
Você deveria me ouvir.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Ame!

Ame!
Utilize esta droga tão viciante
Que é o amor.
Esta droga que te faz
Amar aquela pessoa
Mais que a si mesmo.

É viciante desde
A primeira dose.
Em caso de abstinência,
Somente o tempo
É remédio.

Esta droga
Não se compra
Nem se vende.
Você mesmo pode fornecê-la
Mas nem sempre
A receberá de volta.

Há, porém,
Outras drogas similares:
A paixão (com efeito mais passageiro).
A amizade (te deixa drogado por vários anos,
Pondendo até mesmo te drogar para sempre).

Com certeza boa parte
Dos adultos
Já deu um "tapa" no amor
Quando no colégio
Pegou na mão da(o) menina(o) mais
Bonita(o) da sala de aula.
Amor juvenil - O primeiro
Contato com esta droga
Por vontade própria.

Todos somos reféns dela!
E um dia ou outro,
Estaremos viciados.

Não há restrições para uso.
Nem dose correta.
Não há overdose:
Use sem moderação.

É aconselhado
Introduzir
Esta droga
Nas famílias!

Os traficantes
Do amor,
Não são barrados
Pela polícia.

É o tipo de droga
A ser distribuída
Nas portas
Das escolas.

Ame!
Vicie-se!
E junte-se 
A essa legião
De pessoas
Que amam.

Fabiano Favretto

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Sensações


Da rosa o cheiro,
E do outono o frescor.
Da tua boca quero um beijo,
E do teu corpo o seu amor.


Fabiano Favretto

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Receita


Tenho comigo
A receita da felicidade.
Mas nao a preparo:
Sinto dificuldade.
Dos ingredientes,
Tenho somente a saudade.


Fabiano Favretto

domingo, 3 de agosto de 2014

Sazonal

Azul profundo
Os seus olhos
A me encantar,

E sua pele branca
Assim como
A luz solar

Denuncia
Formas aleatórias
De minhas mãos

Ao tocar-te
A sombra negra
De meu coração.

Sozinho
E calado
Na empreitada,

Na crescente
E feroz
Caçada

Tento assim
Cativar-te
Mesmo que não veja,

E  ignora-me:
Não importa
Quem eu seja.

Morro dias,
Morro noites.
Morro de vontade

De seu corpo,
Pura e franca
Sazonalidade.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Pensamentos de uma epifania

Confusa a vida se torna quando experimentamos novamente 
Aquelas sensações que nosso sofrimento 
Nos fez ver como coisas ruins.
Parece que o amor e a saudade são deveriam ser sentidos,
Que a vida é injusta e chorar é errado!
Às vezes paro e pergunto: Porque?
Porque essa tristeza não sana? 
Porque tudo que passou me magoa?
Porque tem que ser assim?
Porque nunca consigo resolver meus conflitos?
E eis que, agora, meditando acompanhada do silencio
Encontrei enfim as respostas.
Talvez chorar fortaleça, pois nas horas de tristeza vemos tudo com nitidez.
Talvez deva agradecer ao que se passou,por me trazer um aprendizado tão intenso.
Talvez eu perceba que me fechar pra vida, só a deixa mais amarga e complicada.
Talvez veja que amar e sentir saudade são sinais de que Deus existe, e 
Me proporcionou momentos, pessoas e sentimentos inesquecíveis.
Talvez quando eu parar de pensar "Talvez" e começar a usar "Sei que"
Estarei dando a importância devida ao que a vida me ensinou!

Julia Maier

Agradeço à minha amiga Julia Maier por permitir postar seus pensamentos aqui em meu blogue!

Pitada

Que neste novo mês
Os temperos
Sejam à gosto.

Fabiano Favretto