Minha língua não é culta;
Vive a lançar verbetes
E a percorrer passagens ocultas.
A língua lambe, mas acima de tudo
Sucumbe aos prazeres da vida.
A língua lembra, mas abaixo, contudo,
É refém da palavra proferida.
A vida começa dura,
Mas a língua sempre será mole.
A língua não perdura,
E na cova que palavras move?
A minha língua é agitada
Se esta certamente estiver
Na boca da minha amada.
A lingua é feita para amar:
O amor está na ponta da língua.
A língua é feita para viver,
Lamber os cantos da vida.
A lingua livre a lamber
É feita para viver de lambida.
Fabiano Favretto