sábado, 30 de junho de 2018

Demodê

Morrer de amor 
É tão ultrapassado!
Viver com amor
Me parece mais sensato.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Para onde

Perdi minha sexta,
Não sei onde ela foi.
Sei que ela se foi:
Nesta noite não houve festa.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Pena de morte

A morte é a pena
Que cai quando
O vento do tempo
Para de soprar.

Fabiano Favretto

Madeeeeeeeeeeeeira

Um grito em meio às árvores
É mais silencioso
Que uma árvore em meio aos gritos.

Fabiano Favretto

Prefixos

Meu coração é cheio de prefixos,
Que vão opondo DESamor e DESabrigo;
Há aqueles que quando vão me afastando, 
Vão ao mesmo tempo acabando comigo:
Me DESmascarando, me crucifico.
Prefixo A gosta de me negar:
Quando quero assim me afogar,
Tento me jogar no mar.
Se coloco A na frente,
Não me resta prefixo, me resta Amar.

Fabiano Favretto

A forca

Saturno tem menos anéis
Que os dedos de suas mãos.
Tem agora em seu coração
Veneno de mil cascavéis.

A lua reflete menos luz
Do que seus olhos bonitos.
Tem mais tempo que o infinito
Tem uma boca que seduz.

Tenho mais água na boca
Do que tem água no mar,
E tenho mais medo de te amar
Do que medo de ir à forca.

Fabiano Favretto


Mentirinhas

Eu não sei mentir
Que eu sei mentir muito bem,
E minto que te amo também
Só para te ver sorrir.

Fabiano Favretto

terça-feira, 19 de junho de 2018

Papo com E.T's. ou seres deste e outros mundos #1

- Se eu te dizer que vou pra biqueira, ou se vou pra Saturno, pra qual lugar acha que eu vou?
- Não faço ideia...
- Mano, eu falo em códigos, entendeu?
- Cara, não sei mesmo.
- Eu vou pra biqueira fumar uma pedra e de lá vou pra Saturno, manja?

Fabiano Favretto

domingo, 17 de junho de 2018

Homo Sapiens Fracassus

Fracasso como homem,
Fracasso como bicho.
E agora, como faço,
Me encaixo em qual nicho?

Fabiano Favretto

Poeta morre sozinho

Talvez tenha começado
A escrever poesia
Para justificar esta solidão
E também esta sina
Que me acompanha até então:
Poesia é minha mera justificativa
Para remoer toda esta situação,
E rir/ chorar de minhas amarguras,
Que sempre me atiram ao chão.

Estou a apenas um passo
De considerar-me poeta,
Para que de forma completa
Eu não assuma todo meu fracasso.

Fabiano Favretto

Soneto de toda sombra

Acaba mais um final de semana,
E com ele, minha vontade de viver,
Pois não tive nenhum momento de lazer
E agora meu peito só reclama.

Roubastes, sim, minha vontade
E pela falta desta, sinto remorso.
Mais uma vez assim me torço
Por achar que é dura a verdade.

Pareces bonita neste domingo,
E alheia à culpa alguma;
De ressentimento não tem um pingo,

E eu aqui nessa penumbra!
Esse domingo agora findo
Imerso em toda sombra.

Fabiano Favretto

sábado, 16 de junho de 2018

Somente nãos

É visto que não posso contar
E é visto que a presença faltaria,
Pelo fato de que não podes acreditar
Que eu sou uma boa companhia.

De todos os convites que aceitastes,
A nenhum honrou com sua presença.
Me deixou sem chão, me quebrastes
Sem se preocupar com o que aconteça.

Estou hoje deveras magoado
Pela sua falta de consideração.
Estou agora meio frustrado

E por isso, de antemão,
Te darei o recado:
De mim terá somente um "NÃO".

Fabiano Favretto

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Não tenho escolha

Vou procrastinar meu amor
Para o próximo dia dos namorados,
Pois esse ano estou ocupado
Armazenando todo o meu rancor.

Vou procrastinar minha paixão
Para o próximo dia de São Valentim,
Pois no momento não vejo para mim
Qualquer possibilidade além do caixão.

Vou procrastinar meu romantismo
Para a próxima data comercial,
Pois agora só vejo o cinismo;

Vou procrastinar esse tom nupcial
E evitar tanto consumismo:
Melhor esperar o carnaval.

Fabiano Favretto


Narciso enamorado

No espelho,
Eu namoro no espelho!
No reflexo do espelho
Que eu me vejo
Eu namoro.
E de nada mais o reflexo
Me interessa como eu mesmo,
Pois eu me namoro
E minha imagem eu amo.
Minha imagem eu namoro
E no espelho eu me amo.

Fabiano Favretto

domingo, 10 de junho de 2018

Futuro diálogo

O tempo para nossa primeira conversa
É hoje!
Mas o tempo para a minha coragem
É talvez amanhã.

Fabiano Favretto

Garota intensa

Garota imensamente intensa
Que em suas fotos me aparece,
E a mim tanto enlouquece
Por eu querer que me conheça.

Garota intensamente linda
Que em suas fotos, tatuagens vejo.
Vê-la pessoalmente é um desejo
Que agora não me finda.

Garota mais do que bonita,
Sua ausência é injusta:
Por tu me parecer infinita,

Por viver sem aquilo que ofusca,
Por ofuscar a estrela que conflita
E deixar esse desejo que me assusta.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Fases

Não acerto as crases,
Não acerto as frases:
São todas elas "quases";
São todas elas fases.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Força invisível

Oh centelha divina de esperança,
Sinal de celular que me afasta do ostracismo
E proporciona o acesso à rede
Para eu poder ver conteúdo irrelevante,
Permanecei aqui!
Sinal invisível que me anima,
Afim de possibilitar o uso do Whatsapp,
Não saia daqui!
Sem internet não há mundo,
Sem internet, tampouco há vida!
Afastai-me daqueles que vivem à sombra
Das verdades alheias ao Facebook.
Afastai-me daqueles que vivem
Suas vidas miseráveis
Sem qualquer like ou comentários
Em seus status!
Que todo wi-fi abençoe
E encha a casa
De conteúdo pífio
E fakenews.

Amém

Fabiano Favretto

terça-feira, 5 de junho de 2018

Tocante

O violino tocante
Agora neste tempo,
Me dá ar neste instante
E também me dá contento.

O som, um paradoxo,
Faz minha existência se esvair,
Não de modo ortodoxo
Ao fazer meu peito contrair.

As cordas e o arco,
Falta saliva em minha boca!
Neste rio musical, um barco,
Navega sôfrega a minha voz rouca.

Fabiano Favretto

Sonos e monstros

Não há razão.
Os monstros
Que em mim habitam
Se criam
À penumbra de minha lucidez.
O sono da razão
É a liberdade
De todas as feras
Que de mim são feitas.
O sonho da razão
É a meta que não alcanço,
E meus fantasmas
Se aproximam
Enquanto desfaleço.
Sobre esta mesa,
Meu corpo é inerte
Assim como meus pensamentos.

Fabiano Favretto



segunda-feira, 4 de junho de 2018

Desde que

A felicidade se encontra do outro lado da ponte,
Desde que ela não caia.

Fabiano Favretto

Este é um deles

Alguns poemas meus
São carne moída:
Servem somente
Para eu encher linguiça.

Fabiano Favretto

Ais as

Ideais,
Ideias.
Jamais
Tolas.

Fabiano Favretto

As ais

Ideias,
Ideais.
Tolas?
Banais.

Fabiano Favretto

Banquete e subterfúgio

Colocaram minha cabeça
Em um prato de prata
E em volta dela, meus pensamentos!
Nunca poderia achar
Que se comiam ideias
E de sobremesa, ideais.
Meu cérebro com gosto degustado 
Foi em mordidas breves acabado.
Não restando nada mais,
Devolveram minha cabeça
Livre de qualquer ímpeto.
Agora desses vazios banais,
Espero que a teimosia apareça.
Afinal, cabeça vazia
É oficina do capeta?

Fabiano Favretto


Nada a ver

Minha face
Tão defronte
Ao espelho
Explícito,
Explicitamente
Recuava
Ao reflexo
Convexo
Da minha
Retina
Que desatina
E não vê:
Nada a ver.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Cabelos, Rancores, Unhas, Raivas, Barbas e Ódios

Cabelos crescem
E às vezes caem;
Rancores crescem
E não se esvaem.
Unhas crescem
E são cortadas;
Raivas crescem
E são alimentadas.
Barbas crescem
E as aparam;
Ódios crescem
E não acabam.

Fabiano Favretto

Nunca fizeram

De contrastes e Destinos
Meus poemas
Não fazem sentido.

Fabiano Favretto

Vela Sol

Vela
Sol.
O vento
Assopra,
Apaga
Vela
Sol
Com
Uma
Nuvem.

Fabiano Favretto

Shit, but Gold

Merda e ouro.
Tão diferentes,
Tão parecidos:
Há quem mate
Por qualquer merda,
Há quem faça merda
Por qualquer ouro.
Merda para uns,
Ouro para outros.
A merda do vizinho
É sempre mais dourada.
O ouro do vizinho
É sempre uma merda.
Merda é ouro,
Ouro é merda.

Fabiano Favretto