terça-feira, 30 de dezembro de 2014

365º

Neste tricentésimo
Sexagésimo quinto
Dia,
Estarei só.
Mais uma
Vez.

Fabiano Favretto

Meteoros

Mas se minha língua varresse 
As estrelas do céu da tua boca,
Cadentes seriam elas:
Meteoros de desejos.

Fabiano Favretto

domingo, 28 de dezembro de 2014

Complexo do Nada

Esse tédio que me mata
E a monotonia me ataca.
Vão me limitando,
Me dizimando,
Até chegar ao máximo
Complexo do nada.

Fabiano Favretto

(:

Hoje eu sei
Que para a vida toda,
Uma amiga ganhei.

Fabiano Favretto

sábado, 27 de dezembro de 2014

Não te enganas

Podem passar os segundos,
horas e semanas,
O tempo em geral é relativo.
Mas bem no fundo,
Perceba se não te enganas:
Sonhar é preciso.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

A Palavra se fez homem

Quando a estrela no oriente brilha,
Ressoam as trombetas celestiais,
Enquanto os anjos em harmonia
Cantam ao Rei do universo e da paz:

Que toda a Terra se curve,
E que todo joelho se dobre
Perante sua magnitude!

A Palavra se fez homem!

A Esperança nasceu
Do ventre da Imaculada.
O milagre aconteceu!

A Palavra se fez homem!

Deus se fez menino
E entre nós habitou.
Deus tão pequenino
A nossa paz restaurou.

Que toda a Terra se curve,
E que todo joelho se dobre
Perante sua magnitude!

A Palavra se fez homem!

A Esperança nasceu
Do ventre da Imaculada.
O milagre aconteceu!

A Palavra se fez homem!

Fabiano Favretto


Divisão

Classifico as pessoas em dois grupos: as que gostam das frutinhas do panetone, e as que não gostam.


Fabiano Favretto

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

In finito

Até onde vai o infinito
Se a minha visão alcança
Somente o palpável?

Haverá algo bonito
Se a distância enlaça
O tempo notável?

Infinitamente finito
O coração na dança
De ritmo pautável

N'um som prescrito
Feito de mudança:
Dor imensurável.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Vendi

Na loja do velho judeu
Comprei um esmalte
Pra pintar de vermelho o céu
E o chão cor-de-malte.

Comprei pergaminhos
E fiz um belo mapa
Pra marcar os caminhos
De minha jornada.

Na loja também eu vendi
A minha esperança,
E depois logo percebi:
Faltavam minhas lembranças.

Com a acetona da tristeza
Removi o esmalte do céu.
Removi minha avareza
E rasguei da alegria o véu.

Fabiano Favretto

domingo, 21 de dezembro de 2014

Gato no poste

Fizeram um gato no poste
Que deu o maior pepino.
Pegaram o autor do calote
Que vivia fazendo felinos.

Ladrão de eletricidade
É ladrão de qualquer forma.
Qual a necessidade
De um gato na reforma?

Fabiano Favretto

Espinho

Cada ódio plantado,
É espinho que nasce
No coração.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Ornitorrinco

Ornitorrinco
Dor de ouvido.
Sempre olvido
O ornitorrinco.

No otorrino,
Ornitorrinco.
Ornitorrinco
No otorrino.

Ornitorrinco,
Laringe e dor.
Nariz, do doutor
Ornitorrinco.

No otorrinolaringologista,
lá foi o ornitorrinco.
Ornitorrinco, o doutor
Ornitorrincolaringologista.

Fabiano Favretto

Impermeável

Em chuva de amor, meu amor,
Meu amor usa guarda-chuva.

Fabiano Favretto

Me agradam

Me agradam
Os cachinhos de seus cabelos,
E me hipnotizam
Da sua voz os timbres belos.

Fabiano Favretto

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Corpoesia


Encontrei em teu corpo
A mais perfeita poesia,
E ali em tua pele, absorto,
Cada frase eu relia.

Cada curva sua sussurrava
Palavras não escritas ao vento,
Enquanto minha boca lavrava
Os seus lábios de contentamento.

Nas rimas de nossos movimentos,
Encaixaram-se palavras sem contexto
Das quais todas sem incrementos,
Fizeram do prazer livre manifesto.

Dividiu-se em estrofes e versos
Esse seu sorriso coloquial.
Fitou-me com olhar de universo,
Amor, imensidão sem igual.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Às vezes prefiro a rotina

Quando amanhece, a luz do Sol se infiltra pela janela fazendo transparecer as partículas de poeira que silenciosamente vagam no ar sem direção ou destino determinado.
Com os olhos semicerrados, olho o relógio na parede tentando adivinhar que horas são, mesmo sabendo que já estou atrasado para compromissos inexistentes e horas-extras de vagabundagem.
Me espreguiço no sofá verde e fedorento, e me assusto quando encosto num pedaço de pizza mofada que estava numa caixa de papelão engordurada entre o sofá e a parede.
Me esforço para levantar, e o faço de subto movimento. Minha cabeça dói: efeito dos narcóticos e bebedeira do dia anterior. Arrasto-me fraco e incerto, me escorando pelas paredes. Chego ao banheiro e me deparo com um cheiro horrível de bosta e vômito. Faço ânsia. Sinto nojo e vergonha de mim mesmo quando vomito em minha própria roupa, e depois no banheiro já todo fodido e imundo. Ligo o chuveiro e me arrasto até debaixo daquela água morna com cheiro de cano enferrujado e tétano. Fecho os olhos enquanto respiro ofegante, desejando dar um tiro na minha própria cabeça.
A campainha toca.. Não, não era a campainha, e sim o despertador do celular.
Com os olhos semicerrados, olho o relógio do celular. Sinto-me satisfeito por ter acordado daquele sonho, mesmo sendo uma manhã de segunda feira. Olho meu quarto e fito a janela que permanece escura. O dia ainda não havia amanhecido ao todo.
Fui trabalhar.

Fabiano Favretto

domingo, 14 de dezembro de 2014

Sereia

Longe do mar
A sereia
De granito.

Sem lar,
Sem areia
Sem chão bonito.

Sem amar,
Em uma cadeia
Com coração aflito.

Fabiano Favretto

Foto: Fabiano Favretto 14/12/2014

sábado, 13 de dezembro de 2014

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A pé

O motor do meu peito
Está há muito sem combustível
Para poder tirar-me deste leito,
Feito de dor fria compreensível.

Não há força motriz sufiente
Para sustentar minha alegria,
E não há encanto permanente
Que conserte esta avaria.

Enquanto estiver vazio
De amor o coração no peito,
Vagarei a pé, sozinho,
Já que não há outro jeito.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Perfume

Ao meu lado ficou,
E seu aroma senti.
Um segundo passou:
Um século vivi.

Foi mulher perfumada
Que ao meu lado sentou.
Segui minha estrada,
Mas seu aroma ficou.

Fabiano Favretto

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Gargulia

As gárgulas observam
Os tolos andantes mortais,
Que aos poucos revelam
Suas sórdidas imundícies reais.

Vomitam incoerências
Em noite tempestuosa,
Onde comentam da decadência
E da falta da vida virtuosa.

Da rocha formados,
Exibem a imagem do mal.
No frio aconchegados,
Aguardam eles, a chegada do caos.

Fabiano Favretto


Dezembro

Ei dezembro!
Porque voas assim?
Pensei ainda ser setembro.
Se corres, o ano chega ao fim!

Ei dezembro!
Estás voando, companheiro.
Se bem me lembro,
Ontem mesmo era janeiro.

Fabiano Favretto

domingo, 7 de dezembro de 2014

Resquício

Por mais que eu queira entendê-la,
Nem com reza brava eu consigo.
Deve ser sinal para esquecê-la,
Uma evidência concreta: um aviso.

Não mais a procurarei
Mesmo que de mim fuja
Toda a felicidade.
Em minha cabeça murmurei,
Que mesmo que ela em sonho surja
Não haverá cordialidade.

É um basta para o início
De uma coisa que não teria fim.
É um ponto, um resquício
De algo que fez parte de mim.


Fabiano Favretto

Micro Infarto

Eu quero,
Mas ela não.
Me desespero!
Que dor no coração.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Tango para as estrelas

Quando as tardes findam,
Findam logo sem penar.
Mas ainda deixam a saudade
E não voltam a buscar.
Ah, quando a tarde vai-se,
Na frieza a certeza esvai-se.
Mas as estrelas surgem
Com glória e lúmem.

E agora canto,
Este tango para as estrelas:
De onde o brilho e tanto,
Fazem das minhas virtudes 
Tão pequenas;
E agora canto,
Este tango para as estrelas:
De onde a saudade no entanto,
Faz de mim um amante
Repleto de incertezas.

Com esta noite presente,
E no peito este rancor,
Somo à minha alma ausente
A vontade desse amor.
Mas se as estrelas brilham,
As constelações advinham:
A minha sorte findada,
E minha dor resignada.

E agora canto,
Este tango para as estrelas:
De onde o brilho e tanto,
Fazem das minhas virtudes 
Tão pequenas;
E agora canto,
Este tango para as estrelas:
De onde a saudade no entanto,
Faz de mim um amante
Repleto de incertezas.

Mas se a noite passa
E a madrugada aparece,
Olho triste pela vidraça
A  última estrela que perece.
Se chega a madrugada,
Eu de alma machucada
Durmo esperando noite nova
D'onde a saudade se renova.

E agora canto,
Este tango para as estrelas:
De onde o brilho e tanto,
Fazem das minhas virtudes 
Tão pequenas;
E agora canto,
Este tango para as estrelas:
De onde a saudade no entanto,
Faz de mim um amante
Repleto de incertezas.

Fabiano Favretto

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Nome

Neste momento,
Para mim,
Todas as estrelas
Cabem no espaço
Do teu Nome.

Fabiano Favretto

Silêncio

O silêncio da madrugada
É o combustível da paz.

Fabiano Favretto

Apague as velas.

Há 22 primaveras em que sou eu mesmo.
Há quase 8030 dias estou vivendo.
Há tanto tempo passado, que já não me lembro
Se os dias passados ainda estão valendo.

Eu faria diferente, tudo o que ainda não fiz.
Eu faria tudo melhor para talvez ser feliz.

Há tanta coisa por vir, mas sinto-me velho.
Há tanto lugar para eu ir, mas eu não quero.
Há tanta coisa a consertar mas deixo assim;
Às vezes seria melhor que chegasse tudo ao fim.

Eu seria mais coerente com a minha vida.
Eu seria melhor se estivesse de partida.

Fabiano Favretto

Flor da saudade

Lá na roça eu conheci
Uma cabocla manerosa
Lá num gaio um bem-te-vi
Derrubava flor cheirosa,
Derrubava flor cheirosa.
Foi na sombra do ingazeiro
Que a cabocla me contou
Que era mesmo um cativeiro
Amarrada pelo amor,
Amarrada pelo amor.

Você não óia mais pra mim
Não sei porque, não sei não
Vou matá-lo ó bem-te-vi
Que não tem mais coração
Bem-te-vi não cante assim
Não derrube flor cheirosa
Não zombe mais de mim
Nem da cabocla manerosa.

Pois no dia que parti
Lá da roça pra cidade
Ainda eu vi o bem-te-vi
Derrubar flor de saudade,
Derrubar flor de saudade.



Composição: Armando Neves (1902 - 1974)
Interpretação: Cascatinha e Inhana.

Música formidável.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Cantada Astronômica

-Comprei um telescópio!
-Sério?
-Sim! Apareça lá em casa que te faço ver estrelas.

Fabiano Favretto

sábado, 29 de novembro de 2014

Tinha eu

"No meio do caminho tinha uma pedra."
Na pedra do meio tinha um caminho.
No caminho do meio tinha uma pedra.
No caminho da pedra tinha um meio.
No meio da pedra tinha um caminho
Na pedra do caminho tinha um meio.
Tinha no meio, na pedra e no caminho.
No meio disso tudo, tinha eu mesmo.

Fabiano Favretto

Banca

Eu havia dito
Que em você eu apostei
Todas as minhas fichas.

Eu havia escrito
Que por você eu já joguei
Todas as minhas fichas.

Mas baby você sabe,
A banca me quebrou.
Mas baby você sabe,
Que minha sorte acabou.

Eu queria recuperar
Tudo o que um dia
Havia apostado em você.

Eu queria recuperar
Tudo o que um dia
Havia sentido por você.

Mas baby você sabe,
A banca me quebrou.
Mas baby você sabe,
Que minha sorte acabou.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Cem mais, nem menos.

Sem óculos escuros, 
Sem fone de ouvido.
Sem música, 
Sem protetor solar.
Sem respiração, 
Estou sem ar.

NA ENCRUZILHADA,

Sem nada. 
Sem ELA,
Sem pinga,
Sem vinho,
Sem vodka.
Sem esquecer. 

Quem? 
VOCÊ!

Sem você, 
Sem teto.
Sem chão.
Sem sal
Sem Sol
Cem nuvens

DE ALGODÃO.

Sem vontade.
Sem vergonha,
Sem juízo.
Sem piedade,
Sem pedaços,
Sem cacos espalhados.

Do que?
E QUANDO?

Sem do que, e
Sem saber do que mais.
Sem ser de vez em quando,
Sem o "querer voltar atrás".
Sem versos,
Cem sentidos.

SEM VOCÊ ME QUERER MAIS.

Fabiano Favretto

28

Novembro,
Uma locomotiva.
Dos trinta vagões
Só sobraram dois.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Luz da Lua

As suas mãos o caminho apontam,
E os seus olhos dizem o contrário.
No caminho desatinos se aprontam,
Mesmo que a viagem não tenha horário.

Se estivermos na grama deitados,
E a luz do Sol em nosso rosto bater,
Esperarei desconcertante e exasperado
Que seja o Sol do amanhecer.

Os teus bonitos cachinhos ruivos;
Também me agrada tua doce boca de flor.
Andarei um dia por estes caminhos curvos
Cuidando para não morrer de amor.

Te darei a Lua como presente,
Para vê-la refletida em seus olhos.
Na luz prata, pálida e adjacente,
Está teu rosto gravado em meus sonhos.

Fabiano Favretto

terça-feira, 25 de novembro de 2014

E vou mesmo!

Vou comprar um carro
Para cair na estrada,
E cruzar os estados
Em uma longa jornada.

Vou andar pelo mundo
Sem pensar no amanhã.
Vou virar vagabundo
Dormir só de manhã.

Com os pés na areia
Andarei pela enseada,
Donde o sol semi-clareia
Em meio à madrugada.

Cruzarei os hemisférios,
Em busca de mim mesmo.
Desvendando os meus mistérios
Não viverei mais a esmo.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Faculdade

Eu queria aprender
A arquitetura dos teus beijos
E a engenharia dos teus abraços.

Eu queria te surpreender
Realizando a arte dos seus desejos
E o design de nossos enlaços.

Mas não sou formado
Na faculdade de amar:
Isto aprendi sozinho.

E não estou capacitado
Para ao seu lado não ficar:
Me ensine devagarinho.

Fabiano Favretto

Despertador

Meu despertador
Desperta a dor
De cedo acordar
Em uma manhã
De segunda-feira.

Fabiano Favretto

domingo, 23 de novembro de 2014

Jasmim

Está doce o cheiro
Das flores do jardim.
O aroma é por inteiro
Das flores de jasmim.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Profanador

Profano e insensível
Da pele rosa e coração vazio.
Excitação incompreensível,
Ladrão insensato e frio.

Os olhos pequenos
Mochila de restos mortais.
A roupa suja e com remendos
Tingida com tons sepulcrais.

Seu propósito é desconhecido
E seu caminho é incerto.
Sua pobre alma tem empobrecido
Por ver sempre a morte de perto.

Um colecionador de ossos
Aficcionado em seu próprio mundo.
Cavando na propria vida fossos
Caindo cada vez mais ao fundo.

Porco-homem,
Bicho sem moderação.
No pós-mortem
Não precisa bater um coração.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Acorde

Desenvolvi uma melodia
Com uma nota só.
A nota tinha o ritmo por companhia.
Não, eu é quem estava só.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Vontade

A minha vontade
É de falar contigo,
Mas a minha vaidade
E meu orgulho (um castigo)
Me despedaçam,
Me embaraçam ,
Me atormentam
E me tornam
Sozinho.

Fabiano Favretto

Costas

As tuas costas 
Desnudas
Eu vejo,
E seus cabelos 
Negros
Roçam roçam
A sua pele branca.
Uma pintinha
No ombro
Me instiga a querer
Ver mais você,
Beijar sua pele
E olhar em seus olhos.
Você sentiria arrepios
Se eu encostasse
A minha
Barba semi-ruiva
Em suas costas?
Mulher bonita
Do rosto oculto.
Onde se esconde
Você,
Tão bonita flor?

Fabiano Favretto

Tato

Fechei os olhos
Para não te ver,
Mas já havia
Sentido seu rosto.
Impossível esquecer.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Etéreo

O tempo é etéreo,
Senhor do nunca
E do eterno.
Eu profundamente espero
Que essa esperança
Vá pro inferno.

Fabiano Favretto

domingo, 16 de novembro de 2014

Reparo

Para todo coração partido
Deve haver massa corrida.

Fabiano Favretto

Galante

Plácida caixa vazia
Repleta de conteúdo algum.
Preencher-te-ei com azía
Já que é meu único bem comum.

Um oco não mais habitável;
Uma casa sem janela.
Não há mais amor palpável
Que seja proveniente dela.

Buraco negro pulsante
Andrômeda e Órion reluz.
Decepção, sentido galante.
Agora hei de levar minha cruz.

Fabiano Favretto

Coração

Músculo idiota!
Queria eu ser
O Homem de Lata.

Fabiano Favretto

Perdido

Nem mesmo uma 
Seta pra indicar o caminho,
Vivo errante
Meus desatinos.
Estou perdido,
É verdade.
Mesmo sem destino,
Busco o caminho
Da felicidade.

Sergio Favretto

Obrigado pelo poeminha, pai *-*

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Divã

Era uma hora da manhã,
E talvez eu tivesse 
Alguma chance de dormir.

Mas eu estava deitado no divã
E se nada acontecesse,
Estaria a madrugada a surgir.

Como pensar e dormir,
Como sonhar e acordar.

Estou eu a me definir
Por muito tempo te amar.

Era uma hora da tarde,
E talvez eu tivesse
Alguma chance de acordar.

Mas eu era um  covarde,
E o medo empobrece
A vontade de caminhar.

Como voar sem cair,
Como viver sem penar.

Estou pensando em persistir
Por não deixar de te amar.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Tango por nós dois

Um tango por nós dois
Era o que eu precisava.

Mas um tango,
Um tango não é egoista:
É por todos os casais 
Apaixonados.

Mas eu queria um tango,
Um tango somente por nós dois.

E que pudéssemos
Dançar na noite escura
Até o raiar do dia.

E na manhã que nasce,
Deitar de mãos dadas
Com você
Na macia cama de colcha
Remendada.

Olharíamos para o teto,
E eu diria que te amava.
E amo mesmo.
E amarei.
Sempre.

Mesmo que não exista
Um tango por nós dois.

Fabiano Favretto

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Tum tum, tum tum

Quando falo com você,
Meu coração parece a bateria de John Bonham 
Na música Moby Dick.

Fabiano Favretto



segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Máscaras

Há algo de enigmático
Em um baile de máscaras:
As faces em mistério enfático
E a dança de expressões dramáticas.

Tudo é o que não parece
E nada parece o que não é.
Em ritmo o violino permanece
E ao som mexem-se os pés.

Por detrás das máscaras felizes,
A mentira de uma aparência falsa:
Lágrimas de rostos tristes
Embalam juntas da bucólica valsa.

Fabiano Favretto

Compasso

No lirismo de seu beijo
Achei a melodia certa
Para o compasso
De meu coração.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Doce

O fato é que doces ganhos
São mais gostosos
Que os doces comprados.

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Doce de boteco
É o melhor doce que existe:
É simples, econômico.
Uma vontade que persiste.

Mas o melhor deles,
Oh, sim!
É o doce de abóbora.

Dentre eles,
O mais doce enfim,
Não é mera metáfora!

De coração é a forma
Deste doce de abóbora.
Não bate, não reclama.
Ora, que função contraditória!

Se seu coração não é doce de abóbora,
Deve ser tão doce quanto.
Não tenho vontade nenhuma de ir embora
Quando sinto a doçura de seu encanto.

Fabiano Favretto





quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Não normal

O que há de legal na normalidade?
O que há de singular na trivialidade?
Troco tudo o que é normal
Pelo inverso
Do que é convencional.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Parada

Entramos no trem da vida
E não sabemos em qual estação 
Devemos descer.

Desde o nascer estou de partida,
E não tenho intenção
De querer muito saber.

Só queria no entanto,
Agora falar com você.
Te entregar um recado:

Só queria no entanto,
Que você nesta viagem
Sentasse ao meu lado.

Fabiano Favretto

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Navegante

Minha vontade agora,
Era descobrir-te 
Um pouco mais.

Não vou embora
Por gostar-te
Dos planaltos até o cais.

Eu volto sempre
Pelo ato de viajar.

Neste seu corpo,
Onde há terra, amar.

Fabiano Favretto

Frutilidades

Duas laranjas cochichavam
Enquando atentas observavam
As ricas frutas-do-conde que passavam:

- Que desnecessário.. Porque passear de cestinha pela cidade?
- Concordo contigo.. Pra quê isso? É muita frutilidade.

Fabiano Favretto

Esfinge


A esfinge
Finge ser
A ex do faraó.

E

A ex finge
Ser a esfinge.
Chega a dar dó.

Fabiano Favretto

Pontual


Digo que você
Não teria aparecido
Em melhor hora
Em minha vida
Do que agora.

Fabiano Favretto

Frequência

A frequência 
De minha alma
Não sei se é 
De urgência
Ou se é calma

Em sintonia
Dessincronia,
Divergência,
Melancolia
E imprudência.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

À minha Balsa Nova

O município onde vivo
É o melhor do meu país.
De lá não sou nativo,
Mas lá eu sou feliz.

A minha Balsa Nova
Pelo Rio Iguaçu banhada
Prospera, se renova
Em terra boa encantada.

Balsa Nova dos Papagaios,
Do Mirante do Cristo admirada.
Pela Ponte dos Arcos
Teve sua assenção presenciada.

A Balsa Nova que conheço,
Tem gente querida e hospitaleira
Que com alegria e apreço
Defende a sua nobre bandeira.

Balsa minha, município querido:
Esta Balsa Nova é meu lar.
Mesmo que aqui não tenha nascido,
Deus permita minha vida aqui findar.

Fabiano Favretto

Cabelos dourados

A moça dos cabelos dourados
Vai longe com passos apressados.
Tem objetivo certo em sua mente
Fazendo seu caminho com andar contente.

Decidida a praça cruza
Olhando o relógio que as horas acusa.
Decerto tem compromissos,
Mas talvez não haverão imprevistos

Pois com passos apressados
Vai a moça de cabelos dourados.

Fabiano Favretto

Amanhã

Amanhã, amanhã
O que será?
Se eu não ver
O seu sorriso?

Amanhã de manhã
O que virá?
E no entardecer, 
Tão impreciso?

Desde que
Eu tenha você
Desde que
Eu veja você.

Podem cair as estrelas,
Pode findar em fogo a Terra.
Pode ter uma terceira guerra,
Podem secar flores singelas..

Posso viver

Se amanhã
Eu ver você.

Desde que amanhã
Eu tenha você.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Acontece.

O universo conspira
E o destino é célebre.
O meu cérebro pira
E não entende o que deve.

As coisas acontecem
Contra a minha razão.
Os sentimentos perecem
Por eu não ter evasão.

Se não há destino,
Não hei de correr.
Se não há objetivo,
Por que hei de sofrer?

Cansei de esperar
Pela justiça que não vem.
Comecei a suspeitar
Que ser bom não convém.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

No momento

No momento
Num lampejo,
O que eu mais quero
É o seu beijo.


Fabiano Favretto

Eu digo:

Não tenho paciência nem vontade
Para discutir hoje sobre qualquer coisa.
Não tenho medo nem piedade
De pessoas que não tenham mente precisa.

Repudio qualquer forma de extremismo,
Atos gerados pela ignorância.
Não desperdiçarei minhas palavras a esmo
Contra frases pobres sem relevância.

Não me afastarei de amigos
Por terem uma opinião diferente à minha.
Eu não criarei inimigos
Por seguirem qualquer outra linha.

O cenário é preocupante,
Mas hoje em dia qual não é?
Nesse incerto tempo andante
É difícil manter-se de pé.

Tenho opinião formada.
Não venham dizer o que é bom ou ruim.
Todos aqui nesta jornada
Com certeza terão o mesmo fim.

Pela esquerda ou direita.
O caminho perigoso é o do meio.
Se a liberdade de sua vós é feita,
Aja e mostre o porque veio.

Aja com serenidade
Sem esse ódio no coração.
Se odiando em comunidade,
Como preservaremos nossa nação?

Fabiano Favretto

sábado, 25 de outubro de 2014

Atirei

Atirei
Para todo o lado
Mas acertei
Um tiro atravessado

No coração seu,
O meu tiro ricocheteou.
E não prevaleceu
O amor que já findou.

A mira minha
É incerta, imprecisa.
O tiro tinha
Minha alma indecisa.

Fabiano Favretto

Molhado

Um projeto de vida
Bom como a uva:
O que eu queria,
Era beijar na chuva.

Fabiano Favretto

Pensando

Penso nos seus beijos:
Dia e noite os desejo.
Penso na sua boca:
Toda ansiedade é pouca.
Penso nos seu corpo:
Isso me deixa louco.
Penso em você.
Mas não a tenho... Por quê?

Fabiano Favretto

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Falácia


Às vezes questiono
A minha propria sanidade
Por acreditar nas loucuras tortas
Da falsa capacidade.

Me pergunto o por que,
Desta doença da esperança,
Se aqui jamais sopraram
Os nobres ventos da mudança.

Pedra na cabeça
Daqueles que questionam.
Antes fossem em meu caminho,
Mas até elas me abandonam.

Foda-se qualquer merda
Que não me faça ver direito.
Foda-se esta falácia:
"Tudo é bom, tudo é perfeito".

Fabiano Favretto

Estou

Estou ansioso,
Precipitado
E temeroso.

Temo
Em ansiar-me
E precipitar-me.

Ansio
Por não temer
E precipitar.

Me precipito
Ao ver que temo
E ansio.

Estou realmente
Ansioso,
Precipitado
E temeroso.

Fabiano Favretto

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Segredo.

Gosto de falar sobre o amor,
Embora eu não saiba nada sobre.

Fabiano Favretto

Refusando

Fracassei
Em fracassar
Quando quis
Deixar de te amar.

Mas deixar-te
É impossível.
E não amar-te,
Inadimissível.

Refusando,
A mim mesmo
Recuando,
Fiquei a esmo.

Fabiano Favretto

Chora

Madeira e cordas
Justapostas.
No braço
De minha viola
Notas contrapostas.

Soam melodias tristes
Sobre céu, terra, mar,
Tudo que existe.

Mas eu não choro..
Chora viola.

Fabiano Favretto

domingo, 19 de outubro de 2014

500!

Eis que agora chego no...

E que venham muitos mais durante minha vida.
haha

Fabiano Favretto

Late

Meu cachorro
Se chama Chocolate.
Gritei o nome dele,
E entendi somente:
Late late late.

Ele latiu?


Fabiano Favretto

Mais alguns textinhos de meu pai (:

Aqui alguns textos de meu pai:

Estávamos sozinhos. Pensei em tomarmos
Uma taça de vinho.
Mas por que vinho,
Se eles são tintos, brancos ou rosê?
Não importa!
Desisti de entender, servi duas taças de vinho:
Uma para mim e outra para você.

Sergio Luiz Favretto


E mais esse:

Vi lindas rosas quando olhei pela janela.
Mas por que rosas, se elas são vermelhas,
Brancas e amarelas?
Não importa. Colhi para você, das rosas,
A mais bela.

Sergio Luiz Favretto


Agradeço novamente a meu querido pai, por permitir postar seus textos aqui em meu espaço.

Eu acho que...

...O amor não é exatamente como estes dos filmes e novelas. O amor acontece quando durante a manhã se dá o primeiro beijo amargo e seco. O amor acontece quando o casal senta um ao lado do outro, e juntos contabilizam as despesas da casa. O amor acontece quando marido e mulher lutam diariamente pelo bem da família. O amor acontece quando as adversidades se tornam o combustível da união. O amor real acontece e meio aos espinhos. Se é amor realmente, nas dificuldades ele há de permanecer.

Fabiano Favretto

sábado, 18 de outubro de 2014

Pernilongo chato

Eu sou
Aquele pernilongo chato
Que sobrevoa todo o seu corpo
Mas pica somente
Entre meio seus dedos.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Pedala

Ela
Pelada
Pedala.
Minha
Magrela
Sem freio
Sem nada.

Fabiano Favretto

Enseada

Neste mar navego:
É tanda onda, água, imensidão.
A este mar eu me apego
Ao claro da luz, som de trovão.

Por esta praia eu ando:
É tanta areia ao meu redor!
Nesta praia estão meus planos
De tornar-me cada vez melhor.

Neste oceano de meus dias
Há tanta dor, tanto penar.
E nesta praia de alegria,
Da esperança faz-se o lar.

Meu coração já é pequeno,
Para nele oceano habitar.
Mas na enseada do teu abraço,
Há dor que possa eu não suportar?

Fabiano Favretto

Escrevi para você

Escrevi para você
Uma canção de amor.
Mas não a cantei
Por existir ainda rancor.

Escrevi para você, também,
Um soneto ao luar.
Para que nas noites frias
Tenha algo a me consolar.

Escrevi para você uma epopéia
Com rimas fracas de significado:
A cronolologia desse amor
Sujo, frio, e resignado.

Fabiano Favretto

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Viajante

Sou viajante
De última hora
Que chega logo
E que já vai embora.

Sou viajante
Do tempo e espaço
Do tempo presente
E do espaço em pedaço.

Sou viajante
E viajo assim:
Nessa viajem constante
Que um dia terá fim.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Deixe-me escrever

Deixe-me escrever,
Vejamos..
Sobre você!

Acerca de te querer,
Enganos,
E amor precoce.

Sobre o amanhecer,
Desenganos
E a falta de sorte.

Sobre sobrescrever
Os planos
E evitar a morte.

Acerca de esquecer
Cotidianos,
Erros atrozes.

Fabiano Favretto

Poeira

Por essa estrada de chão
Eu tenho passado.
A poeira da imensidão
Tenho levantado.

O pó da minha existência
Tem abaixado,
Mas em sua nobre essência,
A estrada tem me ensinado.

Fabiano Favretto


Estrada para a casa do Vovô

sábado, 11 de outubro de 2014

Geometria

Vértices e arestas,
Sólidos geométricos
O teu corpo.
Um poliedro,
Com faces múltiplas.

O quadrado de seus catetos
São o dobro 
Da minha força.

Se meu sentimento
Não fosse geométrico,
Certamente morreria
No quadrado 
De sua hipotenusa.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Me larga!

Ela chega sem aviso
E domina meu corpo.
Tento evitar,
Mas sua força é descomunal.

Ela me esgota
A ponto de eu não querer
Mais nada.
Absolutamente nada.

Por algum tempo
Permanece afastada,
Mas chega um dia
Em que ela me visita..

E não larga tão cedo!

Quando estou com ela,
A temperatura sobe.
Mesmo que pareçam estar
-10 graus fora das cobertas.

Ja peguei ela várias vezes,
E também sei que ela
Já dormiu com muitas pessoas.
Sempre estou a dispensá-la,
Mas hora ou outra ela voltará.

Gripe desgraçada!

Fabiano Favretto

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Truco

A primeira é deles,
E trucar na segunda é tenso.

Meu parceiro quer trucar,
Mas eles erguem pra seis tento.

Tenho o 3 para segunda,
E meu parceiro tem o "copa".

Mas e se eles tem o "gato"...
Aí corremos dessa joça.

Meu 3 de ouros faz a segunda
Meu parceiro se prepara:

Berra truco, e tem resposta:
- SEEEEEIS SEMENTE, GURIZADA!

Mando cortar e sai o espada.
É só alegria no momento

Berramos alto na bancada:
NOVE, NOVE, NOOOOVE TENTO!

Mandam cortar e logo desanimam
Ao verem a carta do meu parceiro

Acho que no mínimo eles erraram
Achando que éramos "facãozeiros".

 Fabiano Favretto

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Afogado

Mas será que desmancha
O meu castelo de areia?
E será que me encanta
O canto da sereia?

Para onde vão as ondas
Ao som da arrebentação?
Vão sós e sem delongas
Para a arrebatação?

O vento é que tem a culpa,
Ou são as ondas egoístas?
Levam dos frutos da vida a polpa,
E da mente palavras otimistas.

Onda pastora das conchas,
Neste terreno infértil habitado.
Da vida difícil debochas
Mas teme ao lembrar o passado.

Mas quando chega a noitinha,
Podem soprar os fortes ventos.
A força que vês é só minha
A maré vem servir de alento.

É mesmo forte
A maré que a noite chega:
Mas com grande sorte,
Ela vem e me aconchega.

Nesta fria madrugada,
Restam conchas e detritos.
E na areia encharcada,
Sofre o meu coração aflito.


Fabiano Favretto

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Os 4 momentos de uma manhã de segunda-feira

1 - Negação:

Quando o celular desperta e você não consegue admitir que segunda-feira chegou.

2 - Frustração:

A raiva momentânea e a vontade de não ir trabalhar.

3 - Aceitação:

Acabo por me conformar e levanto rápido da cama, pois preciso pegar o ônibus.

4 - Arrependimento:

Deveria ter ficado dormindo.

Fabiano Favretto

domingo, 5 de outubro de 2014

Mas,

Para onde?
Para onde fugir?
Se aqui triste eu fico
Minha alegria é de ir.

Mas,

Para onde?
Para onde fugir?
Se daqui eu desisto
O que me resta é partir.

Mas,

Para onde?
Para onde fugir?
Para traz tudo eu deixo
Menos deixar de sorrir.

Mas,

Sorrir onde?
E quando sorrir?
Se saudades eu sinto
Mesmo antes de partir?

Fabiano Favretto

Nós

Nós.
Nós que não se desamarram.
Nós não nos amarramos.
Nós com nós cegos
Em nós mesmos
Nos encontramos.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Crônicas de um Caipira #8

Para Nhô Filisbino, o dia de hoje é triste, frio e cruel. Mas carrega consigo esperanças.

O caipira, coitado, derramava as lágrimas quentes sobre a madeira gelada que estava a serrar.
É madrugada de domingo, e o Sol preguiçoso, custa a nascer. Ele não quer que nasça.
Com tábuas e pregos, vai tecendo a estrutura. Martela, bate e queixa-se do frio.
Ele pega uma pá e começa a  fazer uma cova. O trabalho o deixa satisfeito, mas lembra-se que o dia é triste.
Às 6 e meia da manhã os raios solares iluminam a estrutura em formato de caixão.

O dia amanhece, e antes que sua esposa acorde, ele volta à sua casa e deita-se à cama. Poucos minutos depois, Nhá Gertrudes acorda.

- Ô véio, ocê não cumprou a cama pra minha mãe inda? Ara, ela chêga hoje ômi.

- Num precisa não véia! Eu mêmo que fiz a cama. Tâmo meio sem dinhêro.. a prantação de cebola esse ano num deu boa não. Mais, como adoro minha sogrinha resorvi fazê uma surpresinha. Tenho certêza que ela vai caí dura de felicidade. 

- Crédo veio! Num diz isso não!

- Ué! Pode acontecê.. Ela pode gostá taanto da cama, que se batê as bota, vai querê sê sepurtada juntinha com a cama. Pois é. E como sô um cara previnido, fiz até um quarto pra ela!

- Como assim, véio? Exprica direito isso!

- Num é iguar aqueeeles quartão que tem na casa do barão lá.. Mais até que tem uns sete parmo de artura! 

- Sete parmo? Ocê feiz uma cova pra minha mãezinha? Foi? Seu bocó de mola!

- Eita lasquêra! Muié que só recrama mêmo! Se quisé dêxo uns quatro pármo só...

Fabiano Favretto

Pura

Manga madura,
Margaridas e açucenas.
Você é a fruta pura
Que o meu coração anseia.

Pena e pergaminho,
Caligrafia em nankin.
Vou escrevendo o caminho
Que lhe traga até a mim.

Estrada sinuosa,
Cerca, rio e barranco.
Com nota virtuosa
Na minha voz seu nome eu canto.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Não sei

Não sei,
Deve ser coisa minha:
Errar quando estou certo
E não errar quando podia.

Não sei,
Mas é bem sua cara:
Acertar enquanto erra.
Mas errar é coisa rara.

Não sei,
Deve ser o nosso jeito:
Nada certo
Nem perfeito.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

5 minicontos de terror contemporâneos e cotidianos.

1 - Tirou o extrato bancário de sua conta e viu seu saldo negativo.

2 - Andava até o trabalho quando escutou uma trovoada. Estava sem guarda-chuva.

3 - Desceu a ladeira de bicicleta. Estava sem freio.

4 - Trancou o carro com a chave dentro.

5 - Segunda-feira: Que prova?

Fabiano Favretto

Outubro

Outubro chega apressado
Deixando para trás,
Setembro finado.

Que seja este outubro,
Um mês excelente
Para que todos em tudo
Tenham alegrias frequentes.

Que seja mês de bonança,
Para que ao final, juntos,
Tenhamos força e esperança
De começar tudo de novo.

Fabiano Favretto

Guarda-roupa

Sinto calor e frio
Nesta meia-estação.
Um gelo de escritório
E lá fora um solzão.

Não sei se uso blusa,
Ou uso bermuda.
De manhã o frio abusa
E à tarde o tempo muda.

Como posso precaver-me
Em uma estação assim tão louca?
Estou querendo trazer
Ao trabalho meu guarda-roupa.

Fabiano Favretto

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Tela branca

Há uma tela branca.
Respiro fundo.
O barulho das teclas
Ao decorrer do tempo
Me agrada.

Tento colocar
Meus pensamentos em ordem
Cronológica, alfabética,
Ou qualquer que seja
A melhor forma/ ordem.
Se é que exista fórmula
Para tal organização.

Leio.
Releio.

Apago.
Escrevo.

Publico.
Torno racunho novamente.
Esqueço.
Relembro.
Visualizo.
Publico outra vez.

Guardo as sobras
Das palavras e frases
Em meu cérebro.
Quando está cheio,
Recomeço novamente:

Há uma tela branca..

Fabiano Favretto