domingo, 31 de dezembro de 2017

Girassol

Manda essa chuva embora
Para longe do meu coração,
Que a luz do Sol agora
Tomará toda a imensidão.

Esse Sol que chegou no momento
Fazia-se oculto desde então,
Mas agora em novo tempo
Veio livrar-me da escuridão.

Poderia a chuva molhar os olhos
E o barro em meus pés prender-me,
Mas fiz das lágrimas ladrilhos
Para assim eu conhecer-te.

O Sol que agora me ilumina
No momento está distante,
Mas a sua luz o amor culmina
Que a saudade já é constante.

Fabiano Favretto

Meu maior acerto

Talvez tu tenha sido o que de melhor
Me ocorreu neste fatídico ano.
Em uma época de enganos,
És a única certeza que eu tive - a maior.

Fabiano Favretto

O que me ofereces

Transcrever-te em versos
Não é fácil como pensei.
Fácil seria percorrer campos ermos
Que um dia já andei.

Porém tu és caminho misterioso,
Uma rosa que não desabrochou
E que assim não me revelou
Qual o seu desejo fervoroso.

Pois bem, o Sol ainda nasce
E a primavera se foi há algum tempo,
Mas quem sabe a rosa floresce

E nesse sublime momento
Eu possa ver o que me ofereces
Dando a mim um certo alento?

Fabiano Favretto

Quero ser Orion

Não sei se tu irá querer
O pouco que tenho a te oferecer:
A minha companhia
E quem sabe alguma poesia.

Sei que sou limitado
E ainda repleto de falhas;
Talvez algo que tenho te valha
E seja de seu agrado.

Sois tão bela e fulgurante
E da natureza és parte como Ártemis,
Porém é mais benevolente

E alheia à toda maldade, és feliz;
A tua boca anseio constantemente
Tornando você tudo o que eu mais quis.

Fabiano Favretto

sábado, 30 de dezembro de 2017

Versinho das 17:40

Por mais que a distância me mate
E por mais que a saudade aperte,
Não tem nada que a sua lembrança aparte
Afinal te querer não é um flerte.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

vinte

Se verso vistes
Ou vice-versa,
Em vinte versos
Eu versejava
Versos tristes.

Fabiano Favretto

Drink

Todo jazz
É um convite
Ao álcool.

Fabiano Favretto

Chuva

Para Francielle

Todas as águas que hoje correm,
Acabam por chegar ao mar.
As águas que em meus olhos nascem,
Nascem por te admirar.

Se a chuva é o bastante
Para poder nos distrair,
Façamos dela fator importante
Para poder deste modo nos unir.

Assim que cada água cair,
Poderia tu em meu abraço estar
E em ti eu fazer carinho, fazer-te rir
Afim de toda sua tristeza espantar.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Quarta à noite

Desde ontem eu tenho pensado
Na tua presença, e essencialmente
Na tua forma tão assim, eloquente.
Lembro de ter te beijado.

Lembro inclusive de seus olhos,
Eles atuavam ao mesmo tempo
Em que me mostravas contento.
Eram olhos bons, mas perigosos.

Eu ainda tenho pensado em seu abraço
E lembrado dos arrepios por sentir
Seus beijos carinhosos em meu pescoço.

Toda noite de quarta deveria possuir
Alguma possibilidade desse enlaço,
Do sereno, e de seu perfume eu sentir.

Fabiano Favretto


terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Aracnofobia

O que me preocupa
De forma tamanha
É ter achado somente
A perna da aranha.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Poema ascoso I

Cagando lendo Pessoa,
Cagando lendo Drummond;
A vida tá tão bosta
Que tu só caga pro meu coração.

Fabiano Favretto

sábado, 16 de dezembro de 2017

Ofélia II

Por mais sublime que nos livros seja,
E que tivestes morte entre águas e flores,
Eu preservo na memória a sua imagem
Com cabelos ruivos, mãos suaves e cores.

Fabiano Favretto

O rio ainda corre

Todo esse calor me faz querer
O frio sério do inverno,
Pois o frio da solidão é o inferno
Que todo dia me fazes viver.

Quando a noite chega sozinha
E traz consigo essa brisa pífia,
Entrega a mim zombarias:
Sórdida e simples artimanha.

Ofélia, tua ausência me preocupa,
Mas o meu orgulho é maior que eu,
E todo meu ser assim já ocupa.

Ofélia, o que você me ofereceu,
Com a morte uma disputa,
Em ti buscar, o que não é meu.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Olvido surdo

És o poema mais triste
Que eu já escrevi,
Com versos que vivi,
Com os "nãos" que me rimastes.

És dor e ilusão,
Onde nas estrofes invento,
Lágrimas, ao sabor do vento
E maldita solidão.

És a métrica do absurdo
Onde mora a palavra mortal,
Que dita sempre em múrmúrio

Rasga o silêncio fatal
De um olvido surdo
Entregue à todo o mal.

Fabiano Favretto

Boêmio

No boteco
Bateu a bituca
Depois
de Batucar
A guimba
No balanço
Da balada.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Tentador

Destruí minha mente
Afim de tentar te encontrar,
Mas não pude te achar
Nem em meu inconsciente.

Sou um tanto deprimente
Estando sufocado em angústia.
De mim já não tenho empatia
E meu viver já é dormente.

Destruí meu coração
Em busca de um amor,
Mas o quebrei sem intenção

Me restando somente dor.
Estou ficando sem ação
Que o final é tentador.

Fabiano Favretto

Polos

Os opostos se repelem,
Os atraídos se atraem.
Os distraídos se atrevem
E os traídos de distraem.

Fabiano Favretto

Você e eu

Você e eu,
Não temos como dar certo,
Afinal não aconteceu
Nada além do incerto.

Somos componentes
Da receita do desastre,
Eternos reagentes
De uma química nunca ilustre.

Você e eu,
Não temos como ser felizes;
Nenhum de nós esqueceu
De nossas cicatrizes.

Somos incongruentes,
Dois números irreais
E tão assim inequivalentes
Nos tornando racionais.

Você e eu,
Como água e óleo juntos
Não misturados, mas valeu
Todo o tempero dos elementos.

Somos diferentes
E em tudo que me vi, te enxerguei.
Somos diferentes
E em tudo que te vi, eu te amei.

Fabiano Favretto

Um e dois

Vamos dançar agora
A valsa que nunca dançamos,
Pois o tempo passa e avançamos:
A vida não demora.

Vamos valsar agora
A dança que nunca valsamos,
Afinal o contento passa e ficamos:
A felicidade vai embora.

Vamos rodar agora,
Pois o ritmo está marcado;
Não quero ir embora

Queria contigo ter ficado,
Porém do ritmo estás fora
Por ter sempre me matado.

Fabiano Favretto

23:23

As horas contam
Sobre você,
As horas contam
Como você me deixou.

As horas contam
Sobre mim,
As horas contam
Como o meu eu me ensinou.

Mas as horas contam
E sempre fui tão ouvinte.
Agora é tarde
E as dores se aprimoram.

As horas contam
E já passam das onze e vinte,
Então agora é tarde
E esse tempo me apavora.

Fabiano Favretto

domingo, 3 de dezembro de 2017

Lua cheia de nós

A Lua Cheia
Cheia de crateras
Cheia de significados.
A Lua Cheia
Cheia de sonhos 
À força arrancados.

Fabiano Favretto

Nada

Cara, quando você chega
À uma noite de domingo,
Você percebe que não
Te restou nada além de
Uma madrugada
De ansiedades e fantasmas.

Fabiano Favretto

Do compasso do tempo

Cada ano somado
É subtraído de tua existência,
E assim, em essência,
Seu tempo é aniquilado.

Em cada aniversário passado,
Comemora-se o tempo presente,
Ao passo que nem sempre este
Merece ser comemorado.

Quanto mais existo, menos sou
Pelo fato de que menos me resta.
Desse sólido, me sobraram as arestas

E lembranças do tempo que passou;
Seriam as causas, estas,
Determinantes de quem sou?

Fabiano Favretto

Defeito

O único defeito do vinil
É ter que sair do seu profundo
Estado de melancolia
Para virar o disco na vitrola.

Fabiano Favretto