domingo, 29 de setembro de 2013

Enamorado

Posso dizer que me encantei. Não sei como você realmente é, nem o que pensa. Nunca ouvi uma palavra sua. Somente sei que me encantei. Seus olhos fazem-me perder em um labirinto de ansiedade sem fim, e sua boca faz-me querer sempre estar perto de ti, mesmo que a distância não possibilite.
Olho suas fotografias. Meu coração em êxtase dissolve-se. Meus músculos enrijecem pela carência de seu abraço. Meu olfato busca seu perfume em todos os cantos, mesmo nunca tê-lo conhecido.
Permaneço um covarde, um pobre, um vagabundo. Permaneço um Poeta, Anônimo, Enamorado!

Fabiano Favretto

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Gole

De gole em gole
O vinho da taça
Aos poucos
É aniquilado.

O vinho vai,
A taça fica.
Você some.
E agora?

Mais uma taça por favor!

Fabiano Favretto

Sabor da minha infância - Por Giane Favretto

Este texto é de autoria de Giane Favretto (Minha irmã).


Certa manhã.

Certa manhã após meu curso de inglês, passei pela praça da matriz da cidade. Sentei um pouco no banco e comecei a lembrar de momentos que vivi em minha infância. O dia havia amanhecido ensolarado. Então resolvi tomar um sorvete, fui até a banquinha antiga de sorvetes que fica na outra extremidade da praça, em baixo de grandes arvores que fazem uma sombra fresquinha em dias de grande calor. Cheguei e pedi um sorvete, a moça da banquinha me perguntou se eu gostaria de um sorvete de máquina ou de bola, nesta hora eu sorri.
Os sorvetes de máquina marcaram minha infância, meu pai sempre que íamos passear, comprava desses sorvetes de maquina para mim, o qual eu chamava de sorvete de rosquinha. Não exitei e pedi um sorvete sabor abacaxi de máquina. A filhinha da moça da banquinha, deveria ter por volta de uns 5 anos de idade me olhou bem séria e falou:
- Eca, esse sorvete não tem gosto de nada, parece suco gelado, compra outro moça.
A moça olhou com cara de severa e repreendeu a filha, mas eu disse que não precisava se zangar com a menina e sorri. Mantive meu pedido, agradeci e sai. Caminhando, imaginei aquela mesma menininha, já adulta, com a minha idade, indo até a mesma banquinha para comprar sorvete, e uma atendente oferecendo o sorvete de bola que ela mais gosta... E talvez outra criança vai dizer que aquele sorvete não tem gosto nenhum, e talvez ela também mantenha seu pedido, não vai ser culpa dela, assim como não me zanguei com o que a menininha disse, as geração vão passando, e quando a gente se torna adulto muitas vezes não importa o sabor, mas o sentimento e a nostalgia do momento. Foi o melhor sorvete que tomei depois de muitos anos, ele pode ate ser aguado e sem gosto para muitos, mas para mim tem gosto doce e a lembrança linda da minha infância.

Giane Favretto


Muito bom, Gi! E obrigada por deixar eu postar seu texto aqui :P
Beijos :*

domingo, 22 de setembro de 2013

Euforia

Alegraste minha noite
Assim como os pássaros
Alegram um dia quente
De primavera.
Senti-me eufórico
Como se houvesse
Tomado vinho tinto
Do Mediterrâneo.
Mas o que
Impressionou-me
Foram suas poucas palavras,
Que como poesia saíam 
Em esplendor infinito,
Ressoadas pela doçura
De sua boca
E assim gravadas 
No mármore gelado
De sua ausência
Ao que posso chamar de
SAUDADE.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Crônicas de um Caipira #5

- Chapér de páia?
- Tá aqui.
- Vara pra pescá Jaú?
- No borná!
- Minhóca e sagú pra pegá lambari?
- No borná devolta!
- Facão pra matá cobra?
- Na bainha!
- Páia de mío e fumo do bão?
- No borso da jaqueta.
- Pinga da bôa? Daquela arretada de boa?
- Vancê dexo no barranco de novo!
- Intão levamo uma reserva.. vai que tá vazío o litro..
- Tá certo! Pinga no borná!
- Intão vâmo pescá!
- Ô se vâmo cumpádi!

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- Chegâmo no rio!
- Ê belezura!
- Ô cumpádi arcânça a vára e uma minhóca!
- Já arcanço! peraí! Mas, o quê?
- Que foi cumpádi?
- O borná tá cheio de ropa drentro!
- Como assim cumpádi?
- Eu num sei! Bem que eu tava achando levinho levinho...
- Intão vâmo simbóra! Pescá de que jeito sem vára?
- Intão simbóra! Me ajuda a subí o barranco!
- Da a mão! Upa! Ta pesadão né cumpádi?

Quando consegue subir, o litro de pinga que um dia foi esquecido no barranco, cai dentro do rio.

- Êita dróga! perdemo a pinga agora!
- Iii cumpádi simbóra duma veiz então!
- Piór é chega em casa sem pêxe e a véia brigá com a gente!
- Nêm me fale, nêm me fale!
- Vamo inventá uma descurpa pra véia não brigá..
- Ô se vamo! O que pode sê?
- Num sei! Vâmo pensá no caminho!

Os dois compadres vão se aproximando de casa e não pensam em nenhuma desculpa para explicar o que aconteceu.

- Acho que é mió fala a verdade..
- É mêmo.. Mais vamo apanhá da véia!
- Peraí que diácho é aquele negócio?
- É um borná! O nosso borná! Mi enganei!
- Mais você é burro mêmo!
- Ô seus infeliz! Cadé meu borná com as ropa? Fui descê lá no córgo pra lavá ropa e só tinha treco de pesca drento do borná! Me explique isso!
- O infeliz do cumpádi pegô inganado!
- Mas não se preocúpe, deu locúra nos pêxe e ele sairam tudo d'água! Tão tudo frigindo lá dentro já!
- Ô véia que belezura! Vamo entrá cumpádi! Vâmo que tem pexe frigido!
- Ô se vamo!

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- Mais esse pexe tá cum gosto de pinga!
- Tá mêmo! Que que deu?
- E eu sei lá, seus infeliz? Só frigi os pêxe!
- Peraí! Óia no armário! É a garrafa que caiu n'água!
- E não é memo?
- Porque a garrafa ta ai véia?
- Ela veio descendo junto co rio e os pêxe tudo pulando fora d'água! Engraçado que a garrafa tava abrida!
- Hehehe! Êta pinguinha da boa! Se não deu pa tomá, vamo comê com farinha!

Fabiano Favretto

domingo, 15 de setembro de 2013

Selvagem

Selvagem é a minha vontade de te abraçar,
Apertá-la em meus braços
Como num gesto de guardar-te
Dos males do mundo
E prender-te nos confortos de minha afeição.

Selvagem é o impulso
De procurar seus lábios constantemente
Que como uma presa escondida
Ocultos estão
De seu predador.

Selvagem é o tempo
Que mata, cansa e corrói a tudo,
Reduzindo a nada
A distância que juntos andaríamos
Pela estrada da felicidade.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Abobrinha

Quando o assunto em questão se trata de legumes e frutas, é melhor ter paciência:
Temos que resolver os pepinos e abacaxis desta vida,
Ou enfiar o pé na jaca de uma vez!
Agora chega: Pararei com essa mania de falar abobrinhas.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Abacaxi

Comecei este texto pelo título. Talvez seja esse o erro, ou talvez não haja problema no ato e errar. Sabe-se que tenho um pouco mais que uma linha escrita. Agora quase duas. Não importa, continuarei.
Este parágrafo é chato - Pulemos para o próximo.
Continua chato. (Reler parágrafo anterior).
Chato ainda. Acho que vou dormir.. Afinal, quase tudo acaba em abacaxi.

Fabiano Favretto

Planos

Planos: Qual a finalidade?
Se a cada segundo tudo muda,
Não há o porque de lançar
A sorte ao vento.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Caldo de Cana

Do Barigui
O caldo de cana
Refrescante Estava,
E a menina
Não o quis
Dividir.

O caldo de cana
Doce doce
E com limão.
Foi tomado
Inteiro
Pela menina gulosa.

E você se pergunta:
"Porque nada rimou?"
Foi embora a rima
Com a menina
Que com sede
Me deixou.

Fabiano Favretto

domingo, 8 de setembro de 2013

Lua

Lua nova,
Sempre escondida.
São escuras as noites:
Parece perdida.

Lua Crescente
Com tanta esperança
Muito elegante
E com graça tamanha.

Lua cheia
Prateada esfera
De poeira coberta
Com muitas crateras.

Lua minguante
Esvaindo-se vai
Refazendo o ciclo
Nova em folha ela sai.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Foice

A foice quase caiu. Quase foi-se.

Fabiano Favretto

Vai-se

Inspiração,
De mim já se afasta:
Assim rapidamente
Tal qual fumaça.

Sobe ao teto
Em fina linha.
Vai-se embora
Com minha alegria.

Foi para longe
E não volta mais.
Deixou saudade,
Vontade jamais.

Fabiano Favretto

terça-feira, 3 de setembro de 2013