quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Porque

Escrevo porque 
Assim me testo,
E também contesto
O contexto
Do meu ser.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Insatisfeito

Por mais que eu queira
Escrever melancolia,
Poesias tristes não me vêm,
Resta-me a alegria.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Hoje

Hoje vai ter
Cateretê e Cururu do "bão"
Porque afinei
E deixei tinindo 
O meu violão.

Hoje vai ter 
Festa com catira
E pagode ensaiado
Porque trocaram as cordas
Da viola caipira.

Hoje vai ter
Baile na roça
E bastante comida boa.
Todos felizes e reunidos
Em frente à palhoça.

Fabiano Favetto

domingo, 23 de fevereiro de 2014

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Eu?

Poeta, eu? Um ninguém.
Ninguém quer saber.
Saber é ter poder.
Poder de não ser um poeta.

Poeta, eu? Sou alguém.
Alguém quer saber.
Saber que tenho poder.
Poder de ser um poeta.

     Poeta, eu? Mais ninguém?
Ninguém entende o saber.
Saber talvez, dê algum poder.
Poder de ser ou não um poeta.

Poeta, eu? 

Fabiano Favretto

Período

Comprei uma ampulheta.
Quebrei-a
E ao vento espalhei
Toda a sua areia.

Comprei uma clepsidra.
Quebrei-a
Ao mar a levei
E a dei à uma sereia.

Comprei um relógio de pulso.
Quebrei-o
Não levei à lugar nenhum
Não havia mais tempo.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Singeleza

Mesmo se por (des)ventura amaldiçoar as Estrelas,
Elas jamais omitirão de ti o brilho que possuem.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Crime Leguminoso

Era uma vez uma cebola
Que por um tomate era acompanhada.
Certa noite na penumbra,
A cebola foi atacada.
Com um golpe intenso,
Levou uma "baita" facada.
O tomate chorou
Quando a cebola foi cortada,
Mas o tomate também
Teve mesma sina desgraçada:
Teve o corpo fatiado
E as sementes espalhadas.

- Mas que fome me deu.. Vou fazer uma salada!

Fabiano Favretto

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Ouro

Eu ando
No vento que vem no norte.
Eu remo
Contra as ondas que dão má sorte.

Eu pulo
As tormentas do mau-agouro.
Eu sinto
O meu sangue tornando-se ouro.

Eu falo
Palavras maiores do que a morte.
Eu crio
Medidas para ser mais forte.

Eu voo
Nas tempestades de um tornado.
Eu forjo
O meu destino do aço mais honrado.

Eu recrio
A minha vida colocando-a em aposta.
Eu prevaleço
Vencendo a morte como resposta.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Germinação

Arei a terra
E semeei rancores.
Reguei com perdão.
Nasceram amores.
Fabiano Favretto

Andarilho

Descalço e a pé.
No ladrilho
Anda com fé
O andarilho.

As pernas cansadas
De carregar sua vida,
E nas trouxas guardadas
Uma era esquecida.

Com passo incerto,
E no caminho do tempo.
O rosto coberto
Porém sem alento.

Anda o andarilho
Com o mundo nas costas
Deixa o rastilho
Pegadas inexatas.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Definição

Afinal o amor,
Não precisa definição.
É o querer-amar sincero;
Coisa que vem do coração.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Ode

I

Oh, mar azul!
Faz-se em tons matizes
E a procissão de corações
Tão navegantes
Insiste em prosseguir,
Mesmo que os Ventos do Destino
Enlaçados às Ondas do Infortúnio
Abalem todos os corais
Arquitetados de confiança.

II

As pedras na praia
Jamais estarão fatigadas,
Assim como as ondas
Jamais estarão para serem
Serenas e doces.
O beijo mais azul
Há de precipitar-se
Em momento sublime
Na linha uniforme
Ao qual chamamos de 
Horizonte.

III

Cardumes de peixes
Fazem-se verdadeiras constelações.
Na penumbra,
Os barcos ao longe
Como pirilampos,
Encontram-se abraçados
E esvoaçados
Sobre a superfície
Aveludada e imprecisa do acaso:
Venturança e Fortuna..

IV

Como és gigante,
Oh Mar!
És colosso fluido
E cristalino.
És sal;
És vida;
És tudo, e contudo,
E sobretudo,
És mais que tudo.

Fabiano Favretto

Redenção

Troque o elevador
Pela  redentora
Escadaria.

Fabiano Favretto

Onda

Onda, onda é
Como um véu de noiva:
Tece sua renda
Na superfície plena.
Onda,
Num beijo sacramental
Sei que juntas em êxtase
A água, a areia e o sal.

Fabiano Favretto

Tarde

O barco na tarde
Vagarosamente balança
Vagarosamente oscila
Vagarosamente avança
E vagarosamente desliza.

A cidade passa pela janela
E diminui sempre mais

A saudade pela janela adentra
E não me deixa jamais.

Fabiano Favretto

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Sepultado

Fundo eu enterrei
Aquela carta,
E junto eu sepultei
O que ainda me resta:

Uma declaração
Bem declarada.
Uma aflição.
Final de uma cruzada.

Mas enfim,
A carta não foi lida,
E por mim,
Deverá ser esquecida.

Ao pé do limoeiro,
Jaz o que por ela escrevi.
Que lentamente a terra e o barro
Apaguem tudo o que por ela vivi.

Fabiano Favretto

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Estrela

Poder ter uma estrela,
E ao amanhecer
Perdê-la
Faz-me padecer.

Padeço pela noite
Com triste pensamento:
Faltou-me a sorte,
Restou -me o sofrimento.

Eu haverei de esquecer
O brilho que as estrelas possuem!
De minha mente irá desvanecer
A saudade dos sentimentos que iludem.

Mas não se enganem,
O céu ainda poderá brilhar
Mesmo que no coração fecundem
Desejos ocultos de querer-amar.

Eclipse estelar,
Astronauta sem nave espacial.
Como é triste o luar,
Correm lágrimas de sal.

O amanhecer torna-se
Não menos dolorido.
Se o dia não findasse,
O que haveria acontecido?

Chuva de meteoros,
E um desejo malíssimo.
Impactos sonoros,
A entropia em nível máximo.

Ah, galáxias!
Berço das constelações!
De que adiantam estrelas novas,
Estão fatigados os corações.

Estrela minha,
Vai-se embora, desapareça!
A vida em linha,
Seguirá sem que eu te esqueça.

Fabiano Favretto