sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Já o fiz em pensamento

Solte os cabelos,
Que eu solto as feras;
Tire os óculos
E te despirei inteira.

Fabiano Favretto

Fim de show

E a sala aos poucos
Vai ficando vazia,
Até somente
O Jazz, todavia,
Preencher o ambiente.

Fabiano Favretto

Jazz

Um baixo sem trastes,
E um violão;
Não me maltrate.

Fabiano Favretto

Nem bituca

Sem dinheiro para ter,
Sem direito para ser.
Sem dinheiro para ser,
Sem direito para ter.

Fabiano Favretto

Sem ele o Jazz jaz

O baixo
É a alma
Do Jazz

Fabiano Favretto

Vezes

Tem vezes
Que nada sai,
E vezes
Que nada sei.

Fabiano Favretto

De abóbora

Meu coração
É
Doce de abóbora.

Fabiano Favretto



Apenas uma curiosidade

Qual a cor da calcinha?
Será vermelha,
Ou será de oncinha?

Fabiano Favretto

A dádiva

Sob a penumbra
Desta noite,
Não vi a cor dos seus olhos;
Qual sombra,
Quero que não evite
A dádiva de apreciá-los.

Fabiano Favretto

Falta de vocação

Queria tanto quebrar
Uns coraçõezinhos...

Fabiano Favretto

Pega-pra-capar

Eu com você estamos
Num pega-pra-capar
E do jeito que levamos
Não sei no que vai dar.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Trago e tonto

Três tragos trazes

E três trovas tortas
Traço tonto e trago.


Fabiano Favretto

Trova triste

Cicatrizes surreais,
E uma caixa de dor.
Marcas não naturais
D'um peito em rancor.

Fabiano Favretto


tudo morre

Todo sentimento morre,
E todo sentimento seca.
Agora o que me ocorre,
É que perdi a cabeça.

Mas tudo morre,
E tudo acaba.
O que me ocorre,
Não tenho nada.

Fabiano Favretto

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Era da casa da Nona

Há paredes que são pintadas,
Reconstruídas, redesenhadas.
Mas existem aquelas que são eternas
Em sua textura, desenho, cor, 
Suas características etéreas.

Fabiano Favretto

Situação crítica

Até o crime está organizado
E minha vida não.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Fuso

É tarde para se dizer boa noite,
Ou noite para se dizer boa tarde?

Fabiano Favretto

sábado, 24 de setembro de 2016

Digitais

Tem mais poesia 
Em minha mão suja de tinta,
Do que nas linhas
Que escrevi.

Fabiano Favretto

Fatura

Toca o foda-se no cartão,
Depois fica com medo do talão.

Fabiano Favretto

DNS

Enquanto o wi-fi não pega,
Por que a gente não se pega?

Fabiano Favretto

Levando

O casal conversa,
O casal discute.
O casal desconversa
Esperando que algo mude.

Fabiano Favretto

Notas aromáticas

Qual o nome do perfume?
Sinto suas notas daqui...

Fabiano Favretto

Tinta vermelha

Tenho mais sangue na caneta,
Do que tinta nas veias.

Fabiano Favretto

Depois, se der

Penso,
Logo escrevo.
Depois, se der,
Existo.

Fabiano Favretto

Da esperança perdida

A esperança voou.
Pulei para pegá-la,
Mas peguei somente
Algumas penas.
E as cumpro até hoje!

Fabiano Favretto

Samba de primavera

Nesta tarde ensolarada,
Eu, o samba, e a primavera.
Antes fosse você!
Quem me dera, quem me dera...

Fabiano Favretto

Aos desavisados:

Se deu match,
Por favor,
Não se mete.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

São 23:47

Olho o relógio
São 21:00
Olho novamente
São 21:01
Tento escrever
Um verso
E paro
Para olhar
O relógio
Uma terceira vez.
São 23:46
Finalizo agora
Porque o amanhã
Está quase sendo,
E a manhã
Quase
Amanhecendo.
São 23:47

Fabiano Favretto

Talvez com cerveja resolva

Essa sede insaciável
Não há nada que faça passar.
Somente me restaria esperar
Se esta fosse controlável!
Ai de mim, um senhor desidratado
Ai de mim, sedento, pobre coitado.
As águas passaram
Mas a sede não passou.
Os lábios ressecaram,
E a garganta já falhou.
Essa sede que nem água cura,
Com o que será matada?
Essa sede é tanta, ainda perdura
Nessa vida desidratada.

Fabiano Favretto

Memória olfativa

Um abraço perfumado
É um pequeno instante
Para sempre guardado.

Fabiano Favretto

Vontade de saber não é pouca

Não esquecerei aqueles cabelos
Ruivos, num brasido ardente
Espalhando-se à brisa contente
Em um movimento franco e belo.

Não vi rosto, não vi boca,
Não vi sequer os olhos!
Seriam estes castanhos?
Vontade de saber não é pouca.

O corpo era belo,
Em curvas se traduzia.
Entre nós não havia elo

Mas eu tanto a queria!
Seu corpo tão belo,
Por ele eu morreria.

Fabiano Favretto

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Buscando você, encontrei Saturno

Em minha busca, soturno
Encontro Saturno.
E o tempo achado
De bom grado,
Fez-se comparsa
Para que eu faça
Tudo para esquecer-te,
E para não mais querer-te.

Fabiano Favretto


Saturno - por Fabiano Favretto
Telescópio com 90x de aproximação.
20/09/2016




segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Vício vinho

Lá da prateleira,
Ele olha, ele clama.
Lá está ele, ele chama
Sempre da mesma maneira.

Vício, maldito vinho,
Entre taças me perco.
Mas assim me acerco
De estar sempre sozinho.

Fabiano Favretto


E teve

Entre escombros fumegantes,
Levanta-se a mais singela flor
Rodeada de uivos, de dor
Em minima dignidade restante.

Tanto quanto é assim,
Bem como tudo foi-se afinal.
Senão, quem sabe não por mal
Tudo teve o seu fim.

Fabiano Favretto


Rumo ao horizonte

Mais uma do meu pai:

Caminhei rumo ao horizonte,
E não achei o fim,
Não encontrei a saída do labirinto
E não vi a luz no fim do túnel.
Qual será a saída?
O que fazer?
Creio que somente resta
Buscar novos caminhos.

Sergio Luiz Favretto

sábado, 17 de setembro de 2016

Chaleira itinerante

Chama quente,
Que vou fervendo.

Fabiano Favretto

Perverter

Como por ventura
E por aversão,
Vou perverter
A perversão.

Fabiano Favretto

Nova tendência

Escrever sobre amor
Anda fora de moda.
Pois agora somente a dor
É que entra na roda.

E então escreveremos
Sobre guerras, nunca paz,
Sobre o que não viveremos
E as injustiças que se faz.

O amor anda fora de moda,
Seguirei esta nova tendência.
Pois o que entra na roda
É a nossa total decadência.

Não cantarei mais o amor
E nem a ele farei mais menção.
Minhas letras serão de rancor,
E minhas músicas, depressão.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Um espresso

Um espresso,
É deveras importante;
Não por ser ligeiro,
Mas sim por ser marcante.

Fabiano Favretto

Do zodíaco

Do zodíaco
Não tenho sido nenhum cavaleiro,
Nem cavalheiro,
Nem constelação.
Não espere que eu, cometa,
Ato impactante.
Não foi Goethe que levou-me à Lua,
Porém mais Fausto sentimento
Trouxe-me à mim mesmo.
Por hora direi ver estrelas.

Fabiano Favretto

Verso

Uma página em branco
Tem verso,
Mas um poema vazio,
Não.

Fabiano Favretto

Sem saída

Para onde iremos fugir,
Se não podemos nos esconder?
Não teremos metas, para onde correr,
Se podem nos coagir?

A situação está acertada,
E a população continua cega.
Não há luta, não há entrega,
Minha geração será soterrada?

Pobres de nós que tentamos agir,
Sem sabermos o que fazer!
Se temos que escolher qual lado cair

Nos restaria somente morrer.
Não há mais como sair
Nem também como viver.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

E se os insetos

E se os insetos entendessem
Mais da vida do que nós?
Baratas, formigas, abelhas,
Três pares de pernas,
E um longo coração pulsante.
Vários olhos para nos olhar,
Sem importarem-se
Com nossas limitações.
E quem dera o homem
Poder voar,
Quem dera o homem
Sofrer metamorfose,
Quem dera o homem
Ter no açúcar o maior dos vícios!
Somos semelhantes
No esqueleto externo
Que rompe-se ao menor
Toque de realidade,
Ou esmagados pelo
Pisar incessante causado
Somente
Pelo fato de existirmos.

Fabiano Favretto




Hey you

Ei você

Aí em cima!
Conseguiste subir pisando,

Se precisar descer
Te vira!

Fabiano Favretto

Nunca pixo

Por falta de tempo,
Escrevi poesia no ônibus;
Vieram a me acusar
De praticar vandalismo.
Eu chamo de
Poesia coletiva.

Fabiano Favretto

Recaída

Se vejo sua foto,
Paraliso a timeline;
Mesmo que eu desanime
Devo manter o foco.

Os olhos que já vi,
A boca que um dia beijei;
Não mais os encontrei,
E a boca não mais senti.

O que passou não voltará,
E recaídas acontecem.
Quem um dia poderá

Suprir carências que enlouquecem?
Alguém um dia haverá
De curar as dores que aparecem.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Corrente eletro-sanguínea

Eu robô,
Você humana.
Eu circuitos,
Você artérias.
Eu disco rígido,
Você cérebro.
Eu bateria,
Você coração.
Eu bateria...
Bate coração.

Fabiano Favretto

Quarta feriado, quinta domingo

Hoje
Essa sexta
É segunda.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Excreção

Engoli meu choro,
E naquela tarde,
Fiz o xixi
Mais triste da minha vida.

Fabiano Favretto

Grito silencioso

Nem o resto de vinho da garrafa;
Nem o vento desta tarde de inverno;
Nem o sol que se põe atrás da pedreira;
Nem o barulho do motor em alta rotação
Foram capazes de alegrar minh'alma.
Ou de sequer apalpar este momento
Tão intangível quanto monótono,
De minha tão medíocre vida
Somente feita de existência
E de nenhuma ação.
Estou estagnado em mim mesmo.
Mas como romper a crisálida
Pérfida e escamada do mais
Puro baixo altruísmo e autocontrole?
Como libertar-se dessa prisão sem grades
E sem paredes,
Afim de libertar-me de minha própria
Integridade rutilante e mesquinha?
Tão príncipe quanto um percevejo,
Furo infindáveis camadas amargas
Tracejadas de vãs esperanças
E recheadas de medos tolos.

Fabiano Favretto

Ainda mais tão pragmático

Não tenho mais sangue,
Só tenho ácido em mim.
Corrói, destrói e dissolve
Até eu chegar ao fim.

Meu coração é uma bateria,
E meus músculos, chumbo.
Olhos, lâmpadas eu acenderia,
Para poder evitar meu tombo.

Antes o andar fosse metálico,
E o olhar fosse digital.
Meio máquina, não atávico

Diferente descendência habitual.
Ainda mais tão pragmático
Sem tanto assim passar mal.

Fabiano Favretto

SÓmente

Me sinto tão só
Que nem a luz
E nem as trevas
podem me encontrar.

Estou tão só,
Que nada traduz
As mazelas
Que estão a me matar.

Fabiano Favretto

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Quentes

Um minuto para o feriado,
E minhas palavras 
Não poderiam estar tão mais quentes.
Um minuto para o feriado,
E minhas vontades
Não poderiam ser mais tão permanentes.

Fabiano Favretto

É sim!

Melhor ser um doido varrido,
Do que um normal empoeirado.

Fabiano Favretto

Cores no céu

As flores são perfeitas
Em suma essência.
Mas as borboletas,
Em sua ciência
As superam:
São flores
Que aprenderam
A voar.

Fabiano Favretto

Se importa?

O mundo dá voltas,
O mundo dá tombos.
O mundo dá tudo

E ninguém se importa.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Pensando em seus cabelos

Deito olhando para o teto
Pensando em seus cabelos
Com inimagináveis cheiros,
Fazendo em meu rosto afeto.

Fazendo cócegas em meu rosto,
Enquanto tu olha a sorrir
Em meus olhos, o ir e vir
Fazer amor, com muito gosto.

E como tentáculos grudam,
Seus cabelos em nosso suor.
Nossas bocas se cruzam,

A cada instante fica melhor.
Que meus sonhos me iludam!
Acordarei em manhã de dor.

Fabiano Favretto

domingo, 4 de setembro de 2016

Ex In

Extintos
Instintos.
Cá eu,
Vinho tinto.
Fabiano Favretto

Coletivo

No transporte coletivo,
nunca fomos tão individuais.

Fabiano Favretto

Esse eu perdi

Durante o trajeto de ônibus
Eu mentalmente havia escrito
Um poema bom, sem ônus
De bom grado, nada restrito.

Porém, eis que veio o chopp,
E como uma borracha escolar
O apagou, ele teve escape;
Eu não pude mais o encontrar.

Ainda vasculho as entranhas
Do meu cérebro vasto e imaginativo,
Mas só encontro teias de aranha,
Normal, procurarei um paliativo.

Fabiano Favretto

Segreno sonoro

De onde vem o som?
E para onde ele vai?
Por que é tão bom?
E por que me atrai?
Segredos...

Fabiano Favretto

Marcha ilógica

Nem as luzes que passam,
Nem a chuva que ainda cai
O meu ânimo melhoram.
Mais uma vez a alegria se vai.

Nem um bom blues ajuda
E nem um bom Jazz colabora
Para que em mim haja melhora
Neste humor que não muda.

Pode ser longa ou breve
Essa viagem bucólica,
E meu coração não se atreve

A parar marcha melancólica
Que meu punho escreve
Nesta folha triste, ilógica.

Fabiano Favretto

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

P.H. neutro

Com suas básicas respostas,
Você curou minha acidez
E a minha poesia.

Fabiano Favretto

Sacanagem sísmica

Poesia para quem sou,
poesia de quem serei.
onde meu eu chegou
Não sei se um dia chegarei.

Poesia de tremores,
Palavra de sentido remoto.
Poesia de amores,
Paixão de terremotos.

Sem sombra de dúvidas,
Haverá um dia em mim a coragem,
Mas enquanto as línguas forem ávidas

Tudo será para mim uma bobagem
Como feridas cálidas
Inertes nesse antro de sacanagem.

Fabiano Favretto