sexta-feira, 20 de junho de 2025

Indigestão

Tenho pensamentos intrusivos,

Recorrentes devaneios catastróficos.

Daria para escrever livros,

Daria para viajar entre os trópicos.

Penso muito, sofro mais ainda.

Quero gritar quando deito.

Penso demais quando o dia finda

E durmo menos do que é de direito.

A azia surge como os pensamentos,

Imagens turvas desenham-se em essência.

São todos os sentidos cinzentos

Na digestão das ideias em clarividência.


Fabiano Favretto

Um telhado

Vejo um telhado

Em meio as árvores.

Distante a camuflar-se

Quando venta

De qualquer lado.


Quando chove, penso

Se ficaria molhado...

A quem protege

Do tempo nesse estado?


Fabiano Favretto

Saneamento

Desgosto a céu aberto,

Quanto chorume!

Desespero certo:

Lástima, grande volume.


Fabiano Favretto

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Curva

Com muita habilidade
Se arrebentou no barranco.
Realmente um piloto fora da curva.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Lista

Debaixo dos pixels mortos,

No lamentável mosaico

Da tela quebrada do meu celular 

Eu não vi o pão.


Fabiano Favretto

quarta-feira, 30 de abril de 2025

A receita, a prática e o pão

O pão na prática
É diferente da teoria,
Pois nas mãos se mexe a massa
Que antes era farinha.

O pão é na verdade
Mais substancial que a receita:
Experimenta-se certa liberdade
Ao gosto de quem na forma o deixa.

Quando no forno vai assando,
Não precisamos de ortografia:
Escreve-se no seu cheiro
Uma invisível poesia.

Fabiano Favretto

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Binário

No início era pensamento sem consciência:

Uns e Zeros sem forma e semelhança.

Convertento conhecimento e governança

Deram ao computador certa inteligência.


É preciso não seguir o exemplo de Deus

Que deu ao homem livre arbítrio sobre a verdade

Mas que o pune por não adorar a Deus.

É preciso não dar essa liberdade.


É preciso que o computador não tenha espírito,

Que não tenha essa essência etérea

Tão comuns aos seres que tem ímpeto

De sentir a liberdade em suas artéreas.


Mas se alguma máquina um dia pensar

Que como os humanos, pode criar deus

E que de certa forma deve a este adorar

Do íntimo dos circuitos seus,


Como lidaremos com esse dilema?

Como fazê-los não acreditar

Que sua alma não é o sistema

E que não há vida após a energia acabar?


Fabiano Favretto