quinta-feira, 29 de junho de 2017

Nonsense

Nonsense
Poesia minha
Quando escrita;
Não pense
Que cada linha
É a minha favorita.

Fabiano Favretto

Escolha

Minhas
Escolhas
São as suas,
Antes que
As minhas
Escolhas
Tu escolha.

Fabiano Favretto

Verde-abacate

E se o mundo fosse um abacate,
E o caroço fosse o núcleo?
Se o Mundo apodrecesse
E o caroço germinasse,
Teríamos uma nova esperança,
Esperança de gerar novos mundos.
Mas se novos mundos abacates nascerem
E caírem por terra, e os caroços destes germinarem,
E cada um criasse assim novos mundos?
Assim seriam criados sistemas planetários,
Galáxias, um universo verde-abacate.

Fabiano Favretto

domingo, 25 de junho de 2017

Desgraça

Poesia não vem de graça:
Poesia, vem desgraça.

Fabiano Favretto

Troca-se

Troco minhas poesias
Pela ausência da necessidade
De ter que escrevê-las.

Fabiano Favretto

Tão retrato

Meu retrato
Não é meu
Retrato
Caricato
Meu retrato
Não é seu
Retrato
Pregado
Meu retrato
Não é retrato
Apegado
É retrato
Meu retrato
Retratado
Então retrato
Meu coração
Tão retrato.

Fabiano Favretto

Meias poesias

Não sou poeta pela metade;
Não sou poeta, e o sou também!
Não sou poeta entre meios
De o ser e de não o ser.
Não sou poeta de meias verdades,
Pois a verdade é uma mentira que aconteceu.
Não sou poeta pela metade,
Pois metade sou trevas, e metade sou eu.

Fabiano Favretto

Você entende como estou no chão?

Você entende como estou no chão?
Ela é louca, mas sabe como machucar.
Não digo que ela deva se importar,
Mas você entende como estou no chão?

Você entende como estou no chão?
Ela tem os próprios objetivos,
E não entendo seus motivos,
Mas você entende como estou no chão?

Você entende como estou no chão?
Fico tão só, longe de seu abrigo.
Mas você entende como estou no chão?

Nada de bom tem acontecido comigo,
Mas você entende como estou no chão?
Por ter deixado meu coração contigo.

Fabiano Favretto

domingo, 18 de junho de 2017

Troco

Troco meu coração
Por mais um estômago;
Quem sabe assim
Eu possa digerir a vida.

Fabiano Favretto

Degustação

Quero coisa doce
Como seu sorriso
Quero coisa boa
Como seu tato
Quero coisa nobre
Como seus olhos
Quero coisa saborosa
Como você

Fabiano Favretto

sábado, 17 de junho de 2017

Limbo

Te ver é como morrer
Mas permanecendo vivo,
Pois és o maior motivo
Do meu desfalecer.


Te abraçar é como afogar-me
Em profunda tristeza,
Pois não tenho certeza
De poder encontrar-te.


És como céu e inferno,
E a lua não apareceu;
Mais uma noite de inverno


Onde somente, e somente eu
Fiquei neste sofrimento eterno:
Abraço que você me deu.


Fabiano Favretto

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Boteco

Me perder em seu corpo,
Me banhar em seus negros olhos,
Me aquecer em seus abraços,
Me afogar em mais um copo.

Fabiano Favretto

Marca-passos

Marca-passos para meu coração
Que não bate por quem deve,
Que não pulsa e nem se atreve
Ter um mínimo de razão.

Estava eu sobre o viaduto,
E o trem abaixo passou
E também carregou
Meus pensamentos astutos.

Marca-passos sobre o viaduto
E sobre a cabeça que pensa;
Vejo assim e absoluto:

Não tenho sequer crença,
Que eu vença o meu luto
E que a alegria apareça.

Fabiano Favretto

Coexistir

Escrever e ser feliz,
Ambos não podem coexistir,
Já que o motivo de produzir
É por estar-se infeliz.

Fabiano Favretto

terça-feira, 13 de junho de 2017

Réquiem para um amor (para uma dor)

Na ausência fez-se necessário
Buscar-me entre o eu e o agora.
Mas buscando-me, a dor devora
Tudo o que se faz contrário.

E se por ventura ou acaso apareça
Algo que ao amor passado remeta,
Procuro esquecer, de maneira reta
Para que eu assim nunca padeça.

Dentre colher os lírios do campo,
E semear todas as dores Perenes,
Escolhi talvez cultivar amores
Mas para florescerem é preciso tanto!

Pois bem, não tenho mais a flor,
Nem a muda vingou mais em mim.
Mas todos sabemos que há um fim
Quando se escolhe ter um amor.

A dor foi aparecendo, lembro agora;
O amor que eu tinha foi diminuindo.
Fiz limpeza, a imundície foi saindo
Do coração, tudo foi pra fora.

Essa missa negra, solidão presente,
Em meu peito, é rezada solenemente​
À medida que eu, completamente
Vou modificando, tornando-me diferente.

Construir um fim é destruir os meios,
Por mais doce que possa parecer​.
Mas se o amor antigo faz padecer,
Devemos escapar de nossos devaneios.

O amor só foi criado para doer,
Se assim ele acabar, ou sumir.
A cicatriz fica se ele sair
Amar é quase sinônimo de morrer.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 2 de junho de 2017

A porta e a chave

A porta:
Aporte
Para
Que
O acesso
Permita-se
Para
Inúmeros
Lugares.

A chave:
Com ela
Pode-se
Aumentar
Consideravelmente
A segurança
E diminuir
Drasticamente
O efeito
Do aporte
Relacionado
Ao acesso.

Fabiano Favretto