Na ausência fez-se necessário
Buscar-me entre o eu e o agora.
Mas buscando-me, a dor devora
Tudo o que se faz contrário.
E se por ventura ou acaso apareça
Algo que ao amor passado remeta,
Procuro esquecer, de maneira reta
Para que eu assim nunca padeça.
Dentre colher os lírios do campo,
E semear todas as dores Perenes,
Escolhi talvez cultivar amores
Mas para florescerem é preciso tanto!
Pois bem, não tenho mais a flor,
Nem a muda vingou mais em mim.
Mas todos sabemos que há um fim
Quando se escolhe ter um amor.
A dor foi aparecendo, lembro agora;
O amor que eu tinha foi diminuindo.
Fiz limpeza, a imundície foi saindo
Do coração, tudo foi pra fora.
Essa missa negra, solidão presente,
Em meu peito, é rezada solenemente
À medida que eu, completamente
Vou modificando, tornando-me diferente.
Construir um fim é destruir os meios,
Por mais doce que possa parecer.
Mas se o amor antigo faz padecer,
Devemos escapar de nossos devaneios.
O amor só foi criado para doer,
Se assim ele acabar, ou sumir.
A cicatriz fica se ele sair
Amar é quase sinônimo de morrer.
Fabiano Favretto
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