quinta-feira, 18 de julho de 2019

Suposições sobre a brasa do cigarro e o espaço-tempo

Há uma relação intrínseca no universo
Entre acender um cigarro
E esperar um ônibus:
O tempo curva-se nesses instantes,
E a percepção do mesmo é definido
Pela brasa queimando no cigarro.
Por exemplo: quando acende-se um cigarro
Na intenção de fumá-lo sem esperar um ônibus,
O tempo para queimar tal cigarro passa rápido;
No entanto, de modo que o tempo passa rápido,
Tu não o percebe, e parece que o cigarro 
Cumpriu seu papel em tempo padrão.
Quando está a esperar um ônibus,
O tempo de queima da brasa dobra, e
Você quase sempre corre o risco de descartar
O cigarro pela metade.
O tempo de espera parece ter encurtado,
Mas seguiu o padrão da espera
Da chegada do ônibus como sempre.
É fato que o espaço que a brasa percorre
É menor que o caminho que o ônibus faz,
Mas o tempo que ela leva para queimar o cigarro
Será maior que o tempo da chegada do ônibus.
Toda vez que um cigarro é aceso,
O tempo curva-se, e o ônibus sempre chegará antes
Que este acabe.

Fabiano Favretto

Há um bom tempo...

Há um bom tempo eu havia esquecido
Da textura da grama e do sereno do inverno,
Há um bom tempo eu apenas tinha vivido
Parte no limbo ou parte no inferno

É que a vida as vezes me cobra
E a esperança as vezes é pequena
Minha idade nesta era dobra
Enquanto espero que o fim venha.

Há certo tempo me preocupei com dinheiro
Na esperança que acabaria com meus problemas,
Mas o que ganhei nunca aproveitei por inteiro
Estava entre o inferno e o poder com tal dilema.

É que a vida as vezes me cobra
E a esperança as vezes é pequena
Minha idade nesta era dobra
Enquanto espero que o fim venha.

Há alguns verões que eu não via a luz do dia,
Nem as correspondências que chegavam.
Havia uma carta em especial que eu queria,
Vieram certos ventos e com meus versos acabaram.

É que a vida as vezes me cobra
E a esperança as vezes é pequena
Minha idade nesta era dobra
Enquanto espero que o fim venha.

Há alguns dias que preguei tábuas
E espero as flores do jardim florescerem
Para usarem-nas de maneiras ávidas
Em meu funeral com zelo e coragem.

É que a vida as vezes me cobra
E a esperança as vezes é pequena;
Minha idade nesta era dobra
Enquanto espero que o fim venha.

Fabiano Favretto