terça-feira, 29 de março de 2016

Colheita

Plantei um relógio.
Floresceu uma grande
Perda de tempo.

Fabiano Favretto

Ciúmes

Ciúmes,
Cegueira.
Letal
Flecha
Certeira.

Que mata
Que marca
Que prende
Que embarga
Que priva.
E desanima.

Deixa
Desumana
Canseira
De viver a vida.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 28 de março de 2016

sábado, 19 de março de 2016

Rimo mesmo

Sim, tenho implicância com a palavra "esmo"
E com a rima que ela tem comigo mesmo.

Fabiano Favretto

Monólogo a mesmo esmo.

- Sou eu esmo.
- Eu mesmo?
- Não, eu esmo.
- Por que esmo?
- Não sei. Por que mesmo?
- Mesmo a esmo!
- A esmo mesmo?
- Eu esmo.
- Não, eu mesmo.
- Não, a esmo mesmo, eu esmo.
- Mesmo eu?
- Esmo eu!
- Mesmo esmo.
- Eu.

Fabiano Favretto

terça-feira, 8 de março de 2016

Às mulheres de minha vida

Às mulheres de minha vida:
Minha namorada, minha mãe e minha irmã.

Mulher é flor em jardim secreto,
É pingo de chuva no seco deserto.
Mulher é paz, é pura luz.
Mulher é quem o mundo conduz.
Ai do homem sem a mulher!
Não saberia viver sequer...
E mesmo assim, em todo o tempo,
Há homem que nisso não vê contento.
Ai do homem sem a mulher!
Não poderia nascer sequer.

Na mulher reside toda a força:
Com a mulher não há quem possa.
Mulher é força mitológica:
Simples, emotiva, ilógica.
E ao mesmo tempo é mistério.
É labirinto, atalho, caminho secreto.
Mulher foi a melhor criação de Deus.
Como é difícil à mulher dizer adeus.
A palavra "mulher" parece com "melhor".
Mulher é em suma essência um ser superior.

Fabiano Favretto

E também dedico à todas as mulheres do mundo.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Insetos e aparatos eletrônicos.

Formigas, míseros insetos
Na mobilidade urbana crucial,
Fazem formas no concreto
Do nosso tempo digital.

Nosso tempo digital e virtual
De um contar irrefragável,
Esquece da lei não-habitual
E do menor detalhe formidável.

Somos incólumes e tristes insetos
Em exoesqueletos de tipo eletrônico.
Somos os mais torturantes restos
Da forma, do simples, e do único.

Fabiano Favretto

Não!

Para!
Diga mais.
Não!
Paradigmas.

Fabiano Favretto

O eu ali.

Numa conversa com o outro eu
Não vi sequer alguma semelhança.
O eu ali não me compreendeu
Nem sequer achou verossimilhança.

Tenho cotidianamente reparado:
O espelho tem me ocultado verdades.
Seja manhã fria ou quentes tardes,
Tenho sentido de mim separado.

Mas os olhos ainda são os mesmos;
Os mesmos olhos brilhantes e ternos.
Há quem acredite que há brilho eterno,
Mas creio que estejam brilhando menos.

Em um certo dia eu confessei à minha consciência,
Que por Deus do céu, me julgava inconsciente.
Não sabia eu, que era meramente de algo, ciente.
Era repleto de mim mesmo, vácuo, inexistência.

Fabiano Favretto

Hoje

Belo e lúgubre,
Realidade:
Poema fúnebre.

Fabiano Favretto

Ao motociclista morto

No asfalto rígido e sujo,
Jaz um pobre motociclista.
Não sei quem é o dito cujo,
Quem foi tal motorista.

Pela janela do ônibus,
Olhares curiosos
Com uma espécie de ônus
E argumentos jocosos.

Algumas frases soltas
Sobre violência no trânsito.
Disseram "esse já eras"
Em tom um tanto aflito.

Uma senhora faz o Nome do Pai.
Deve ter filho motociclista;
Quem sabe o sujeito não era pai,
Quem sabe não era artista?

Num breve passar de quadros,
Chocadas as pessoas observam.
Um anônimo, o silêncio no brado
A vida que esvai-se. Choram.

E a viagem segue em frente,
Mas creio que o motociclista não.
Foram embora todas as gentes
Mas meus olhos ficaram ao chão.

O rio triste de sangue vermelho,
As imagens de uma infeliz viagem.
Seja jovem, adulto ou velho,
Na minha memória ficará esta imagem.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 2 de março de 2016