quinta-feira, 10 de novembro de 2022

A redução de um verme à sua própria essência

Se resume a um verme. Aliás, se resume a um ser menor que um verme. Em sua insignificância de conteúdo e moral, se enquadra como o pior dos micróbios, alguém - ou algo - que em sua mísera e irrelevante consciência, acredita ter discernimento sobre o que é o certo ou errado.

E que ser preconceituoso e antiquado! Tão obsoleto em costumes quanto uma planária. Um verdadeiro parasita, se alimentando do que pouco lhe restou de esperança. Teria pena se ele merecesse. Mas assim como uma praga ou vírus, essa excrescência merece ser exterminada, ser erradicada da face da Terra. Ao menos apodrecendo alimentaria as larvas e daria vida às moscas.

Me pergunto se um dia alguém o amou verdadeiramente, pois ele não é merecedor de amor algum. Ele é capaz de afastar qualquer um que esteja próximo, pois acha que as pessoas o tem por perto somente com interesses, mas ele nada tem a oferecer. Seria ele uma câmara de vácuo ambulante, repleto de vazio interior? Ou um reflexo moribundo de uma alma de esgoto, a qual acaba externalizando tudo o que é medonho através de sua voz ou atos?

Para ele, eu desejei a morte. Porém a morte não é suficiente, a morte é pouco. Eu desejaria o pior dos castigos, o tártaro eterno, a aflição secular, a dor perene, o caos certeiro, mas eu descobri que a sua própria existência é a mais dura pena, que a justiça se dará pelas suas próprias mãos. Hei de fazê-lo desejar morrer, mas ele não irá. Hei de fazê-lo pedir perdão, mas o perdão não o encontrará. Hei de fazê-lo perceber que como o ser miserável que é, estará eternamente fadado a ser ele mesmo, repleto de ignorância, medo, culpa e remorso. Para haver qualquer mudança deste ser, já é tarde demais.


Fabiano Favretto


sábado, 29 de outubro de 2022

Piada

Contei uma piada na zona

E a putaria.


Fabiano Favretto

Às vezes a gente recicla

Mesmo ruim,

Texto curto

Nunca vai

Prolixo.


Fabiano Favretto


sumiu

Pensei,
Sumiu.
A minha ideia
Se esvaiu.

Fabiano Favretto

muito

Sim, escrevi.

Mas sinto muito.


Fabiano Favretto

Pedra no sapato

Um poema

É uma pedra no sapato:

Quando fica incomoda,

E se não sente, não é fato.


Fabiano Favretto

Manhã

Uma ânsia me sobe a garganta

Nauseando-me sob as sombras.

Olho pela fresta da porta

E a vida lá fora é estranha.


Olho as pessoas em suas essências

E tão assustadoras elas me parecem.

Subo degraus em minha consciência,

Mas na realidade, degraus minhas pernas descem.


Depois de amanhã pode ser melhor

Ou depois de amanhã podemos não ter nada.

O mundo tornou-se assustador,

Tenho medo dessa ignorância tão celebrada.


Fabiano Favretto

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Câimbra

A ideia
Está dando câimbra
Em meu cérebro atrofiado:
Há tanto não pensava,
Que quabdo ideia,
Sofre o coitado.

Fabiano Favretto 

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Vertigo

Um corpo que cai

Envolvido em mentiras

Um corpo que cai

Coberto de culpas


Ela não era a mesma

Ela era o fruto de uma obsessão

Ela era um fantasma

Ela foi sua própria maldição


Vertigem

O alto nunca foi tão alto

Você é capaz de mudar por alguém?

Vertigem

O chão nunca foi tão longe

Você seria capaz de mudar alguém?


Um corpo que cai

Cai!


Um corpo que cai

Já morto em vida

Um corpo que cai

Que não era real


Ele não era a mesmo

Ele era o fruto de um medo

Ele era um obsessor

Ele foi seu próprio fim


Vertigem

O alto nunca foi tão alto

Você é capaz de mudar por alguém?

Vertigem

O chão nunca foi tão longe

Você seria capaz de mudar alguém?


Um corpo que cai

Cai!


Fabiano Favretto

domingo, 14 de agosto de 2022

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

segunda-feira, 16 de maio de 2022

terça-feira, 3 de maio de 2022

domingo, 17 de abril de 2022

Amanhã

O dia do amanhã

É um mistério maior

Que a minha atual existência.

Há a ansiedade

Do futuro que não chegou,

E por isso já vivi tanto o amanhã

Que acabei deixando o hoje

Pela metade.


Fabiano Favretto


(In)Venta-me

Um domingo não doía tanto assim

Desde quando eu não lembrava

Que um domingo tem fim.


É ainda outono e a tarde tentava

Cair amarela, mas uma nuvem, enfim,

O Sol no horizonte tapava.


Respiro fundo,

Abro a janela

(In)Venta-me o mundo.


Fabiano Favretto



quarta-feira, 2 de março de 2022

Obscurantismo pragmático

É que depois que me cortaram a luz, 
Eu nem ligo mais!

Fabiano Favretto

Rindo com meus botões

Napoleão

Nasceu em Córsega,

Mas o humor,

Só era bom à parte.


Fabiano Favretto

Brincatempo 5

A vida é uma piada,

Mas perdi o timing


Fabiano Favretto


Brincatempo 4

Queria estar presente,

Mas nem dei tempo.


Fabiano Favretto

Brincatempo 3

Fui brincar

De esconde-esconde

Com o tempo

E nunca mais

O encontrei


Fabiano Favretto

Brincatempo 2

O tempo anda

Brincando

Cronosco


Fabiano Favretto

Brincatempo

O tempo

Anda brincando comigo:

Acordei na segunda

E já é quase domingo


Fabiano Favretto

Cai

- Hi!

- Cai?

- No, say: Ex...

- Crê, vê se eu tô lá na esquina!

Fabiano Favretto



Atrofiado

Atrofiada, 

A minha escrita

Não se move

Nem sequer funciona.

Cada letra

É exercício

Feito de maneira errada.

Fisioterapeuticamente ineficazes,

A cada dia mais tortas

E travadas as palavras

Se tornam.


Fabiano Favretto

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

O Midas reverso

Tudo o que toca,

Em merda há de transformar.

Por onde passa,

Bosta haverá de deixar.


O Midas reverso

Não é rei, mas governa

De modo perverso

Esta pobre terra.


Não possui orelhas de burro,

E nem por isso deixa a desejar:

Cada frase é um zurro,

Cada fala é de envergonhar.


Seus filhos, coprólitos,

Foram cagados à imagem e semelhança do pai,

Como se fossem esculpidos

Pelas mãos deste ser que se decompondo vai!


A composição do excrementíssimo, vejam,

É a mesma do resultado de seu tato:

Tanto por dentro quanto por fora se mostram

A carência de limpeza, e a sujidade de seus atos.


Mas no entanto, podemos encontrar alguma utilidade

Para este ser de tamanha merdança:

Se o deixarmos a sete palmos, com sorte e vontade,

Poderemos adubar alguma esperança.


Fabiano Favretto