sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

O Midas reverso

Tudo o que toca,

Em merda há de transformar.

Por onde passa,

Bosta haverá de deixar.


O Midas reverso

Não é rei, mas governa

De modo perverso

Esta pobre terra.


Não possui orelhas de burro,

E nem por isso deixa a desejar:

Cada frase é um zurro,

Cada fala é de envergonhar.


Seus filhos, coprólitos,

Foram cagados à imagem e semelhança do pai,

Como se fossem esculpidos

Pelas mãos deste ser que se decompondo vai!


A composição do excrementíssimo, vejam,

É a mesma do resultado de seu tato:

Tanto por dentro quanto por fora se mostram

A carência de limpeza, e a sujidade de seus atos.


Mas no entanto, podemos encontrar alguma utilidade

Para este ser de tamanha merdança:

Se o deixarmos a sete palmos, com sorte e vontade,

Poderemos adubar alguma esperança.


Fabiano Favretto





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