domingo, 28 de outubro de 2012

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
                                                                                                                  Carlos Drummond de Andrade

Palavras

Palavras machucam mais que apunhaladas.
A nossa língua, mais afiada que uma adaga.
As vezes escapa, da gaiola de nossa boca
E voam em todas as direções, em maioria erradas.

As palavras nunca voltam.
As pessoas nunca saram.
As feridas nunca somem.

Com a palavra se machuca,
E com a palavra se concerta
Com a palavra se restaura
E tudo se acerta.

Fabiano Favretto

domingo, 21 de outubro de 2012

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Cortar o tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Sei que não sei.

  à minha prima Josi.

   Sei que não sei muitas coisas. O que sei já não me é suficiente.
   Tenho sede de conhecimento. Sede da água da fonte - da fonte de todo o saber.
   Jamais estarei saciado, jamais esta sede passará.
   Tudo me é novo (e por isso me alegro) e não há desmotivação.
 
   Assim como as aves migram antes do inverno,
   minha mente busca o calor confortante do saber.
   Se um dia o conhecimento não me proporcionar mais prazer,
   prefiro morrer ao viver sem aprender nada mais.

   Sei que não sei, mas sei o que sei.. E o que quero!