terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Um conto de Natal.

Era dezembro. As lojas já estavam abarrotadas de enfeites natalinos, decoradas com luzinhas que piscavam freneticamente em meio às prateleiras. Em frente à avenida principal, o movimento era constante. Como formigas apressadas, as pessoas corriam desesperadas de um lado para outro preocupadas em iniciar os preparativos do natal.
Sentado no banco da praça, encontrava-se sentado um homem, que apenas preocupado estava em observar as pessoas que passavam. Consigo trazia algumas bijuterias que ele mesmo havia feito. Vez ou outra alguma pessoa parava para olha-las, mas raramente compravam. Isto não o deixava triste, tampouco preocupado. Apenas esperava pelo cliente que à qualquer hora poderia aparecer.
Pela avenida, um pequeno menino caminhava pedindo esmola à todos que passavam. Ninguém se importava com a situação do garoto, pois desconfiavam que ele realmente passava necessidades. Órfão de pai e mãe, a única família que possuía era um cachorro vira-lata e pulguento. Isto não diminuía o amor que o menino tinha pelo animal. O menino continuava caminhando e implorando alguns trocados.
Os dias avançavam e a maratona capitalista prosseguia. Em meio ao caos do comércio, pessoas esqueciam de si mesmas em função de uma data que um dia foi importante. Porém, algumas pessoas desejavam viver realmente o natal.
Cambaleando de fome, anda um menino acompanhado de um vira-lata. Quando o garoto chega à praça, já com as vistas embaçadas, procura o primeiro banco para se sentar, mas antes de conseguir, desmaia. O cachorro começa a latir e uivar, e logo começa a lamber sua face.
Com a cabeça doendo, o menino escuta muitas vozes. Parecia em um transe. Quando consegue abrir um pouco seus olhos, nota luzinhas piscando. Se assusta e pensa consigo em que lugar poderia estar. Ele tentou levantar, mas um rosto aparece diante de seus olhos e o adverte mandando-o descansar. O menino apreensivo pergunta:
- Que dia é hoje?
E uma voz amigável o responde:
- É véspera de natal! E já são 11 da noite!
O menino torna a fazer perguntas:
- Onde estou? E onde está meu cachorro?
Novamente a voz o responde, porém, provia do mesmo rosto que o advertira anteriormente:
- Te encontrei desmaiado na praça. Ninguém o socorreu, então o trouxe para meu barraco. Não tenho muito à oferecer, mas o pouco que tenho, fico feliz em dividir contigo. E seu cachorro está ali no canto comendo um pouco de comida que sobrou do almoço.
O menino sorri instantaneamente. Havia muito que não era tratado bem. E o barraco? O menino achara incrível! Era um lugar pequeno, mas muito aconchegante, repleto de calor humano.
O menino indaga:
- Moço, será que eu poderia passar a noite aqui? O menino corou meio sem graça.
O homem responde sorrindo:
- Não só pode como deve! Como é véspera de natal, decidi comprar um frango ali na mercearia. Como havia pouco dinheiro, não foi um dos maiores. - Veja só! Falta 5 minutos para o natal! Vou preparar a mesa.
Enquanto a mesa era montada sob duas tábuas largas, o menino observava, com os olhos mergulhados em lágrimas e agradecia por isso ter acontecido. A hora derradeira chega. O garoto é convidado para chegar perto à mesa e logo começa a comer. Após a ceia, conversaram a noite toda e riram bastante, esquecendo dos problemas que possivelmente amanha voltariam. O cachorro corria pela casa alegremente. A noite foi inesquecível para todos.
O Espírito de Amor não escolhe a riqueza, os melhores presentes ou a melhor ceia. O Espírito de Amor não surge do glamour e da soberba. Em meio à tijolos-à-vista, em um barraco na periferia, um menino, um homem e um cachorro viveram verdadeiramente algo através da fraternidade, união, amor ao próximo e bondade. O amor fraterno renasceu e traduziu-se novamente em uma única palavra: NATAL.

Fabiano Favretto

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