quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Empoeirado

E no final
Todas tem o mesmo rosto,
Encarecidos de formas
Que ouso dizer necessárias.

Tudo se enevoa
Numa neblina tênue e crescente,
Qual entardecer rápido
De um dia chuvoso de outono.

O dia se esvai,
E leva junto a vontade,
O apreço e a vaidade,
Como hipoteca ao dom das letras.

E assim, empoderado,
Empoeirado na estante,
O retrato descolorido
Retrata a forma já esquecida.

Dá-se lugar ao ostracismo,
E fulgor às cicatrizes.
Não há forma o que era corte,
Não há mais dor o que era amor.

Fabiano Favretto

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