segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Fio

Estou olhando esta faca:
Ela está a reluzir.
Estou a contemplar esta adaga:
Em breve deverei agir?

Cortes profundos,
Riscos diagonais.
Buracos profusos
Golpes meridionais.

Cicatriz exposta,
O sangue coagula.
Não vejo outra resposta
Para esta sede, esta gula.

Na alma vejo feridas
Que insistem em sangrar.
Vejo as minhas mãos frias
Cansadas de lutar.

Fina, doce e lânguida,
A lâmina reluz
O fio estreito da vida,
O grande peso da cruz.

Estou aqui mesmo pensando
E também estou a chorar,
Diante do futuro pesando
No fio da lâmina a cortar.

Fabiano Favretto

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