sexta-feira, 12 de junho de 2015

Cerol


Cruzam-se os palitos,
E a linha trançada delineia a armação.
Simpatia de malandro e a textura da seda
Preenchem os espaços definidos pelo fio.
Pica-se a sacolinha de mercado,
E prendem-se as fitinhas no fio.
Rabióla grande está pronta.
Faz-se o compasso
E envergam-se as arestas superiores.
Anexa-se a rabióla ao corpo
E prende-se a linha ao compasso.

Após tudo pronto,
Atenta-se ao vento
E ao menor farfalhar das árvores
Dá-se vida e espírito à pipa.

Levanta vôo, mas no céu,
Pipa sem cerol é presa fácil.
Segundos após estar nas alturas,
Percebe-se a pipa indo embora.
Moleques correm atrás aos brados e risadas
Na esperança de resgatar a pipa que cai.

O menino nada diz: 
Somente olha
Triste, pálido
O céu
Ao recolher a linha,
Enrolando-a
Na lata de achocolatado.

Fabiano Favretto

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.