domingo, 29 de setembro de 2019

A moça vai à biblioteca

Entre prateleiras
Escolhe livros
Como se escolhesse alianças,
E há um casamento
E comunhão eterna
Entre o papel e os dedos,
Os olhos e a tinta.
Há tanto amor na boca
Que a boca ama o texto.
Um novo livro,
Um novo amor não é suficiente,
E abraça outros amores
Escolhidos metodicamente por autor,
Capa e lombada.
De alguns decerto deve separar-se,
Mas todo verso que a agrada guarda no peito.
É insaciável o seu desejo, e continua a buscar
Novos livros, novas texturas e experiências.
Quem me dera ser poesia para acabar na boca,
Me extasiar nos olhos
E sentir os dedos a tocar a folha da minha existência.
E após isso,
Viver como uma saudosa lembrança,
Afim de perpetuar-me 
Nas tábulas mais profundas do sentimento
Na esperança de ser recitado
Pela boca que tanto amo.

Fabiano Favretto

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