Não me resta mais que esperar.
Não espero mais do que me resta.
Os dias se acumulam
E as semanas não passam,
Qual uma locomotiva
Que não se desenvolve
Fora dos trilhos.
O labor cresce
E o vento não mais toca
A copa das cerejeiras.
Pareço distante,
Mas na verdade há tempos
Que deixei de ser presente.
Minha inconsistência
Junta o que antes era rocha,
E remói em meus pés.
O mundo, esfera apática,
Não desiste de sua rota
Para que eu possa esperar ainda
O que me resta das horas.
Fabiano Favretto
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