segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Atenção! Temos um poeta triste no recinto!

Elogia a minha
Derradeira elegia. Sofrida:
Tão mesquinha,
Dramática auto-infligida.

Bebe minhas lágrimas,
Vê meu desespero:
Aesthetic em essência
Melancólico, não verdadeiro.

Sabes que eu sofro?
Leu meu último poema?
"Seria capaz de tudo,
Morrer não é problema!"

Veja quão só estou:
Numa mesa de bar encenando
Fingindo que nada restou...
Mas ainda escrevendo.

O que seria preciso
Para você ver o abismo?
É dificil ser indeciso
E ainda criar pessimismo.

Troque a música em andamento
Quero um clima de velório!
Respeite o meu sofrimento,
Mesmo que compulsório.

Bebendo um drink forte,
Forçando uma expressão séria.
Aparência é mais importante
Do que a tristeza como matéria.

Eu sei que tem ironia,
Só quero parecer preocupado:
Será que impressionaria
Ou até seria elogiado?

Mas se não surtir efeito,
Volto para casa indiferente
Com falsa tristeza que enfeito.
Amanhã tento novamente.

Fabiano Favretto

domingo, 31 de agosto de 2025

Perdedor

Poste

De pedra

Pesado e

Posto.

Pode

Que possa

Passar

Um sufoco.


Poste

Parado,

Pedaço

De poço.

Parte de

Poça

Postrado

Penoso.


Peste

Pane 

Parede

Do fosso.

Pensa

Na pena

Perigo

Culposo.


Parte

Precisa,

Pena

Derradeira:

Pensava

Na prenda

Surpresa

Primeira.


Plano de

Impulso,

Peleia da

Vida:

Parte

A corda

Por uma

Investida?


Pulo

Padrão de

Postura

Perfeita:

Nem parede

Nem pedra

Nem padre

Nem freira.


Parte

Ligeiro

Porteira

A fora.

Quem

Poderia

Pará-lo

Agora?


Fabiano Favretto


A conta

A conta

Não bate

Ou bate muito.

Não há meios termos:

Ou é fiado

Ou é à vista.

Não há juros e

Juramentos,

Nem Parcelas

De parcelamentos.

Apenas há a conta

Que chega hoje,

Que chegou ontem,

E que amanhã há de chegar.

Sim, a conta chega,

Custe o que custar.


Fabiano Favretto

Fluxo

Ver
Para
Crer.
Escrever
E
Esquecer.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Redes, agora só penduradas

Tchau Meta,

Adeus, Facebook.

Não sentirei saudades.

Instagram, até nunca!

Espero que nunca mais

Nos encontremos.


Fabiano Favretto

Debate

Posso comprovar:

Todos os móveis

Tem maior volume

No escuro,

Durante a madrugada.


Fabiano Favretto

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Brutalismo

Sobre a malha 

De aço e arame

O concreto 

Endureceu e

Tomou forma.


Sustentada 

Nos alicerces 

De terra batida,

Ergueu-se 

Mais uma obra 

Inumana:


Inabitável,

Fria,

Eterna:

Só dê

Passagem.


Fabiano Favretto





quinta-feira, 24 de julho de 2025

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Indigestão

Tenho pensamentos intrusivos,

Recorrentes devaneios catastróficos.

Daria para escrever livros,

Daria para viajar entre os trópicos.

Penso muito, sofro mais ainda.

Quero gritar quando deito.

Penso demais quando o dia finda

E durmo menos do que é de direito.

A azia surge como os pensamentos,

Imagens turvas desenham-se em essência.

São todos os sentidos cinzentos

Na digestão das ideias em clarividência.


Fabiano Favretto

Um telhado

Vejo um telhado

Em meio as árvores.

Distante a camuflar-se

Quando venta

De qualquer lado.


Quando chove, penso

Se ficaria molhado...

A quem protege

Do tempo nesse estado?


Fabiano Favretto

Saneamento

Desgosto a céu aberto,

Quanto chorume!

Desespero certo:

Lástima, grande volume.


Fabiano Favretto

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Curva

Com muita habilidade
Se arrebentou no barranco.
Realmente um piloto fora da curva.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Lista

Debaixo dos pixels mortos,

No lamentável mosaico

Da tela quebrada do meu celular 

Eu não vi o pão.


Fabiano Favretto

quarta-feira, 30 de abril de 2025

A receita, a prática e o pão

O pão na prática
É diferente da teoria,
Pois nas mãos se mexe a massa
Que antes era farinha.

O pão é na verdade
Mais substancial que a receita:
Experimenta-se certa liberdade
Ao gosto de quem na forma o deixa.

Quando no forno vai assando,
Não precisamos de ortografia:
Escreve-se no seu cheiro
Uma invisível poesia.

Fabiano Favretto

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Binário

No início era pensamento sem consciência:

Uns e Zeros sem forma e semelhança.

Convertento conhecimento e governança

Deram ao computador certa inteligência.


É preciso não seguir o exemplo de Deus

Que deu ao homem livre arbítrio sobre a verdade

Mas que o pune por não adorar a Deus.

É preciso não dar essa liberdade.


É preciso que o computador não tenha espírito,

Que não tenha essa essência etérea

Tão comuns aos seres que tem ímpeto

De sentir a liberdade em suas artéreas.


Mas se alguma máquina um dia pensar

Que como os humanos, pode criar deus

E que de certa forma deve a este adorar

Do íntimo dos circuitos seus,


Como lidaremos com esse dilema?

Como fazê-los não acreditar

Que sua alma não é o sistema

E que não há vida após a energia acabar?


Fabiano Favretto



sábado, 1 de fevereiro de 2025

Tempoestade

Cada ano será mais curto

Com seus dias impacientes

Meses inconsistentes

E estações tão passageiras.


É fevereiro, e quando penso

Que mais uma hora passou,

Na verdade duas passaram,

Três, Quatro...


A vida vai se esvaindo

Pela falta de tempo,

Propósito e despropósito

Do viver que vai indo...


Fabiano Favretto




terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Diáspora

A substância 
Que falta em meus passos
É de importância 
Para deixá-los incertos.

As lacunas e ausência de tato
São de grande verdade
Para que o dito fato
Seja apenas metade.

A cola de toda essência
É de grande responsabilidade:
Não fosse sua ausência,
Seria tudo unidade.

Máscara atrás de máscara 
Não escondo nenhum segredo:
É a mais pura diáspora 
Escrita na palavra medo.

Fabiano Favretto 

Minimalizando

Não ter medo
É estranho:
Todo dia ganho
Algum desapego.

Fabiano Favretto 

Pensaflor

A ti dei uma rosa
Onde o divino encontrei,
Mas não imaginei
Que seria Espinoza.

Fabiano Favretto