sexta-feira, 5 de julho de 2024

Potrogeist

Eu vi como um sinal

Em meus piores pesadelos:

Cascos como navalhas,

Sangue e veneno.

Como um relâmpago

Aparece e logo some,

Como um trovão

Seu galope se promove.


À meia-noite invocado

Do inferno ele veio.

De crina em labaredas

E com os olhos vermelhos.

Seu corpo é de neblina

E sua forma de orvalho,

Seu rastro é uma chacina

E seu relincho mau presságio.


Na encruzilhada eu espero

Seu galope, qual locomotiva.

Ansioso exaspero

Quando ouço a sua vinda.

Cada vez mais quero e quero,

Que minha boca até saliva:

Haverá laço que enlace

Esta besta tão maligna?


Fumaça por todo lado,

Penso que dei oi à morte

Quando a corda correu

E vi minha falta de sorte:

Em meu pescoço enrolou

E depois não vi mais nada:

Minha cabeça rolou

Perdida na encruzilhada.


E agora da mesma matéria

Corro feroz e sem medo

Depois que de forma etérea

Vou vivendo meu pesadelo:

Domei o potrogeist

Que antes corria a esmo

Nos pampas infernais

É ele meu companheiro.


Fabiano Favretto



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