Eu vi como um sinal
Em meus piores pesadelos:
Cascos como navalhas,
Sangue e veneno.
Como um relâmpago
Aparece e logo some,
Como um trovão
Seu galope se promove.
À meia-noite invocado
Do inferno ele veio.
De crina em labaredas
E com os olhos vermelhos.
Seu corpo é de neblina
E sua forma de orvalho,
Seu rastro é uma chacina
E seu relincho mau presságio.
Na encruzilhada eu espero
Seu galope, qual locomotiva.
Ansioso exaspero
Quando ouço a sua vinda.
Cada vez mais quero e quero,
Que minha boca até saliva:
Haverá laço que enlace
Esta besta tão maligna?
Fumaça por todo lado,
Penso que dei oi à morte
Quando a corda correu
E vi minha falta de sorte:
Em meu pescoço enrolou
E depois não vi mais nada:
Minha cabeça rolou
Perdida na encruzilhada.
E agora da mesma matéria
Corro feroz e sem medo
Depois que de forma etérea
Vou vivendo meu pesadelo:
Domei o potrogeist
Que antes corria a esmo
Nos pampas infernais
É ele meu companheiro.
Fabiano Favretto
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