domingo, 19 de julho de 2020

Ba(o)sta!

Me sinto impotente,
Me sinto de mãos atadas.
Como sentir-se contente
Se as formas certas 
São consideradas erradas?

E os pés que tocam esta terra,
Já não sentem mais o prazer
Nem o orgulho que outrora sentira:
Agora não há mais o que fazer
Nesta terra que regada
Com sangue de inocentes sido havia!

E a besta, de poder mau e delirante
Apoiado em seu rebanho cego
(Cego e na maldade confiante)
Avança por todo instante
Deixando a morte, um rastro eterno.

A pílula profana, semente da discórdia
Plantada na incerteza e regada em desculpas,
Tem sido consagrada em rituais mentirosos:
Uma hóstia herege de escárnio e ódio
Neste culto ao fim dos tempos.

E como poderia eu viver sem pesar?
Poderia na ignorância achar um conforto,
Ou mesmo abrigo na recusa à realidade...
Estaria eu menos absorto em lutas vãs,
Ou mesmo menos preocupado de verdade.

Fosse hoje a liberdade e a honestidade
Outras formas não válidas de encontrar
Rotas que levem à bondade,
Aqui deveras teríamos perdido a luta.

Bastaria um pouco de empatia,
Ou mesmo um pouco de percepção
Levados ao tato, olhos e ouvidos.
Só assim talvez, de antemão,
Outra vez, com paciência e foco:
Na batalha contra a besta medíocre
Adjunta de sua prole imunda de corrupção,
Romperíamos esse ciclo de ódio
Onde todo mal deste país persiste.

Fabiano Favretto



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