segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Disleixico

Ando tão dislexo

Que a cada passo

Inverto o trecho.

Se me desleixo

Quase transpasso

O chão de seixo.


Cada sílaba

Uma rocha,

Uma silada:

Tropeçada,

Canela roxa

Na calçada.


Fabiano Favretto




quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Releitura

Dai-me

O poder da ignorância,

Pois somente os tolos se acham sábios.

Em minha profunda

E falsa modéstia,

Tolice em mim não falta.


Fabiano Favretto

Tutano

Nem que Cronos devore

Todos os deuses (filhos?) do Olimpo,

Não haverei de queixar-me.

Tampouco, recorrerei à medula,

Fabricante de meu sangue

Que vulgarmente circula pelo meu corpo.


Por fim,

Se for fim,

Desejo uma cova larga

E alguns anjos de mármore.

Nada mais.


Fabiano Favretto

Astro

Entendo-te perfeitamente.

Mas o que é refúgio individual pode às vezes

Tornar-se abrigo comunitário. Ou não.

Cá estou eu fora do abrigo na torcida pelo "sim",

Pedindo de vez em quando

Alguma sopa de letrinhas.

Agradeço suas visitas

E percebo que não somente as estrelas

Enxergam este espaço.

Até mais,

Ou até quando a maré resolva trazer-te para este canto.


Fabiano Favretto

Dumb Mage

Sheepskin, Parchment, 

Very Poor guidance

From this ancestral knowledge.

The diagrams are so confused

The words are so terribled

There Wizard need

Learn to write again


Dumb Mage

Versed in ignorance

Leave de wizard carreer

While you have the chance


No one familiar.

No one gratefullnes:

Just rotten words

In a wind of heresy

No dark and no light

Your spells are a gray limbo.

There are no sorcery

Nothing is what he is.


Dumb Mage

Versed in ignorance

Leave the wizard carreer

While you have the chance.


Fabiano Favretto

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Limpar daria muito trabalho

Navegador de blogs esquecidos,

Desbravador dos 4 cantos da internet:

Coleto dados antropológicos

Do que já foi escrito e se esqueceu.


Mundos sem fim de poemas,

Frases sobre frases

Em textos opinativos. Ou não.


Alguém lê?

Eu leio!

Alguém comenta?

Eu não...


Apenas observo

A poeira digital do algoritmo

Pousando dia após dia

Na estante universal

Do esquecimento.


Fabiano Favretto


segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Atenção! Temos um poeta triste no recinto!

Elogia a minha
Derradeira elegia. Sofrida:
Tão mesquinha,
Dramática auto-infligida.

Bebe minhas lágrimas,
Vê meu desespero:
Aesthetic em essência
Melancólico, não verdadeiro.

Sabes que eu sofro?
Leu meu último poema?
"Seria capaz de tudo,
Morrer não é problema!"

Veja quão só estou:
Numa mesa de bar encenando
Fingindo que nada restou...
Mas ainda escrevendo.

O que seria preciso
Para você ver o abismo?
É dificil ser indeciso
E ainda criar pessimismo.

Troque a música em andamento
Quero um clima de velório!
Respeite o meu sofrimento,
Mesmo que compulsório.

Bebendo um drink forte,
Forçando uma expressão séria.
Aparência é mais importante
Do que a tristeza como matéria.

Eu sei que tem ironia,
Só quero parecer preocupado:
Será que impressionaria
Ou até seria elogiado?

Mas se não surtir efeito,
Volto para casa indiferente
Com falsa tristeza que enfeito.
Amanhã tento novamente.

Fabiano Favretto