terça-feira, 25 de outubro de 2016

Silêncio e escuridão

Silêncio, noite escura;
O tempo lá fora é úmido.
Acabara de cair a chuva,
E eu não deveria ter saído.

Na trilha entre altas árvores,
Angustiado e sozinho,
Entremeio à galhos cadáveres
Comecei a falar baixinho.

Uma prece que me fugia,
Por entre os dentes escapava,
E ao ar frio fumaça fazia
Ao passo que à luz da lua iluminava.

Era eu mesmo, e somente
Os meus passos eu ouvia
Naquela trilha novamente
A escuridão surgia.

E assim apressei meu passo
E a escuridão me perseguia,
Em ritmo de mórbido compasso
Forjando uma parede esguia.

Mas eis que a primeira curva
Surge em meu estreito caminho,
E minha pele, agora turva
Sente que posso não estar sozinho

Andando desconfortado e receoso,
Olhava em todas as direções.
Era sombriamente jocoso
Meu estado de preocupações

Mas aos poucos eu fui andando
E a curva eu fui vencendo;
A curva foi acabando
E acabei prevalecendo.

A curva em seu fim deixou-me
Acessar a estrada principal,
Mas o poste da rua apagou-se
Fazendo-me quase passar mal

Na deserta estrada eu me encontrava,
E isso me deixou desesperado,
Temendo o mal que me faltava
Chegar agora neste estado.

A escuridão e o silêncio deixaram
O ritmo de minha respiração.
Fatigantes, meus olhos enxergaram
O que não existia até então:

Vi deitado na estrada, silhueta familiar
Vi a mim mesmo ao chão caído
E então de vez faltou-me o ar:
Da estrada eu havia saído,

Uma luz começa a brilhar.
Não havia frio, nem mais escuro,
Algo impossível de ditar
Devo voltar por caminho seguro.

E ao não seguir esta luz,
Andando em direção oposta,
Há algo que novamente me conduz,
À escuridão, ainda sem resposta.

Fabiano Favretto




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