Poeta das massas,
Todos o adoravam,
Mas suas obras
Acabavam todas em pizza.
Fabiano Favretto
Eu, eu mesmo.
Poeta das massas,
Todos o adoravam,
Mas suas obras
Acabavam todas em pizza.
Fabiano Favretto
Caronte saberia
Se sua comida tivesse corante?
Miguel de cervantes
Comeria alimentos com concervantes?
Clarice Lispector
Tomaria xarope expectorante?
Fabiano Favretto
No cemitério de Mendoza
Vi decadência
Atômica
Sísmica
Humana.
Pombas (não da paz),
E um túmulo com suculentas
Mostram vida
Onde hoje não têm.
Covas novas
Assassinatos velhos.
Prisão eterna e
Justiça não-feita.
Cuadro 33
Quem sabe
Quem encontraremos?
Ao pé dos Andes
O silêncio dá tregua
Pelo vento nas velhas persianas
Pelo riso dos coveiros
Pelo bater de asas distantes.
Ouço passos,
Ecos nas galerias subterrâneas.
Quanta gente
E quanta história:
Apenas nós
E gente nenhuma
À brecha da luz diurna.
Fabiano Favretto
O reino dos seres vivos é semelhante
Às sementes semeadas por um agente qualquer.
Bem adaptados aqueles que se misturam
Pois passarão despercebidos.
Não há bom ou mau grão,
Há apenas aquele que sobrevive
E aprende a sobreviver.
O joio e o trigo, irmãos de solo,
Sobreviverão às suas interpéries
Mesmo que cortados
E separados na hora da colheita:
Um armazenado e outro lançado às chamas.
Ambos se adaptarão
Seja camuflando-se
Seja virando pão.
Fabiano Favretto