Fabiano Favretto
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
terça-feira, 27 de agosto de 2013
O sedentário.
O sedentário,
Coitado!
De sede
Quase morreu.
Mesmo com sede
O preguiçoso
Parado
Permaneceu.
Muita preguiça.
Falta de empenho.
Das próprias pernas
Ele esqueceu.
Mas que sorte,
Que este ocioso tem:
O telhado quebrara
E à tarde choveu.
Com a chuva,
A sede matou.
Mas numa bela gripe,
O coitado se meteu.
Das pernas lembrou-se,
E quis da chuva sair.
Fez força e desajeitado,
A perna mexeu.
Envergonhado estava
Da sua atual situação.
Não ser mais ocioso,
Foi o que a si prometeu.
Fabiano Favretto
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Plebeu
Plebeu,
Mero Plebeu!
Nascido na pobreza
Criado na aventura
Cresça no trabalho.
Plebeu,
Mero Plebeu!
Os nobres nunca saberão
O quão divertida é a plebe.
Quão nobre és tu!
Plebeu,
Mero Plebeu!
Sei que sonhas
Com o sorriso da princesa.
Mas a distância é longa!
Plebeu,
Mero Plebeu!
Discursas em praça pública,
Mas preferes ser anônimo
És humilde!?
Plebeu,
Mero Plebeu!
És covarde!
És ingênuo!
És sonhador!
Plebeu,
Mero Plebeu!
Sonhe menos,
Haja mais!
Vai ser feliz!
Plebeu,
Mero Plebeu!
Coloque sua armadura
De palavras mal forjadas.
E cavalgue!
Plebeu,
Mero Plebeu!
Já a viu sorrir?
Procure-a
E serás nobre!
Plebeu,
Mero Plebeu!
Arrisque!
Pois sua honra
Resistirá por todos os séculos.
Fabiano Favretto
domingo, 25 de agosto de 2013
Moda de Viola
São os tristes versos
Do caboclo matuto
Que na viola ponteia
Deixando-a quase falar.
Traz a lembrança
De amores perdidos
Do irmão querido
E da terra de onde veio.
Moda de viola
Nas mãos idosas é presente
Na juventude é quase ausente
O que será de ti no futuro?
Fabiano Favretto
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Preguiça
Era madrugada de sexta feira. O dia amanhecia preguiçoso, demorando para mostrar a face de luz amarelo-avermelhada proporcionada pelo sol. Os pássaros não cantavam. Nem sequer queriam voar. Era uma sexta feira que acordava lenta, porém constante.
O ônibus demorava. O rapaz impacientemente olhava o relógio como se pudesse parar o tempo. Tinha medo de se atrasar. Ele nunca se atrasara. Em poucos minutos o ônibus chegou, mas para quem está quase atrasado, alguns minutos são pequenas partes de uma eternidade.
O ônibus andava e os primeiros raios de sol adentravam pela janela do veículo motorizado. Sombras transversas se formavam e reflexos desinibidos mostravam cores de tons laranjados. A silhueta da cidade se formava ao longe. O tempo sumira, e o rapaz sentia-se preso a si mesmo em um estado quase hipnótico. Ele não se importava mais.
A rotina continuava, e os caminhos eram percorridos. Era mais uma sexta feira que se originara em meio ao corre-corre do agitado formigueiro humano. Os ponteiros giraram talvez mais lentamente e os ônibus desaceleraram. Ele não se atrasou. O tempo continuou, o tempo nunca existiu.
O ônibus demorava. O rapaz impacientemente olhava o relógio como se pudesse parar o tempo. Tinha medo de se atrasar. Ele nunca se atrasara. Em poucos minutos o ônibus chegou, mas para quem está quase atrasado, alguns minutos são pequenas partes de uma eternidade.
O ônibus andava e os primeiros raios de sol adentravam pela janela do veículo motorizado. Sombras transversas se formavam e reflexos desinibidos mostravam cores de tons laranjados. A silhueta da cidade se formava ao longe. O tempo sumira, e o rapaz sentia-se preso a si mesmo em um estado quase hipnótico. Ele não se importava mais.
A rotina continuava, e os caminhos eram percorridos. Era mais uma sexta feira que se originara em meio ao corre-corre do agitado formigueiro humano. Os ponteiros giraram talvez mais lentamente e os ônibus desaceleraram. Ele não se atrasou. O tempo continuou, o tempo nunca existiu.
Fabiano Favretto
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Crônicas de um Caipira #4
- E tâmo mais uma vêis aqui pra móde fazê o concurso anuár do MATUTO MEDROSO! Vâmo apresentá os concorrente, gênte. Cada um que cá está diga u nomi e purque acha que vái ganhá.
- Mi chamo Zé do medo. To tendo medo por demais da conta de visage e espríto. Crédo em crúiz!
- Só pra lembrá ôceis que o premio é uma leitoa parruda pra mais da conta e doze galinha botadêra. Ê vâmo pro segundo compretidor!
- Mi chamo João medroso. Morrendo de medo de morrê! Dêus me livre de morrê, senão a muié me mata!
- Os concorrente tão forte minha gente! E vamo pro úrtimo concorrente! Peraí, é uma criança?
- Não não seu moço, vim pra móde avisá que o pai não vem pro concurso!
- Mas quar o nome do teu pai? E por que diabos o home não apareceu?
- O nome dele é Juca Valente!
- Tá bão! e purque o véio não tá aqui?
- Purque o pai tava cum medo de chega aqui e perdê o concurso...
- Mi chamo Zé do medo. To tendo medo por demais da conta de visage e espríto. Crédo em crúiz!
- Só pra lembrá ôceis que o premio é uma leitoa parruda pra mais da conta e doze galinha botadêra. Ê vâmo pro segundo compretidor!
- Mi chamo João medroso. Morrendo de medo de morrê! Dêus me livre de morrê, senão a muié me mata!
- Os concorrente tão forte minha gente! E vamo pro úrtimo concorrente! Peraí, é uma criança?
- Não não seu moço, vim pra móde avisá que o pai não vem pro concurso!
- Mas quar o nome do teu pai? E por que diabos o home não apareceu?
- O nome dele é Juca Valente!
- Tá bão! e purque o véio não tá aqui?
- Purque o pai tava cum medo de chega aqui e perdê o concurso...
Fabiano Favretto
domingo, 18 de agosto de 2013
Cacos
O piso era feito de cacos,
Verdadeira composição de mosaicos,
Traduzida de descartados retalhos
E de lajotas que um dia fizeram sentido.
Mas mesmo quebrados,
Os azulejos em pedaços
Continuaram fazendo o serviço:
Deram à uma senhora
Um chão seguro e preciso
Formando em desenhos aleatórios
Retratos de um tempo esquecido.
Fabiano Favretto
sábado, 17 de agosto de 2013
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Te esperei
Em cada esquina,
Cada rua
E avenida.
Em cada hotel,
Cada casa
Ou bordel
Em cada parque,
Cada praça
E cada bosque.
Pedaços de tempos passados
Foi somente o que encontrei!
Consumido e consumado,
Meu relógio atrasarei.
Fabiano Favretto
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Terças-Feiras
O dia em que a bruxa está solta,
A zica está ao seu lado
E a chance de perder o ônibus
Aumenta em 90%
Fabiano Favretto
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Ar
Poderia ter perdido tempo
Lançando ao ar frívolas palavras de amor
Mas talvez ao ar elas não planassem
Por serem pesadas nuvens de rancor.
Fabiano Favretto
sábado, 10 de agosto de 2013
Batida
Eis que um velho conhecido
Hoje bateu à minha porta.
Já havia o dia entardecido
Naquela ruazinha torta.
Entre uivos e batidas
Lembrava-me com tom zombeteiro
As tantas frias noites
De sofrimento verdadeiro.
Mas passando pelo buraquinho
Daquela imensa porta,
O vento fez-se caminho
E já entrava em minha aorta.
Vento vai-te logo
Entristecer outro coração!
O meu coração já é gelado,
Prefiro a solidão.
Fabiano Favretto
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
A semente da discórdia
A semente da discórdia foi plantada
No peito de cada um.
É fácil germiná-la,
Eu lhe mostrarei:
Egoísmo é ótimo adubo.
Não esqueça de arar o solo
Com as mesmas mãos
Que você usa para roubar o vizinho.
Está vendo como é rápido?
Pegue a enxada da miséria,
E faça covas
Rasas de esperança.
Está compreendendo?
Está gostando?
Jogue a semente da discórdia
Junto com um pouco de sarcasmo.
Cubra tudo
Com palavras insignificantes
E regue!
Regue com o sangue de inocentes.
Em breve nascerá!
A discórdia nascerá!
Trará o seu pior lado
em frutos de desumanização.
Fabiano Favretto
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Blues
Escutando esse Blues,
O nosso Blues,
Eu lembro de tudo aquilo
Que não vivemos.
Lembro de quando
Não dançamos à luz da lua,
Ou quando não tomamos
Vinho à luz de velas.
Mas era lindo nosso Blues:
Romântico e sedutor.
Não o cantamos,
Nem sequer uma estrofe.
Lembra quando
Passeávamos pelo trilho do trem?
Talvez não se lembre,
Mas estava tocando nosso Blues.
Como estão seus olhos?
Olhando para o horizonte?
Como estão seus ouvidos?
Distantes do nosso Blues?
Nosso Blues:
Doce e singelo Blues!
Retorne a mim
Que cantarei a você.
Fabiano Favretto
domingo, 4 de agosto de 2013
Mãos
Mãos robustas
Que escrevem,
Redigem,
E refazem
A vida.
Mãos sofridas
Que alimentam,
Sustentam,
E nutrem
Famílias.
Mãos calejadas
Que trabalham,
Sofrem,
E encaram
O mundo.
Mãos expressivas
Robustas,
Sofridas,
E calejadas
De dignidade.
Fabiano Favretto
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Bolo.
Me chamaram para o aniversário,
Acabei dando o bolo.
Porque estão bravos?
Ano que vem compareço.
Fabiano Favretto
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