segunda-feira, 29 de junho de 2020

Veios do tempo

Para Karoline

Dos 28 dias que deste mês correram,
Digo que pelo menos 28 deles eu te amei,
E no vigésimo nono dia, dia que hoje acordei
Cresce em mim a vontade de teus lábios que amam.

Dos 27 anos que já vivi, jamais eu havia de esperar
Que nos meses que foram me tirados por engano
Poderia eu antes do vigésimo oitavo ano
Encontrar alguém tão sublime para amar.

Durante os anos que nos restam eu espero poder te dizer
Em toda manhã, tarde e noite que te amo:
Quero te mostrar que este amor que declamo
Vem sendo nos veios do tempo, a seiva doce de viver.

Fabiano Favretto

terça-feira, 23 de junho de 2020

Ônibus

Pensamento individual,
Sofrimento coletivo.

Fabiano Favretto

Acabou o papel

Entre amor
E poesia,
Me tragam por favor,
Caneta e papel.
Fabiano Favretto

Gados de corte

Matam e morrem
À própria sorte.
Gritam e urram
Os gados de corte.

Fabiano Favretto

Tom acima

Girafa
Um tom acima:
Girassol.
Fabiano Favretto

Viola Cebolão

La viola
Mi Fá desfeita:
Si Mi espia,
Não tem nem Dó.
Nem com Sol que vai
Sustenido,
Nem com Si da lua, oitavada:
Vai
Mi abrindo
As notas do peito.

Fabiano Favretto

Alimentar

Chega o Whatson pro Scherlock e pergunta:
- Do que esse homem morreu?
- Intoxicação!
- Mas que tipo de intoxicação?
- Alimentar, meu caro Whatson

Fabiano Favretto

Não sou todo mundo?

Diferente dos diferentes,
Sou igual a todo mundo

Fabiano Favretto

Vou aprender teimando

Ora, Deus dá o talento 
A quem melhor o aproveita,
E só não me deu o dom da escultura
Por capricho ou simplesmente marra:
Saberia que com muito intento
Faria obra que seria eleita
Como uma criação D'ele, à altura:
Ao esculpir essa mulher, Ele seguraria a barra
De poder mostrar a beleza em contento
Que pude dar vida à uma pedra feita
Para ser apenas matéria simples, mas pura
E a ela dar valor ao nível que a obra dele esbarra.

Fabiano Favretto

M e ca's

Murro em ponta de faca,
Muros afiados de estacas,
Morros repletos de placas
Morro se a carne é fraca.

Fabiano Favretto

Para Karol

olhos tão puros,
as folhas já caindo
dança o casal

Fabiano Favretto

Mão inglesa

Mão inglesa
Sentido único:
Ambidestra.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Sexta preguiçosa

A sexta acordou tão preguiçosa!
Preguiçosa não seria essa sexta-feira
Se eu tivesse acordado da canseira
Da noite com meu bem, maravilhosa.

Eu acordaria tão disposto,
Que pensaria em mudar o planeta,
Trocaria cedo o café pela caneta
E faria planos até agosto.

Mas acordei sozinho, sem ela
E estava frio e o dia ainda nascia,
Devagar, a luz invadia pela janela.

A preguiça crescia, crescia
E a flor que é amarela
Mais corajosa que eu parecia.

Fabiano Favretto

domingo, 14 de junho de 2020

A sorte de um amor tranquilo

Para Karoline, que fez eu entender a sorte de um amor tranquilo.

Da maneira que deve ser,
Sem um ritmo arbitrário,
Nosso amor é o contrário
Do que costuma acontecer.

Eu dizia que não me apaixonaria novamente,
Mas o fato é que foi uma grande sorte,
E a vontade de viver agora me afasta da morte:
Esse amor me foi dado naturalmente.

É um amor tranquilo que me faz ver o tempo
Como uma base para um deleite puro,
Fazendo cada momento derrubar muros
Que não caíam nem mesmo com o mais forte vento.

E da maneira que tem caminhado esse amor,
No tempo próprio, de modo paciencioso
Tem me feito abater o sentimento receoso
E ver na vida o desabrochar da flor.

A sorte de um amor tranquilo, vou viver:
Nem no jogo teria eu acertado tanto!
A cada minuto é um novo encanto
Da maneira que deve ser.

Fabiano Favretto

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Tempo presente

Caiu sobre mim todo o peso da realidade
De que sonhar é importante, mas não necessário,
E menos obstante, observar o agora ordinário
Se faz mais relevante do que pensar na posteridade.

Não digo isso de uma forma para o coletivo,
E menos ainda que não estou a pensar nos seres humanos,
Mas é que vejam bem, já me foram vários anos
Em que aos meus problemas não apliquei corretivo.

Quanto tempo eu esqueci de viver,
E os lampejos divinos de inspiração não aproveitei:
Nesta estiagem de ideias, este solo que plantei
Está a mercê do tempo, do insight, se chover.

Mas o agora é mais importante que o passado,
E em minha memória estou gravando o tempo corrente,
Não, eu não pensarei somente no tempo presente,
Mas prestarei atenção em tudo o que não me foi mostrado.

Fabiano Favretto

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Multiversos

Tuas mãos são pontes que atravessam rios,
Ligando margens silenciosas de matéria etérea,
Mas que distantes, encaixadas em outras eras
Mostram quanto um universo não deve ficar vazio.

Teus olhos são poços d'água mais pura,
Mas tão profundos que o vítreo se torna castanho.
Nestes olhos, vejo um sentimento tamanho:
Há um quê de muro, e em suma, doçura.
 
Do abraço que senti, como uma fusão de supernovas,
Mil sóis se abriram de repente em meu peito.
Girassóis também floresceram à toda prova,

Mostrando que constelações podem ser meu leito.
Sentindo toda as explosões cósmicas de teu beijo,
Posso dizer estar feliz nas nuvens quando me deito.

Fabiano Favretto


Multiverso