sexta-feira, 26 de julho de 2024
Buracos
Colateral
Estou tentando
Recuperar a essência
Da escrita?
Da angústia?
De quando eu
Escrevia por necessidade?
Tento me enganar
Ou me engano ao tentar?
Nada é o que já foi...
Entranhas diferentes
Covidadas pandemicamente
E tão cheias de mazelas...
Pobre eu escritor!
Fabiano Favretto
sexta-feira, 5 de julho de 2024
Poesia concreta que umas 200 pessoas já escreveram com certeza
1 parte de cimento
2 partes de areia
3 partes de brita
Água
Fabiao Favretto
Métrica é arquitetura hostil
Tão Pobre
Minha rima xula
Que nem meu pé cobre,
Nem rima com nada
E se rima só sofre.
Tão pífia de métrica
Que não cadencia,
Apenas anuncia
Essa ordem patética.
Rima Brazil
Com anil,
Me sinto senil, viu?
Pobre e esquecida,
Em algum banco de praça,
Enlouquecida
Sem sentido, nem graça.
Fabiano Favretto
Potrogeist
Eu vi como um sinal
Em meus piores pesadelos:
Cascos como navalhas,
Sangue e veneno.
Como um relâmpago
Aparece e logo some,
Como um trovão
Seu galope se promove.
À meia-noite invocado
Do inferno ele veio.
De crina em labaredas
E com os olhos vermelhos.
Seu corpo é de neblina
E sua forma de orvalho,
Seu rastro é uma chacina
E seu relincho mau presságio.
Na encruzilhada eu espero
Seu galope, qual locomotiva.
Ansioso exaspero
Quando ouço a sua vinda.
Cada vez mais quero e quero,
Que minha boca até saliva:
Haverá laço que enlace
Esta besta tão maligna?
Fumaça por todo lado,
Penso que dei oi à morte
Quando a corda correu
E vi minha falta de sorte:
Em meu pescoço enrolou
E depois não vi mais nada:
Minha cabeça rolou
Perdida na encruzilhada.
E agora da mesma matéria
Corro feroz e sem medo
Depois que de forma etérea
Vou vivendo meu pesadelo:
Domei o potrogeist
Que antes corria a esmo
Nos pampas infernais
É ele meu companheiro.
Fabiano Favretto
segunda-feira, 10 de junho de 2024
sexta-feira, 5 de abril de 2024
Me poupe
Meu único amigo é o banco,
Foi agora que me dei conta.
Com ele tenho algum crédito
E dele receberei cartas todo mês.
A ele emprestarei dinheiro,
Afinal aos bons amigos nada se nega.
Farei visitas regularmente e metodicamente
Sem assim ser repreendido.
E ao final de meus dias
Haverei de deixar o legado deste vínculo
Di vida
À meus filhos e netos.
Fabiano Favretto
Pétalas
De lírios noturnos
À margaridas aurorais,
Vou descamando pétalas
Devagar, até demais.
Fabiano Favretto
terça-feira, 12 de março de 2024
RespirAr
segunda-feira, 11 de março de 2024
Ex-fumante
domingo, 10 de março de 2024
bicho
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024
Correria se não estivesse parado
Eu sempre estava correndo para lá e para cá,
Então nunca conseguia escrever
Até descobrir
Que escrever parado é mais fácil.
Fabiano Favretto
Marreco eco
Enjaulado alado,
Contestado estado.
Contraponto ponto
Do marreco eco:
Passado, assado.
Fabiano Favretto
Metonímias
O autor pela obra,
A garrafa pela cerveja
O piso pelo concreto
O circo pela bagunça
A piada pelo fracasso.
Fabiano Favretto
Piada de mau gosto
Um crítico de culinária
Errou o restaurante e acabou
Na porta do banheiro público.
Em sua avaliação escreveu
Que a entrada foi ruim,
E a saída uma bosta.
Fabiano Favretto
A corda
Balançava
Em movimento de pêndulo
A corda
Com o homem pendurado.
Acorda!
Sai dessa rede, compadre,
Vai pegar sereno!
Fabiano Favretto
sábado, 24 de fevereiro de 2024
Oca
Toca
Oca,
Mora:
Ora
Dentro,
Ora
Fora.
Troca
Moca,
Era
Ela,
Era
Louca.
Era
Aquela
Outra.
Oca
Oca,
Asco
Oco
Acaso
Eco
Aceso
Outro.
Fabiano Favretto
Desperdício
Que desperdício de bigode seria:
Cortá-lo em vão eu iria,
Caso a influenza tivesse vindo
Depois do aparo da barba!
Não estaria sorrindo:
Estaria chorando a apara
Daquilo que preenchida
Hoje faz parte de minha cara!
Fabiano Favretto
Ideia de silêncio
Como corte de papel
E picada de mosquito entre os dedos,
Me incomodo tanto quanto tarde:
Da noite não durmo, amanheço.
E a carne entre os dentes pressiona,
Feito véu invisível nas beiradas.
Poderia o estampido em meu crânio ressoar
Se não fosse uma ideia de silêncio.
Fabiano Favretto