Para meu Vovô
De agora em diante,
As tardes serão cinzas.
De agora em diante,
Os dias serão ranzinzas.
Não pelo modo que talvez
Amadureçam os frutos;
Sei que hoje, desta vez,
Será cinza pela dor e luto.
Me disseste certa vez,
Que nunca tiveste medo da morte;
E me disseste uma vez
Que nem sempre teremos sorte.
Tu, que foste caipira a vida toda
Na sua singela vivência habitual
Como um senhor da rotina tola
Frequente no amanhecer, um ritual,
Fumava seu cigarro de palha,
Luz amarela no profundo espaço escuro
Onde fumaça, onda, o que o valha
Fazia formas no universo obscuro.
Seja na madrugada fria ou morna,
Sempre estava aquele ponto a luzir
Na varanda, constelação que se forma
Até a manhã começar a surgir.
Tu também foi lavrador experiente:
O suor de seu trabalho regou o chão.
Arou a vida, mas não simplesmente,
Que saudades da roça, que tempo "bão".
Agora, foste integrado à própria terra
Que outrora um dia lavrou.
As dores desta vida, esta guerra,
Tudo o que foi obstáculo, tu superou.
O caipira se foi, e não mais voltará.
O caipira com seus causos e histórias
Teve de partir. Por onde que ele andará?
Custa muito guardar suas memórias?
Disseste não ter medo da morte,
E me disseste para eu ter medo dos vivos.
Porém a ti chegou a morte;
O que virá durante este tempo em que vivo?
Durante sua vida, deixaste doze sementes,
Cujas quais somente quatro vingaram:
Neusa, Niva, João, Joanina - Descendentes
Seu sangue neles corre - os filhos cresceram.
E em mim tem corrido também:
Sangue de caipira tem deixado efeito
Neste neto que escreve a ti, no além,
Embora não seja eu ainda caipira perfeito.
Observava em ti vasta experiência,
Na sua visão política do nosso Brasil.
Se houvesse mais estudo e ciência,
Talvez seria o melhor político que já se viu!
Tiveste também invejável inocência,
Nas palavras que às vezes proferiu;
Não posso descansar minha consciência,
Em frente às críticas que tu inferiu.
Foste sábio e certo na vida,
Embora lágrimas nunca o vi soltar.
Vida dura, mais que sofrida
Foste valente em não chorar.
Não chorou, mas choramos nós
Com sua partida e sua ausência.
Lembraremos sempre de vós,
Dos dias conosco, de sua permanência.
Fostes embora desta vida terrena
E nos deixastes em pranto e dor.
Que a luz de Deus, forte e plena
Deixe-o na paz de Nosso Senhor.
Que nunca tiveste medo da morte;
E me disseste uma vez
Que nem sempre teremos sorte.
Tu, que foste caipira a vida toda
Na sua singela vivência habitual
Como um senhor da rotina tola
Frequente no amanhecer, um ritual,
Fumava seu cigarro de palha,
Luz amarela no profundo espaço escuro
Onde fumaça, onda, o que o valha
Fazia formas no universo obscuro.
Seja na madrugada fria ou morna,
Sempre estava aquele ponto a luzir
Na varanda, constelação que se forma
Até a manhã começar a surgir.
Tu também foi lavrador experiente:
O suor de seu trabalho regou o chão.
Arou a vida, mas não simplesmente,
Que saudades da roça, que tempo "bão".
Agora, foste integrado à própria terra
Que outrora um dia lavrou.
As dores desta vida, esta guerra,
Tudo o que foi obstáculo, tu superou.
O caipira se foi, e não mais voltará.
O caipira com seus causos e histórias
Teve de partir. Por onde que ele andará?
Custa muito guardar suas memórias?
Disseste não ter medo da morte,
E me disseste para eu ter medo dos vivos.
Porém a ti chegou a morte;
O que virá durante este tempo em que vivo?
Durante sua vida, deixaste doze sementes,
Cujas quais somente quatro vingaram:
Neusa, Niva, João, Joanina - Descendentes
Seu sangue neles corre - os filhos cresceram.
E em mim tem corrido também:
Sangue de caipira tem deixado efeito
Neste neto que escreve a ti, no além,
Embora não seja eu ainda caipira perfeito.
Observava em ti vasta experiência,
Na sua visão política do nosso Brasil.
Se houvesse mais estudo e ciência,
Talvez seria o melhor político que já se viu!
Tiveste também invejável inocência,
Nas palavras que às vezes proferiu;
Não posso descansar minha consciência,
Em frente às críticas que tu inferiu.
Foste sábio e certo na vida,
Embora lágrimas nunca o vi soltar.
Vida dura, mais que sofrida
Foste valente em não chorar.
Não chorou, mas choramos nós
Com sua partida e sua ausência.
Lembraremos sempre de vós,
Dos dias conosco, de sua permanência.
Fostes embora desta vida terrena
E nos deixastes em pranto e dor.
Que a luz de Deus, forte e plena
Deixe-o na paz de Nosso Senhor.
Fabiano Favretto
Uma linda homenagem para um guerreiro,
ResponderExcluirficou perfeito amor, tenho muito orgulho de você, assim como tenho certeza
que seu avô também tem.
Te amo <3
Obrigado, meu amor.
ExcluirPerder alguém querido não é nada fácil.
Espero que essas minhas palavras cheguem a ele.
Agradeço todo o apoio que tenho recebido de ti.
Eu te amo! ;*
Belo poema, Fabiano. Não sei muito bem o que dizer nessas horas, acho que é quando o poeta cala ou quando as palavras realmente emudecem, ficam talvez de luto. Então, um abraço da sua amiga.
ResponderExcluir"J"
Grato pela visita e consideração, J!
ExcluirO caipira se foi, mas o poeta ficou.
Abraços,
Fabiano Favretto